330 views 6 mins

Livro e exposição resgatam chegada do zepelim ao Brasil

em Colunistas, Geraldo Nunes
quarta-feira, 03 de junho de 2015
-b temporario

Há exatamente 85 anos –  22 de maio de 1930 – o dirigível LZ -127 Graf Zeppelin iniciava sua primeira viagem pelo Brasil visitando várias capitais brasileiras, a começar por Recife

-b temporario

Foi o primeiro modelo aéreo a cruzar o Oceano Atlântico, vindo da Europa rumo à América do Sul e em comemoração à data, acontece na capital de Pernambuco a exposição, “O Zeppelin no Recife” reunindo imagens sobre a passagem do dirigível pela cidade.

A exposição acontece até 26 de junho, no Museu da Cidade do Recife, no Forte das Cinco Pontas, bairro de São José e junto ao evento se pode adquirir o livro “O Zeppelin no Recife”, contendo imagens selecionadas pelo historiador Dirceu Marroquim e fotos do artista plástico Jobson Figueiredo. Essas imagens fazem parte do acervo do Museu da Cidade e da coleção particular do próprio Jobson que, apaixonado pela história dos dirigíveis, restaurou por conta própria uma torre de atracação dos zepelins, no Parque do Jiquiá, na zona Oeste do Recife, a mesma utilizada na época.

De acordo com a Prefeitura da cidade, a torre de Jiquiá é o único equipamento de atracação para esse tipo de aeronave que restou no mundo. A mostra contará também com projeções, fotografias e músicas da década de 1930, recriando o clima do Recife quando da chegada do zepelim à cidade. Na época foram meses se preparando para o grande dia, o então prefeito Francisco da Costa Maia chegou a decretar feriado municipal. Cerca de 15 mil pessoas se dirigiram até o Jiquiá acompanhar a chegada do dirigível, de acordo com registros de jornais da época.Dirigível sobrevoou o bairro de Santo Antônio, no Recife.

Em 27 de maio de 1930, uma terça – feira, o jornal O Estado de São Paulo publicou uma ampla reportagem sobre o dirigível Graf Zeppellin no Brasil, que depois de adentrar ao país pelo Recife, seguiu ao Rio de Janeiro e passou por São Paulo “O Conde Zeppellin deve partir hoje para Nova York”, dizia a manchete do Estadão, acompanhada de foto do dirigível fazendo evoluções no Campo dos Afonsos.

O LZ – 127 Graf Zeppelin tinha 230 metros de comprimento e cerca de 30 metros de diâmetro. “O LZ – 129 Hindenburg era ainda maior, 245 metros de comprimento e 41, 2 metros de diâmetro”, informa Jobson Figueiredo curador da exposição, acrescentando que os zepelins se tornaram marca registrada da propaganda nazista e a suástica começou a ser aplicada na fuselagem das aeronaves. Nem todos os comandantes, entretanto, concordavam em divulgar o nazismo, especialmente os de fora da Alemanha.

Torre de atracagem do Zeppelin que fica no Parque do Jiquiá, em Recife, Pernambuco.Mas a história dos zepelins acaba interrompida pela explosão do dirigível Hindenburg, em 6 de maio de 1937, quando 35 pessoas morreram. O acidente aconteceu no final de uma tarde chuvosa, 77 horas depois da decolagem em Frankfurt. A bordo estavam 61 tripulantes, 36 passageiros, dois cachorros, além de bagagem, cargas e correspondências. O forte vento em Lakehurst, imediações de Nova York, havia obrigado o capitão Max Pruss a sobrevoar o atracador por duas vezes. Ao mesmo tempo, ordenou que fossem soltos gás e mais de uma tonelada de água para aliviar o peso. O zepelim já estava com as escadas baixadas quando, a 60 metros do chão, iniciou-se um incêndio em sua cauda. Meio minuto depois, o corpo do dirigível caía, em chamas, com o solo.

Hoje, os técnicos têm quase certeza de que a causa está nas leis da física. O gás hidrogênio, que fazia o balão flutuar, vazou devido a uma trágica cadeia de circunstâncias e explodiu em contato com o ar, por causa da eletricidade estática acumulada na atmosfera com o temporal. O fogo espalhou-se rapidamente pela parede externa do dirigível, feita de algodão e linho e revestida por uma fina camada de alumínio.

Serviço: Exposição e livro “O Zeppelin no Recife” Até 26 de junho, de terça a sábado, das 9h às 17h RecifeDepois da tragédia, a indústria alemã de zepelins passou a fazer contatos com os Estados Unidos para importar hélio, gás não inflamável, produzido no Texas. Os negociadores alemães quase haviam atingido seu objetivo, um navio com milhares de garrafas do gás estava a caminho da Alemanha quando os nazistas invadiram a Áustria, a 1º de março de 1938. Mais interessado na guerra do que no pioneirismo aéreo, três anos após o acidente do Hindenburg, Hitler manda destruir o hangar de dirigíveis em Frankfurt. Hoje os zepelins perderam sentido e se tornaram obsoletos por não dispor do mesmo conforto e velocidade dos aviões.

(*) Geraldo Nunes, jornalista e memorialista, integra a Academia Paulista de História. ([email protected]” data-mce-href=”mailto:[email protected]“>[email protected]).