Fabricio Vaz, Saulo Santos e Sérgio Favarin (*)
Não resta mais nenhuma dúvida de que a Inteligência Artificial (IA) é uma estrada sem retorno. Também está claro de que os processos de evolução, baseados em inovações cada vez mais velozes e dinâmicas, são desafios diários para as mentes atrás dos computadores, dos mais altos escalões até os colaboradores responsáveis pelas ações mais básicas em empresas e negócios pelo mundo.
Se tudo isso o que falamos aqui é óbvio e trivial, o mesmo não pode ser dito do que vimos no mais recente AWS re:Invent, realizado em novembro passado em Las Vegas (EUA).
Milhares de executivos e especialistas, vários deles brasileiros, concordaram conosco após uma série de painéis e conversas, ao longo de quatro dias de evento, sobre a inevitabilidade da IA.
Mesmo ainda passando por diversas variáveis, como temos observando nos últimos tempos, já é um elemento constante nas estratégias de negócio e deverá se consolidar ainda mais nos próximos anos, indicando um cenário promissor, como visto em Las Vegas. O ponto alto do re:Invent 2023 foi, sem dúvida, o Amazon Q, plataforma de IA Generativa da AWS voltada para os negócios.
A utilização dela vai desde a descrição de produtos e serviços AWS até se conectar a seus sistemas e responder questões privadas da sua própria empresa. Passa ainda, como pontos fortes, por recomendações e remediações do código de maneira automática, com aumento de produtividade, assertividade de código e evolução do próprio repositório de respostas.
Ao contrário de plataformas mais famosas, como ChatGPT e Bard, ela não será aberta ao público, tendo a seu favor ainda a forte dinâmica com o ambiente em nuvem (ou cloud, em inglês). Ou seja, negócios que já tenham feito a sua transformação digital neste sentido poderão se beneficiar mais rapidamente desta nova ferramenta. De quebra, reforça que o armazenamento de dados analógico, fora da nuvem, é algo anacrônico e que deve ser combatido em prol da inovação e eficiência.
Contudo, a AWS foi além ao anunciar, além de uma grande parceria com a NVIDIA, atual maior fabricante de chips semicondutores do planeta, os novos processadores Trainium para o treinamento de Modelos Fundacionais e o Graviton para uso geral. Isto significa aprimorar e incrementar o poder de processamento dos chamados grandes modelos de linguagem (LLMs) em nuvem, com mais velocidade para os dados e preocupação clara com um menor consumo de energia, alinhando negócios com as melhores práticas sustentáveis buscadas pelas ações ESG.
Eficiência associada com performance é uma das preocupações que lidamos constantemente junto aos nossos clientes e associados nos negócios. Pelo que vimos no re:Invent 2023, qualquer temor de um possível gargalo próximo está afastado, ao mesmo tempo em que o desenvolvimento de aplicações e soluções com menor consumo de energia e redução dos níveis de emissões de CO2 possui maior importância na montagem de toda e qualquer arquitetura digital daqui para frente.
Uma constante extra, para quem ainda não deu este passo, é a migração para a nuvem, movimento este muito forte de 2020 para cá. Vimos no evento que as atividades que visam migrar e modernizar ambiente digitais empresariais continuam em alta, de preferência com a integração de múltiplas plataformas que vão além da adesão à IA. Assim sendo, unir esforços e diferentes ferramentas que tragam aumento de produtividade e entregas seguirá em voga, não tenhamos dúvidas disso.
Importante reforçar, como é comum entre especialistas, que tudo que se relaciona com a IA demanda responsabilidade, e isto inclui todos os modelos e iniciativas de codificação. Na nuvem, os impactos envolvendo a quantidade de dados e formatos que aproximem os resultados rodados em plataformas, sejam preditivas ou generativas, da linguagem humana são uma das chaves que mais interessam a empresas e negócios – bancos e instituições financeiras, não por acaso, aparecem na dianteira entre os primeiros a se beneficiarem disso.
A simplificação de tarefas que, anteriormente, demandavam muito da mente humana segue evoluindo e transformando vidas em todas as cadeias produtivas da sociedade, em maior ou menor grau. Todavia, como anotamos depois de uma palestra que vimos lá em Las Vegas, “a IA faz a predição, mas são os profissionais é que decidem” no final. Ou seja, ao contrário do que dizem os visionários ou os filmes de ficção científica, a tecnologia é um copiloto em processos liderados pelo lado orgânico da equação: o humano.
Seja pelo Amazon Q, ChatGPT, Bard ou alguma outra plataforma, a IA impactará mais e mais as nossas vidas com ofertas de produtos, serviços e soluções personalizadas, onde quer que estejamos. Cada passo que damos em nossas vidas deixa um rastro, e cada rastro transforma-se em um dado.
É disso que se trata e é como a tecnologia poderá inserir uma nova revolução nos próximos anos, seja por meio do universo Open de dados abertos (Open Banking, Open Finance, Open Insurance e afins), ou por algo que ainda será inventado e que sequer conseguimos prever.
(*) – São Vice-Presidentes de Negócio da GFT Technologies no Brasil.