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Disney versus Universal: Uma Batalha “Épica”

em Economia da Criatividade
quinta-feira, 29 de setembro de 2022

Disney sempre foi sinônimo de magia. De seus desenhos clássicos, princesas e príncipes, heróis e naves espaciais, histórias que nos inspiram desde criança. E por isso o sonho de muita criança é esse: conhecer “a Disney”. Apesar de existirem diferentes parques da Disney (seis parques espalhados por diferentes continentes), “ir para a Disney” normalmente significa ir para Orlando, Flórida, nos Estados Unidos, onde é localizado o Walt Disney World, maior complexo de parques da empresa.

Apesar de ir para Orlando ser normalmente chamado por muitos como “ir pra Disney”, Orlando também abriga vários outros parques, como Sea World, Legoland e, mais importante: A Universal Orlando Resort.

Ironicamente, a Universal Studios de Orlando abriu por conta da Disney, em uma aposta entre George Lucas e Steven Spielberg, quando George mostrou a atração em Orlando baseado em um de seus filmes, Star Wars, e apostou que não conseguiriam fazer algo do tipo baseado em um filme do Spielberg. Isso levou Spielberg a apoiar a Universal na criação de um parque em Orlando, onde teria uma atração baseada no clássico filme E.T. de Spielberg.

Mesmo bem visitada e com brinquedos divertidos baseados em filmes clássicos (De Volta para O Futuro, King Kong…), a Universal Orlando continuava junto de outros parques de Orlando como parques secundários ao Walt Disney World. Mesmo quando a Universal abriu seu segundo parque na Flórida, o Islands of Adventure, que tinha uma geografia bem diferente de qualquer parque antes, o Walt Disney World ainda era líder em número de visitantes – com folga.

As coisas começaram a mudar para a Universal em 2012, quando abriram no Islands of Adventure o Mundo Mágico de Harry Potter. Baseado na famosa franquia do cinema e da literatura, a área contava com diversas atrações (incluindo uma onde o visitante entrava no castelo de Hogwarts), mas o principal diferencial foi o nível de imersão nunca antes visto em um parque. Da arquitetura à comida, tudo servia para fazer o visitante se sentir totalmente imerso no mundo de Harry Potter.

Continuando o sucesso dessa nova área, em 2014 abriram Diagon Alley dentro da Universal Studios Orlando, outra área baseada no universo de Harry Potter, também cheia de detalhes – incluindo um dragão gigante que cospe fogo – e um “dark ride” temático, além de um trem temático que conectava os dois parques. A nova área e atrações foram um sucesso.

Dessa vez, era a Universal Studios quem mais começava a influenciar a Walt Disney World. Em 2017, foi aberto no parque Disney ‘s Animal Kingdom uma área baseada no filme de então maior bilheteria de todos os tempos: Avatar. Pandora – The World of Avatar, trazia um nível de detalhe mais forte do que nunca nos parques da Disney, com montanhas “flutuantes” e plantas que brilhavam à noite.

Essa não foi a única resposta da Disney. Em 2019, eles abriram ambos na Flórida e na Califórnia a Star Wars Galaxy ‘s Edge: uma área temática do universo de Star Wars, situada em um novo planeta fictício criado especialmente para os parques: Batuu. A área contava com duas atrações (uma delas um dark ride utilizando diversas novas tecnologias que é considerado por muitos o melhor brinquedo da história de um parque temático), bebidas exclusivas (principalmente o leite azul e leite verde, que lembram em sua exclusividade a famosa Butterbeer da área de Harry Potter na Universal), e se passava entre os filmes VIII e IX da franquia.

Infelizmente, apesar de ambos os brinquedos dessa área sempre terem longas filas, o sucesso da área parece não ter sido o esperado, provavelmente pela falta de uma ambientação conhecida entre os fãs da franquia (por terem optado pela criação de um planeta original) somada com amá recepção do último filme da franquia.

No meio disso tudo, a Universal continuou a crescer. Apesar de ainda ser segunda à Disney, seus parques já eram considerados um nível elevado aos outros como Sea World (parque que sofreu também por causa do documentário Blackfish,). E nos últimos anos, a Universal tem visto um crescimento anual, enquanto a Disney continua mais ou menos estável.

Em 2019, a Universal abriu um novo brinquedo no Islands of Adventure, uma montanha russa temática baseada na moto do personagem Hagrid. Mesmo sofrendo com problemas técnicos, o brinquedo foi um grande sucesso. Sucesso o qual foi repetido na mais nova atração do parque, a montanha russa Velocicoaster, temática aos velociraptors que aparecem na franquia Jurassic World.

Mas essas últimas atrações não são nada comparadas à próxima empreitada da Universal: um gigante novo parque chamado Epic Universe. Anunciado oficialmente em 2019, o parque com mais de três kilometros quadrados será composto de uma hub central com restaurantes, lojas e algumas atrações, e quatro áreas temáticas de diferentes franquias, com espaço livre para futuras expansões.

A única área confirmada dessas quatro é a Super Nintendo World, área temática dos jogos da Nintendo, com um brinquedo com realidade aumentada do Mario Kart, dark ride do Yoshi e montanha russa do Donkey Kong. Essa área foi aberta no parque da Universal Japan em 2021 e abrirá na Universal Hollywood em 2023, porém sua versão de Orlando promete ser a maior entre as três.

As outras três áreas não tem nada confirmado, porém fortes rumores indicam serem temáticas de Como Treinar Seu Dragão, os monstros clássicos da Universal (Drácula, Frankenstein…), e é claro, uma terceira área de Harry Potter.

Originalmente, o parque abriria em 2023, porém por conta da pandemia, a construção foi pausada e a data prevista de abertura adiada. Agora, com a construção retomada, se espera que o parque abra as portas no verão de 2025.

Mas e a Disney? O que eles tem anunciado para o futuro? Surpreendentemente, não muito.

Focando somente nos parques de Orlando, a Disney tem uma montanha russa do Tron que abrirá no Magic Kingdom em 2023 (cópia da mesma na Disney de Shanghai), a repaginação do popular brinquedo de água Splash Mountain, tematizando-o de “A Princesa e o Sapo”, além de novas áreas e decorações, como uma pequena área temática de Moana. Coisas interessantes, mas nada que se compara à grandeza do Epic Universe. Se esperava que anunciassem  grandes novidades dos parques na D23, evento bienal de anúncios da Disney, mas o evento consistiu em vários “talvez”, como a possibilidade de áreas de Coco, Zootopia e dos vilões. Mas nada além de talvez.

É possível que a Disney não tenha mesmo motivo para temer o Epic Universe. Além do mais, além de sua área do Star Wars, os últimos anos viram brinquedos baseados em Rattatouile, Mickey e nos Guardiões da Galáxia abrir em seus parques da Flórida. Sem contar que eles já tem quatro parques, enquanto o Epic Universe seria somente o terceiro da Universal (não contando o parque aquático deles, por mais que seja chamado de “o terceiro parque” oficialmente). Mas ao mesmo tempo, a Universal Orlando Resort, que já estava crescendo a cada ano, pode finalmente chegar ao nível extremo de popularidade da Disney World.

Sera que no futuro, ao se referirmos à uma viagem aos parques de Orlando, falaremos que estamos indo à Universal? Ou será que a Disney tem uma carta na manga? Ou talvez nem precisem? Isso só o tempo dirá. Até lá, quem ganha somos nós.

Formado em cinema na Full Sail University, Lucas Fouyer é o criador do Podcast Terapeuta, o qual apresentou na CCXP17, trabalha na edição e produção de diversos vídeos e é um amante de toda forma de cultura pop.