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Para empreender com sucesso o cliente deve ser o foco central da empresa

em Destaques
terça-feira, 08 de setembro de 2020

Um dos efeitos colaterais indesejados da pandemia do COVID-19 para a economia está sendo o aumento em níveis sem precedentes do desemprego no país. De acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Mensal, divulgada este mês, a taxa de desemprego no Brasil subiu para 13,3% no segundo trimestre, atingindo 12,8 milhões de pessoas.

A pesquisa revela, ainda, que o País fechou 8,9 milhões de postos de trabalho em apenas três meses, devido aos impactos do coronavírus. As consequências negativas do vírus, também, foram potencializadas por um ambiente do trabalho que já estava em rápida transformação. Além dos desafios da lenta recuperação econômica, o avanço tecnológico começa a mostrar suas garras influenciando setores inteiros que testemunham o surgimento de uma nova geração de trabalhadores independentes.

Globalmente, há muitas dúvidas se haverá uma retomada no nível de criação de empregos como no passado já que, além dos efeitos da pandemia, o processo de substituição do trabalho formal tende a se acentuar. O resultado dessa dinâmica é um movimento que já vem ganhando força há cerca de 10 anos: o empreendedorismo.

De acordo com Sandro Magaldi (*), especialista em gestão de negócios, muitas pessoas que não conseguem se recolocar no mercado formal de trabalho encontram possibilidades de obter ganhos financeiros desenvolvendo seu próprio negócio. Mas, alerta que para fugir das armadilhas do chamado “empreendedorismo de sobrevivência” é necessário um maior amadurecimento na capacidade de gestão desses novos empreendedores.

“Quanto mais preparados estiverem para conduzir seus negócios, maior serão as probabilidades de escapar dos tristes índices de empreendimentos que não conseguem ultrapassar a infância e sucumbem em poucos meses”, afirma. Um fator crítico a ser desenvolvido nesse incremento da capacidade de gestão de cada empreendedor está no entendimento de como estruturar um negócio atrativo sob a ótica dos clientes que deseja atrair.

Um caminho muito prático e de fácil entendimento para todo empreendedor – ou para quem almeja ser um – é analisar a jornada de compras do cliente observando quais etapas podem ser incrementadas e desenvolver novas soluções que resultem em uma experiência de compra superior.

“Um termo em inglês resume de forma bastante assertiva essa filosofia: o Customer Centricity, algo como Centralidade do Cliente. Essa estratégia tem como principal objetivo promover o cliente ao centro da jornada de criação da companhia e criar, a partir dessa visão, soluções que têm como foco as demandas desse agente em detrimento do foco nos recursos internos da organização”, explica Magaldi.

Como as companhias líderes da nova economia são, em geral, organizações que têm como base a tecnologia, há uma avaliação equivocada de que essas empresas têm sucesso pelo fato de serem empresas de tecnologia, mas não é bem assim.

Em sua essência, o êxito dessas companhias tem como fundamento o fato de terem desenvolvido soluções superiores às existentes incrementando a experiência dos clientes em suas jornadas de uso de determinados produtos ou serviços. A tecnologia é o meio para atingir esse objetivo e não um fim em si mesmo.

“Se fizermos uma breve reflexão sobre como era o processo de obtenção de um transporte privado antes dos aplicativos de mobilidade; ou ainda o consumo de um filme ou de uma música; ou a compra de um produto quando não se tinha as alternativas digitais da atualidade, perceberemos que todos esses processos foram revolucionados por empresas que desenvolveram soluções melhores às existentes por meio da tecnologia”, lembra o especialista.

O sucesso de uma empresa, não importa seu tamanho ou peculiaridade, está relacionado a sua capacidade de prover uma experiência superior, em relação as opções disponíveis, a seus clientes. A estratégia de colocar o cliente no centro da jornada de criação de valor, não é uma perspectiva disponível apenas para grandes e ricas empresas.

As oportunidades derivadas dessa estratégia não só estão à disposição de todo empreendedor como devem ser uma premissa central para quem deseja se aventurar nesse novo mundo. As organizações que hoje são soberanas e valiosas eram empresas de pequeno porte, muitas delas nascidas nas garagens de seus fundadores.

Estimular o empreendedorismo é um dos caminhos para a obtenção de renda e geração de empregos para centenas de milhares de brasileiros. É necessário, no entanto, preparar esses indivíduos para que tenham condições de prosperar sendo bem sucedidos. Estimular a visão de centralidade no cliente é um dos caminhos mais virtuosos nessa jornada. Com essa dinâmica todos ganham: empreendedores, clientes e a sociedade.

(*) – Pós-graduado pela ESPM, com mestrado acadêmico em Administração pela PUC-SP, é co-fundador do meuSucesso.com e considerado um dos maiores experts em Gestão Estratégica e Vendas do país.