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40% dos brasileiros são autônomos: conheça atividades informais no mercado digital

em Destaques
segunda-feira, 11 de julho de 2022

Felipe Maia (*)

Mais de 38 milhões de trabalhadores no Brasil são informais. São pessoas que decidiram trabalhar por conta própria motivadas por inúmeras razões: desemprego, pela necessidade de encontrar uma rotina mais flexível e autônoma ou até mesmo em busca de ganhos mais altos.

A pandemia alterou o cenário dos trabalhadores informais no país. No início do isolamento, devido à diminuição de circulação de pessoas nas ruas, o número de trabalhadores informais diminuiu, porém, o número de autônomos voltou a crescer desde o segundo semestre de 2020. A taxa de trabalhadores brasileiros que estão atualmente na informalidade é de 40,1%. Os dados são da Pnad/IBGE.

Entre os informais, há trabalhadores que decidiram investir em carreiras ligadas à área de tecnologia, em busca da crescente demanda por profissionais digitais. Embora essa busca de profissionais qualificados tenha aumentado nas últimas décadas, a pandemia contribuiu para acelerar a digitalização de serviços e atuação online de empresas e setores.

Com isso, competências e habilidades digitais têm sido cada vez mais buscadas entre os trabalhadores que visam à transição de carreira para freelancer na área de tecnologia. Um relatório da Associação Brasileira de Internet Industrial (ABII) apresenta tendências e profissões emergentes na era digital em um intervalo de curto, médio e longo prazo: 2, 5 e 10 anos, respectivamente.

O estudo, divulgado no começo deste ano, conclui que o setor de software e TI é o que irá abrir mais vagas até 2032. A projeção de demanda de vagas para o setor também é promissora: em 2 anos: 1,63 milhão; em 5 anos: 1,91 milhão e, em 10 anos: 2,06 milhões. Além de grande oferta de atuação no mercado digital, a tendência é animadora também em relação aos rendimentos.

O Relatório Digital Skills, desenvolvido entre a edtech Tera e a Mindminers, indica que mais de 50% dos profissionais digitais recebem até R$ 6,6 mil por mês.
O levantamento destaca ainda as atividades com os salários mais altos. Metade dos profissionais de Product Management e Desenvolvimento de Software declaram ganhar mais de R$10 mil. Em UX Design, uma carreira em expansão no mercado, 62,5% de profissionais entrevistados pelo estudo afirmar receber entre R$ 3,3 mil e R$ 10 mil.

Outra vantagem para os profissionais autônomos do setor é a possibilidade de oferecer serviços para empresas do exterior. Os freelancers ingressam em um modelo de trabalho mais globalizado, em que empresas de outros continentes podem contratar seus serviços. Aqui, dois pontos importantes: a comunicação em inglês e espanhol é imprescindível para conquistar essas oportunidades. Vale ressaltar também que empregadores do exterior podem oferecer remunerações mais atrativas para freelancers de tecnologia.

Para quem está interessado em atuar de forma autônoma, o meio digital apresenta tendência de ampliação de oferta de vagas, com remuneração competitiva. Por isso, separamos algumas profissões com alto potencial de demanda por profissionais no mercado de tecnologia.

· Product Management – É responsável por definir o mercado, o alvo, a estratégia de go-to-market e a proposta de valor de um produto digital, como plataformas e aplicativos. Um dos papéis desse profissional é encontrar no mercado oportunidades para entregar um produto de qualidade, de acordo com as necessidades do público de seu cliente.

Atuando como líder e guardião de um produto, ele busca reunir aspectos, profissionais e áreas que influenciam no seu trabalho, sendo os principais UX, tecnologia e negócios. As principais skills que todo PM exercita em sua rotina de trabalho: comunicação assertiva, organização, liderança, pensamento analítico e estratégico, tomada de decisão e conhecimento do mercado em que atua.

· UX e UI Design – De grosso modo, trabalha na interface de um produto digital (site, app, canal de atendimento, etc), a fim de guiar os usuários por meio de um caminho entre o momento de acesso digital até o seu objetivo final naquela plataforma. O UX Design, por sua vez, atua para que esse processo seja agradável e útil, de forma que o usuário não apenas percorra o caminho facilmente, mas volte mais vezes.

User Experience é um conceito cada vez mais popular nas empresas. O trabalho dos dois, de forma conjunta, serve para que o cliente fique satisfeito em sua experiência digital, buscando otimizar sua relação com a empresa. Entre as preocupações que um UI Designer deve ter, estão: layouts, cores, fonte, disposição, design visual e modulações de voz. O UX Designer está focado em questões como pesquisa, personas, usabilidade e objetivos daquele ambiente digital.

· Afiliado Digital – Essa é uma estratégia que tem sido muito utilizada para ampliar o alcance do negócio e alavancar as vendas no cenário online. A partir de um programa de afiliados, os profissionais divulgam os produtos ou serviços da marca em links exclusivos em seus próprios canais, em troca de uma comissão pelos resultados alcançados. Essa estratégia de comissionamento é parecida com a que já acontece em vendas físicas, porém, nesse caso, todo o processo acontece virtualmente.

Esse é um trabalho desenvolvido a partir de quatro pilares, que atuam em conjunto: o comerciante, o afiliado, o consumidor e a rede de afiliados. Essa técnica costuma ser bastante vantajosa para todos os envolvidos: os comerciantes têm suas soluções divulgadas, já os afiliados têm a chance de monetizar o seu trabalho online.

· Social Media – É um profissional que atua junto com a equipe de comunicação de uma empresa e uma de suas principais funções é gerenciar os canais e da marca da empresa, além de criar estratégias de comunicação, divulgação e posicionamento do seu negócio nas principais redes sociais, como Instagram, Twitter, LinkedIn, Youtube, etc.

Geralmente, ele produz ou coordena a produção de conteúdos. Além da criatividade, é importante entender as características de cada rede, além de saber se comunicar de forma inteligente com o público e com os clientes.

· Growth Hacker – É um profissional que utiliza estratégias criativas e de baixo custo para aquisição e retenção de clientes. Também conhecidos como profissionais de Growth Marketing, eles se concentram exclusivamente em estratégias relacionadas ao crescimento do negócio; além de priorizar e testar estratégias de crescimento inovadoras; e verificar quais dessas estratégias funcionam para o seu negócio. Para atuar nessa área, é importante aprofundar seus estudos em: redes sociais, escrita, produção de conteúdo, UI/UX, SEO, Pesquisa e Analytics.

· Desenvolvimento de Software – Utilizando das linguagens de programação, o desenvolvedor cria e implementa as soluções de informática, programando sistemas a partir de códigos digitais. Para criar os softwares, o profissional precisa ficar atento às necessidades do cliente e saber explorar as capacidades dos dispositivos existentes com técnica e usabilidade. Esse profissional também costuma testar o resultado em uma aplicação web, que pode ser um software, um aplicativo, um website ou um sistema operacional, por exemplo.

Se você tem interesse em realizar uma transição de carreira para o mercado de tecnologia, o primeiro passo é buscar formação especializada. As atividades do mercado digital estão em constante transformação e exigem conhecimento técnico e formação atualizadas frequentemente. Para iniciar seu trabalho como freelancer, analise a média de preço dos serviços que pretende ofertar, como será a forma de cobrança do seu trabalho (por projeto, por semana, por hora).

Mesmo para trabalhar por conta própria, é preciso muitas vezes abrir um CNPJ e pagar impostos e tributos. Se sua atividade será desenvolvida de forma remota, organize sua estrutura de trabalho, desde equipamentos, conexão à internet, até as condições de trabalho (é importante ter pelo menos um espaço com privacidade e silêncio, além de mobiliário minimamente confortável).

Parece complicado, mas esse é um cuidado importante para que no longo prazo a sua atividade não se transforme em dor de cabeça. Pensando em condições de trabalho adequadas, é mais fácil começar um negócio próprio, em um home office funcional e produtivo, a fim de oferecer serviços baseados em seus conhecimentos e habilidades.

Ao trabalhar por conta própria, é possível ter liberdade, flexibilidade e autonomia de horários, além de conseguir aumentar a renda, já que seus ganhos obedecem à demanda de trabalho. Porém, é preciso contar com autogestão e disciplina e ter reservas de emergência. Sendo freelancer, não há auxílios e direitos trabalhistas, como 13º, férias e licença médica. Esteja atento a esses imprevistos e não deixe de considerá-los em seu planejamento financeiro.

A ampliação dos trabalhadores autônomos no Brasil e a expansão do mercado de tecnologia são cenários que impulsionam a atuação de freelancers, que aliam habilidades específicas, formação especializada e gestão de trabalho autônoma para se inserir em um novo modelo globalizado de trabalho.

(*) – [email protected]