A burocratização de processos logísticos, que envolvem o segmento do transporte rodoviário de cargas (TRC), é enorme, mesmo com o modal sendo uma importante vertente econômica para o país.
Com um crescimento de 11,4% somente no segundo semestre de 2022, de acordo com dados de pesquisa do PIB, faltam investimentos voltados à viabilização para as operações desse segmento. A obrigatoriedade na emissão do grande volume de documentos sempre foi um tema bastante recorrente entre os especialistas do setor.
O questionamento das entidades e empresas frente aos representantes governamentais perante a necessidade de uma forma mais simplificada de documentação foi sendo, cada vez mais, reforçado, principalmente pela necessidade atual de diversos processos facilitadores que aprimorem e agilizem as necessidades sociais.
“Poderíamos até mesmo fazer uma analogia com os novos tempos de evolução digital, na qual realizamos processos bancários, assinatura de contratos com validade legal, abertura de conta, meios de pagamentos, todos por meio digital. Então por que não trazer essa facilidade ao TRC?”, questiona José Alberto Panzan, diretor da Anacirema Transportes e presidente do Sindicato das Empresas de Transportes e Cargas de Campinas e Região (Sindicamp).
Outra questão avaliada pelo setor do transporte de cargas com a aplicação da digitalização de documentos está no desempenho relacionado às práticas de governança ambiental, social e corporativa (ESG).
Estas são práticas com as quais as empresas se comprometem em contribuir com a sustentabilidade do planeta, oferecendo consciência e responsabilidade ecossistêmica e que, de forma digital, possibilita uma maior cooperação com esta pauta. Com isso, a instituição do Documento Eletrônico de Transporte (DT-e) foi implementada no final de 2022 por meio da publicação de seus ajustes.
Seu intuito é acatar a desobrigação das empresas com a emissão em papel dos documentos obrigatórios para o transporte de cargas, aproximando o segmento do objetivo principal do projeto e buscando a efetiva substituição pela digitalização.
Para Panzan, essa é uma grande conquista para o setor, e ele defende os inúmeros benefícios que essa desburocratização traz ao TRC.
“A aplicação da documentação digital, sem a obrigação da emissão de documentos físicos, prática fortemente defendida pelo nosso setor, proporciona maior agilidade às operações e acuracidade de informações, facilita a fiscalização e contribui de maneira importante para as boas práticas de ESG, às quais precisamos e muito nos atentar”, comenta.
De acordo com uma pesquisa feita pela empresa de auditoria e consultoria PWC, a digitalização logística é capaz de reduzir em 47% os custos em transporte até 2030, gerando grandes expectativas estratégicas para o transporte no modal rodoviário.
Pensando nisso, a otimização de tempo e de dinheiro relacionada aos processos que envolvem o transporte será facilitada pelos meios digitais e os dados coletados e as informações da operação poderão ser centralizados em um único lugar, tornando linear a comunicação empresarial com os clientes.
“Sem dúvidas será um processo que agilizará muito o segmento. Hoje, antes de emitirmos um documento físico, geramos o documento digital. É um contrassenso e desperdício de tempo termos que imprimir documentos e armazená-los fisicamente, processo que gera um ônus que muitas vezes não é computado em nossos custos”, informa Panzan.
Desta forma, é possível olhar com otimismo os avanços que o transporte rodoviário de cargas vem fomentando com a grande atuação das entidades sindicais e corporativas, mas ainda é necessária a persistência para que o olhar político e governamental não se afaste das principais necessidades do setor.
“Nós, empresários, por meio de nossas associações de classe, contribuímos com sugestões e propostas que nos auxiliem a melhorar os processos, podendo, desta forma, melhorar nosso nível de serviço.
Os líderes das entidades, por sua vez, acatam e analisam as sugestões e propostas e as apresentam ao poder público pertinente, mostrando os benefícios e os reais anseios do TRC para que possam ser aprovadas”, finaliza o executivo. – Fonte e outras informações: (https://sindicamp.org.br/).