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Recuperação das perdas nos negócios com a pandemia deve levar dois anos

em Destaques
segunda-feira, 17 de agosto de 2020

Quase metade dos empresários entrevistados (47,9%) pela KPMG, em maio, acredita que as empresas levarão de um a dois anos para se recuperar das perdas ocorridas durante a pandemia da covid-19, enquanto que, em abril, apenas 30% deles tinham essa percepção.

Com relação ao período de duração da crise, o percentual daqueles que acreditam que ela durará mais de um ano passou de 40,3% para 57%.
Esses são alguns dos dados da 2ª edição da pesquisa “Covid-19: a atuação do Conselho de Administração, do Conselho Fiscal e do Comitê de Auditoria”, realizada pela KPMG e pelo ACI Institute.

O levantamento mostra como o agravamento da pandemia, aliado aos reflexos da quarentena, mudou a percepção dos administradores dessas empresas em pouco tempo e aponta as implicações do isolamento social para o ambiente de negócios em três etapas.

Os dados foram coletados de forma online no final dos meses de março, de abril e de maio. “O levantamento detalha como os conselheiros de administração e membros de comitê de auditoria estão lidando com os impactos da atual situação, quais têm sido as iniciativas para garantir os negócios e as expectativas para a retomada.

A percepção é que boa parte dos entrevistados foi ficando cada vez menos otimista com o passar das semanas e com o agravamento da crise. Os conselheiros também preveem uma recuperação lenta nas companhias em que atuam”, analisa o sócio-líder de consultoria em riscos e governança corporativa da KPMG no Brasil e na América do Sul e CEO do ACI Institute Brasil, Sidney Ito.

Sobre como as empresas estão fazendo para manter o capital de giro nesse período, os dados da pesquisa apontaram que, conforme a crise se desenrola, a utilização do caixa diminui (passando de 51,5% para 45,6%, na primeira e terceira edição da pesquisa, respectivamente) e a captação de empréstimos aumenta (de 17,1% para 27,2%).

No primeiro levantamento, quando questionados sobre quais medidas a companhia havia tomado em resposta ao coronavírus, a maioria dos entrevistados (46%) disse que não havia feito nada naquele momento, mas, duas semanas depois, a porcentagem para a mesma resposta caiu para 1,4%.

No espaço de duas semanas, a porcentagem de companhias que havia avaliado os potenciais impactos da exposição ao vírus para os negócios passou de 16% para 83,3% chegando a 90,4% na terceira edição da pesquisa; aquelas que desenvolveram um plano de gerenciamento de crise específico para o coronavírus passaram de 9% para 83,3%, chegando a 88,6% na terceira edição da pesquisa.

“Mesmo com os enormes impactos da covid-19 na China, os dados analisados até aqui mostram que as empresas brasileiras não contavam com tamanho choque nos negócios, mas souberam reagir rápido”, afirma Sidney Ito. Na primeira edição da pesquisa, a percepção de 31,4% dos conselheiros e membros de comitês de auditoria foi de que o varejo era o segmento com o maior risco de continuidade.

Para a segunda e terceira edições, foi incluída na pesquisa o setor de serviços e a percepção dos conselheiros sobre o risco de continuidade (19,3%) desse segmento também se destacou em relação aos demais. Por outro lado, as empresas de tecnologia e agropecuária, de acordo com a visão dos entrevistados, são as que correm o menor risco de continuidade por conta dos reflexos da pandemia.

Além disso, a pesquisa aponta que 86,9% das empresas em que os conselheiros atuam têm um plano estabelecido para a retomada das atividades e retorno dos funcionários, mesmo que de forma virtual.

Em concordância com a crescente tendência do trabalho remoto, 50,1% dos entrevistados afirmam que os gestores das empresas onde atuam planejam rever a política de home office com o objetivo da instaurar uma política formalizada em toda a companhia; já 33,3% planejam ampliar a política de home office já existente (AI/KPMG).