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É Páscoa. Onde estão os coelhinhos e os ovos?

em Colunistas, J. B. Oliveira
quinta-feira, 18 de abril de 2019

É Páscoa. Onde estão os coelhinhos e os ovos?

 

 

                                                                                                                                                           * J. B. Oliveira

 

 

“PESSACH”, para os judeus (a palavra significa “passagem”), rememora a cerimônia instituída no Egito, na véspera da saída do povo hebreu rumo à Terra Prometida.

Representa tanto a passagem da escravidão para a liberdade como a passagem do anjo do Senhor que, em cumprimento à última praga, traria a morte a todos os primogênitos, menos para as casas que estivessem com suas portas marcadas por um sinal muito especial.

O livro de Êxodo – o segundo da Bíblia – narra, no capítulo 12, o evento com detalhes, muitos dos quais bem conhecidos nossos. A começar pelo sinal já referido: o sangue de um cordeiro sem mácula, que seria sacrificado para salvar aquela casa. O versículo 14 determina: “Este dia vos será por memória, e celebrá-lo-eis por festa ao Senhor; nas vossas gerações o celebrareis por estatuto perpétuo. ”

PÁSCOA, para os cristãos, traz igualmente o sentido de passagem. Da morte – em decorrência do pecado – para a vida, pela salvação por Cristo. A simbologia do sangue do cordeiro imaculado da “Pessach” encontra paralelo no sangue de Jesus, “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”, na expressão textual do Evangelho de João, capítulo 1.

Por isso, disse Jesus na celebração da última ceia com seus discípulos, ao servir-lhes o vinho: “Isto é o meu sangue, o sangue da Nova Aliança que é derramado por muitos, para remissão dos pecados” (Mateus, 26:28). Páscoa traduz, também, a vitória de Jesus sobre a morte, pela ressurreição e a gênese do Cristianismo. Rui Barbosa dirá: “De uma palavra anunciada, um ‘surrexit’ emergiu o mundo cristão”!

O COELHO DA PÁSCOA é “corpo estranho”, não pertencente a nenhuma dessas fontes. Surgiu com o sincretismo religioso, em que algumas datas e símbolos pagãos se incorporaram ao incipiente cristianismo, como forma de facilitar sua assimilação. A festa em homenagem a EOSTRE, deusa da fertilidade e do renascimento, de tradição anglo-saxônica, celebrava o início da primavera, com a volta do sol e das flores, dando NOVA VIDA à terra.

Um dos símbolos integrantes de seu culto era a LEBRE (que acabou sendo trocada pelo coelho!). Essa origem se conserva no nome que a Páscoa tem em alemão: OSTERN e em inglês: EASTER. Por outro lado, associa-se o coelho ou a lebre à ideia de FERTILIDADE, por sua rápida e fértil reprodução. Ofertar um desses animais a alguém significava, portanto, desejar-lhe PROSPERIDADE.

O OVO DE CHOCOLATE, por fim, completa o quadro simbólico. O ovo representa a VIDA LATENTE, aquela que vai surgir, ou ressurgir, como as flores na primavera. A pessoa que o oferece a outrem, deseja-lhe a conservação da vida, a LONGEVIDADE. No início, os ovos eram de galinha, cuidadosamente decorados. Em alguns países do leste europeu, o hábito ainda persiste.

No Novo Mundo, ele passou a ser substituído pelo ovo de chocolate – cá entre nós – muito mais saboroso. E… muito, muito mais calórico!

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