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Fraudes bancárias: uso de inteligência artificial ajuda a combater prejuízos

em Destaques
domingo, 11 de fevereiro de 2024

Marcelo Peixoto (*)

No Brasil, as fraudes bancárias representam um desafio significativo para instituições financeiras e seus clientes. Com o avanço da tecnologia, os criminosos têm se adaptado, utilizando métodos cada vez mais sofisticados, aliados a uma engenharia social das fraudes, para realizar golpes financeiros.

De acordo com o Indicador de Tentativas de Fraude da Serasa Experian, no Brasil houve 284.198 mil tentativas de fraude de identidade apenas no primeiro mês de 2023, o que significa que a cada 9 segundos uma pessoa é vítima dos fraudadores aqui no país. Desde clonagem de cartões a ataques cibernéticos, os criminosos têm se mostrado ágeis e criativos na busca por maneiras de explorar vulnerabilidades do sistema financeiro.

Com a migração crescente para transações digitais, torna-se ainda mais crucial adotar medidas de segurança eficazes para proteger as informações dos clientes, ao mesmo tempo que sejam soluções viáveis e econômicas, a fim de evitar perdas monetárias significativas.
Nesse cenário, a biometria de voz surge como uma aliada promissora na luta contra esse problema, oferecendo uma camada adicional de segurança e autenticação.

A biometria de voz é uma tecnologia aliada à inteligência artificial para usar as características vocais únicas de cada indivíduo para autenticar pessoas em qualquer momento da jornada. Ela analisa elementos como frequência, tom, ritmo e entonação da voz, que ajudam a construir um perfil vocal exclusivo de cada indivíduo.

Com isso, a biometria de voz consegue autenticar com segurança e eficiência mesmo em ambientes com ruídos, podendo identificar quando se trata de uma gravação e não é afetada ainda que a pessoa esteja rouca ou gripada, pois ela utiliza múltiplos fatores para verificar a identidade do indivíduo. Essa tecnologia pode ser integrada aos sistemas de autenticação bancária a fim de estabelecer uma camada adicional de segurança, diminuindo consideravelmente as tentativas de fraude bem sucedidas.

Algumas instituições financeiras brasileiras já adotaram a biometria de voz em seu ecossistema de segurança. Assim, os clientes podem cadastrar suas vozes como parte do processo de reconhecimento, e posteriormente, quando realizam transações ou acessam suas contas, a autenticação por voz é utilizada para verificar se a pessoa é realmente quem diz ser.

Do acesso às contas a operações específicas, como a mudança de um endereço de cadastro, por exemplo, a biometria de voz pode ser utilizada para evitar que fraudadores cometam golpes articulados por engenharia social. Além disso, a biometria de voz também pode ser utilizada em tempo real, durante chamadas telefônicas para os bancos. Por isso, ainda que os golpistas tentem se passar por clientes legítimos em conversas com o atendimento por telefone, a tecnologia de autenticação por voz consegue diferenciar e alertar os atendentes sobre a possível fraude em andamento.

Um dos atrativos da biometria de voz é que não se reduz a uma solução de segurança, pois ajuda também a melhorar a experiência dos usuários. Essa solução diminui a dependência de senhas e outros métodos de autenticação, que são mais vulneráveis quando utilizados sozinhos. Além disso, a tecnologia de biometria de voz pode ser integrada aos sistemas existentes sem grandes alterações na infraestrutura bancária.

No cenário brasileiro, em que as fraudes bancárias são cada vez mais constantes, a biometria de voz surge como uma possibilidade viável e econômica para aumentar a segurança nas transações financeiras. Ao utilizar as características únicas da voz de cada indivíduo, a biometria de voz oferece uma camada adicional de autenticação, dificultando a ação dos criminosos e protegendo os clientes de ataques maliciosos.

Com a adoção responsável dessa tecnologia, o Brasil poderá fortalecer suas defesas contra as fraudes bancárias, garantindo a integridade do sistema financeiro e a tranquilidade dos usuários.

(*) – Formado em publicidade e propaganda na UniBH e pós-graduado em gerenciamento de projetos na PUC-MG, é CEO da Minds Digital (https://minds.digital/).