As empresas precisam inovar continuamente, pois disso depende a própria sobrevivência delas. Não é novidade que muitas empresas que estiverem no topo dos rankings empresariais no final do século passado, que foram líderes em seus mercados, não existem mais ou são meras coadjuvantes no cenário atual. De outro lado, as maiores empresas do planeta, cujos fundadores são donos das maiores fortunas, não existiam na virada do século.
O que é preciso então, para garantir a longevidade das organizações? A resposta é investir em inovação. As empresas sabem disso e, mais uma vez, a história está repleta de casos de fracassos. Vou citar um caso emblemático: uma grande empresa da área de imagem, detinha mais de 90% do mercado de filmes e papel fotográfico quando, em seus laboratórios de inovação, inventaram a máquina fotográfica digital. Porém, a empresa decidiu manter o seu mercado e não apostou na nova tecnologia. Em pouco tempo, a tecnologia de equipamentos digitais surgiu pelas mãos de outros concorrentes e essa empresa viu seu mercado ruir e quase foi à falência.
Embora o caso relatado não seja um problema originado na área de inovação e sim na área estratégica, o fato é que manter áreas internas de inovação custa muito caro para as empresas. Primeiro, porque atrair e relatar talentos, com alta titulação acadêmica e potencial de geração de patentes é difícil e os talentos são raros. Segundo, porque muitas vezes as pesquisas não dão em nada útil e passa a impressão de fracasso e de desperdício de recursos, itens que são abominados em organizações. Nesse ponto, a pressão cresce, o orçamento diminui, a insatisfação toma proporções inaceitáveis e lá se vão os talentos, de volta à academia ou de malas cheias para alguma outra empresa. Malas cheias de ideias e de conhecimento, prontos para serem colocados em prática, mas que provavelmente terão o mesmo resultado dali a algum tempo. Faz parte do jogo: apenas algumas pesquisas são frutíferas e resultam em produtos economicamente viáveis. A maioria não se apresenta madura ou estável ou não se viabiliza financeiramente.
Dado esse cenário, as empresas têm encontrado outra maneira de atrair e manter talentos focados na inovação contínua: chama-se inovação aberta. As empresas estruturam áreas a programas de aceleração e lançam processos seletivos temáticos, atraindo empreendedores de diversos níveis de maturidade. Com poucos recursos investidos durante o programa de aceleração, de duração típica entre quatro e doze meses, selecionam de maneira segura as melhores ideias e somente então fazem algum tipo de investimento financeiro. As empresas escolhidas são jovens, dinâmicas, flexíveis, resilientes, com grande capacidade de pivotar seus negócios e de adaptação, atributos contrários à maioria dos ambientes empresariais tradicionais.
Essas empresas trabalham em estruturas próprias, independentes da empresa que investiu nelas, sem se obrigar a seguir regras rígidas ou submeter-se à cultura organizacional pesada e engessada.
Somando-se todo o investimento nesses programas de inovação aberta e comparando-se ao custo de uma área interna, o resultado é favorável ao primeiro modelo. Além disso, há uma diferença entre os dois modelos, que a princípio pode passar despercebida, mas que apresenta uma enorme diferença: a inovação aberta se faz com investimento, caracterizada por projetos com início, fim e orçamento definidos e previamente aprovados. Já o modelo de áreas internas de inovação, se caracterizam por custos fixos e variáveis, associados à contratação formal de equipes e toda a esteira de encargos e de riscos trabalhistas resultantes dessas contratações.
Existem ainda diversos programas de financiamento à pesquisa que podem ser utilizados por esses programas, na forma de bolsas de pesquisa e de subvenções, para aquisição de materiais e cobertura de algumas despesas, o que faz com que o investimento das empresas seja ainda menor.
Olhando pelo lado prático, as empresas fazem investimentos muito mais assertivos, em negócios que tenham maior chance de sucesso, em times e ideias que demonstrem maior potencial de crescimento e alavancagem, somente depois de conhecerem a fundo seus negócios e fundadores.
Esses são alguns dos motivos que têm levado cada vez mais empresas a criar áreas de inovação aberta, em parceria com agentes de fomento e universidades.
Com graduação em Engenharia, pós-graduações em Marketing e Computação Aplicada à Educação, Mestrado em Educação Matemática e Doutorado em andamento na mesma área, Luis Pacheco tem experiência no mercado financeiro e em empresas digitais, atua como professor no ensino superior, como mentor de startups, como pesquisador e é autor de conteúdo especializado.