99 views 8 mins

Empatia: aspecto importante na relação do líder com o subordinado

em Destaques
sexta-feira, 25 de junho de 2021

Diego Barreto (*)

A antiga figura do chefe que “manda” e do funcionário que “obedece” sem levantar questionamentos já está mais do que ultrapassada no mercado de trabalho atual. Hoje, é sabido que as empresas devem formar líderes – não chefes – e os colaboradores devem ser tratados de igual para igual e ser incentivados a ter voz ativa. Mas um aspecto importante na relação do líder com o subordinado, – muitas vezes ainda negligenciado pelas empresas – é a empatia.

“O líder empático se esforça para se colocar no lugar do colaborador e analisar as situações sob seu ponto de vista, valorizando suas habilidades, ajudando a superar as fraquezas e compreendendo seu propósito na carreira, dando apoio para que se desenvolva e cresça profissionalmente”, explica Diego Barreto, executivo do iFood.
Na Nova Economia, a liderança também está ligada à evolução por meritocracia de ideias. O gestor deve olhar as capacidades de cada liderado e ajustar a carreira de forma empática.

Muitas vezes, colaboradores vistos como menos preparados pela maioria são subestimados, quando na verdade poderiam contribuir trazendo ideias e soluções. Esse tipo de preconceito pode ser combatido com a meritocracia de ideias, que defende que boas ideias devem ser reconhecidas e utilizadas, independentemente de onde partiram – da chefia ou de um estagiário, por exemplo. Abaixo, o executivo lista 5 passos para uma liderança baseada no conceito da empatia:

  1. – Apostar na meritocracia de ideias – Nesse modelo de gestão, a performance é avaliada com base no talento e esforço – sem levar em conta que alguns possam contar com vantagens e privilégios oriundos de condições de vida mais favoráveis. Dessa forma, não dá valor ao fato de que uma pequena minoria de privilegiados carrega um histórico de vida melhores que naturalmente proporciona maiores chances de sucesso que os demais.

Nesse sentido, na meritocracia de ideias – que está totalmente ligada à liderança empática- a melhor ideia “vence”, independentemente de quem ela tenha partido. É a cultura corporativa que valoriza a colaboração, não a competição, e as equipes, em vez de indivíduos. Para que o conceito seja eficaz, é necessário que as equipes estejam psicologicamente seguras, com estímulo à transparência, à mente aberta, à fala franca e à crença no poder da inteligência coletiva.

  1. – Montar equipe “antifrágil” – Sem o conceito da antifragilidade na hora de escolher o time, também é muito difícil que haja empatia na hora de liderar. Contratar bem não é escolher quem passou no vestibular mais disputado, e sim, quem tem maior capacidade de aprender e encarar desafios.

A empatia começa no momento da seleção de colaboradores. Se o gestor contratar com base no velho conceito do “currículo estrelado”, terá um time frágil e já estará deixando de ser empático desde o primeiro contato com seus futuros liderados. Por isso, a empatia passa pela hora de contratar, que é uma das atribuições mais importantes e árduas em uma empresa.

  1. – Dar feedback constante – A transparência e o diálogo também devem estar no centro da liderança baseada na empatia. Os colaboradores devem sentir-se à vontade não somente para darem ideias e expressarem sua opinião, como também para pedirem avaliação sobre seu próprio desempenho. Além de frequentes, os feedbacks devem ser radicalmente transparentes, pois de nada adianta avaliar a performance se não for dita a verdade. Críticas podem ser dolorosas e muitas vezes não são bem aceitas de início, mas são o melhor indicativo para o caminho de mudança.
  2. – Incentivar a cultura do “dono” – Assim como na Velha Economia, os líderes da Nova Economia- que apostam na empatia- precisam se cercar de pessoas competentes, comprometidas, dispostas a aprender. Mas qual o segredo para manter esses profissionais motivados e entregando o seu melhor, a médio e longo prazo?

Antes de tudo, o líder precisa propiciar um ambiente de estímulo, tendo uma visão macro e deixando de lado detalhes sem relevância. É preciso ter foco no resultado final que aquele time em específico tem condições de entregar, e atuar de forma a manter o comprometimento.

Para ele, ao contrário do que se acredita, muitas vezes a atitude do líder é muito mais decisiva no entusiasmo do time do que bônus e incentivos financeiros. É claro que um bônus por meta alcançada é bem-vindo, mas por si só, não garante a entrega da equipe. É preciso, por meio da empatia, saber o que é mais valorizado e essencial para cada um.

Alguns, por exemplo, podem se sentir mais satisfeitos no trabalho tendo flexibilidade de horas, podendo definir sua própria jornada de trabalho, do que ganhando um salário maior. Cada colaborador é único e a empatia valoriza essas características.

  1. – Investir na pluralidade – Não existe liderança empática sem a diversidade e inclusão, e o ecossistema da Nova Economia a cada dia mais fomenta a inclusão. Na Nova Economia, a grande força de uma empresa está nas habilidades de seus colaboradores. Para alcançar alto desempenho, as organizações precisam contar com equipes capazes de olhar e interpretar a realidade de forma distinta.

Se todo o time vem do mesmo grupo, como assegurar as percepções que permitam criar formas inteligentes de se diferenciar? A diversidade nos dá a possibilidade de dialogar com todo o mundo. E, novamente, as habilidades são únicas, cada colaborador tem suas fraquezas e fortalezas, e cabe ao líder empático ajudá-lo a identificá-las e usá-las a seu favor – e a favor da empresa.

Não é difícil, então, compreender por que a empatia é “peça-chave” na gestão da Nova Economia. Ela passa por todos os aspectos na relação líder-colaborador, desde a hora em que aquele profissional é contratado pela empresa, até o momento da avaliação de desempenho, mudança de função ou setor dentro da corporação, transição de carreira, e até mesmo na hora de partir para outros desafios profissionais.

(*) – Mestre em administração pelo IMD Business School, com passagens acadêmicas pela FGV e Fundação Instituto de Administração, é Vice-Presidente de Finanças e Estratégia do iFood.