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As lideranças estão preparadas para conduzir pautas ESG?

em Destaques
quarta-feira, 11 de outubro de 2023

Renata Fabrini (*)

Se a Economia é um organismo vivo, ela pulsa. Com sístoles e diástoles, ora ela se contrai, ora ela se expande, movimentando recursos, pessoas, organizações, desenvolvimento. O que estamos vendo em ESG é um movimento assim, que segue a lógica econômica. Não é uma pauta que tem data de validade para expirar, mas uma agenda perene, e sem volta, que irá se contrair e expandir conforme os mercados e as urgências em se mitigar riscos. Será ela a garantir a saúde das organizações daqui para frente. E se as lideranças não estiverem preparadas para conduzir essas pautas, dificilmente levarão suas empresas a excelentes resultados e a um lugar confortável em termos de perenidade.

Em processos seletivos, percebemos que muitas pessoas em posições de comando ainda não estão preparadas para esses desafios. São talentos experientes, mas que muitas vezes não sabem identificar pontos de partida para essa agenda. Particularmente percebo que a insegurança é algo que essas pessoas têm em comum, muitas vezes porque desconhecem bastante outras realidades ou estão desconectadas dessas discussões. Costumo dar como exemplo a diversidade, algo que muita gente prefere adotar um movimento sutil a se manifestar em alguma iniciativa mais contundente, pelo receio de gerarem ruído. Essa pauta, no entanto, requer investimentos, tempo e, justamente, exemplos de conduta dos C-levels.

Costumo reforçar que os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (ODS) precisam estar na estratégia do negócio, nas discussões do conselho de administração, na alocação do capital e do financiamento. Nomear as entropias das organizações é fundamental para que haja um aprofundamento de conhecimento do que está acontecendo no dia a dia organizacional e, portanto, um maior entendimento de quais são os comportamentos que estão norteando as ações. A mudança de mentalidade só acontece quando todos caminham na mesma direção.

E, por isso, cada vez mais se torna claro que o que vai respaldar o sucesso das iniciativas de ESG nas organizações é a mudança de mentalidade no corpo conselheiro e diretivo. Quanto maior for o preparo dessas lideranças para essas questões, dentro das próprias biografias ou nas experiências profissionais, mais chances de êxito possuem esses projetos. Isso precisa estar temperado com algumas habilidades importantes: coragem e flexibilidade para fazer as coisas acontecerem.

A nós, consultores especialistas em seleção, permanece a missão de acompanhar esse movimento e igualmente nos capacitarmos para provocar a evolução. Cabe a nós também coragem para sustentar que os líderes contemporâneos sejam aqueles alinhados com esses comportamentos saudáveis aos negócios, tanto no curto quanto no longo prazo.

É importante que as empresas percorram essa jornada de aprendizado. Investindo em seu desenvolvimento, provocadas pela responsabilidade de contribuir para um mundo que não somente seja favorável à vida no futuro como seja um lugar saudável. Se a Economia pulsa, tudo o que depende dela também pulsa. E o que os muitos ecossistemas neste planeta nos ensinam é que para dar um salto evolutivo em qualquer agenda é preciso cooperação e adaptabilidade na esfera organizacional. É preciso coragem para seguir pulsando.

(*) É sócia da Plongê, empresa especializada em seleção de alta liderança.