Crises podem acontecer com qualquer empresa e, nesses momentos, fazer a correta gestão é fundamental. Pode ser um escândalo, uma emergência climática, uma falha grave etc. Sempre há um volume enorme de informações desconexas, nem todas verídicas e isentas da emoção do momento. É justamente nessas horas que o compromisso com a ética empresarial é colocado à prova. A pressão para uma decisão que termine logo com o problema pode levar a certos jeitinhos, atalhos éticos que desviam do caminho da integridade.
Assim, na crise, um dos desafios é tomar decisões éticas sob pressão, pois não basta estancar a sangria, deve-se manter a ética e a integridade que, após a turbulência, sairão mais fortalecidas na cultura organizacional.
A comunicação na crise pede um compromisso com a transparência, até por uma questão de dignidade humana. Esconder informações relevantes ou distorcer a verdade pode até agravar o momento e manchar mais ainda a reputação da empresa. Lembrando que transparência não é abrir todas as informações, mas saber discernir as que são relevantes para determinados públicos e informá-las com precisão, honestidade e realismo.
O compromisso com as consequências em longo prazo da decisão também é essencial para manter a ética. Soluções em curto prazo podem trazer consequências, que devem ser consideradas e, a depender de sua gravidade, eliminar a hipótese de tomar determinada decisão. Afinal, haverá um passivo ético e, muitas vezes, legal, que se estenderá por muitos anos.
E a responsabilização? É melhor a empresa assumir suas responsabilidades pela crise – independente da extensão – reconhecer seus erros e mostrar disposição para corrigi-los do que se esquivar da culpa eternamente. Novamente, além da mácula reputacional ser maior, as consequências da crise podem demorar ainda mais para serem sanadas.
Finalmente, todas partes interessadas devem ser levadas em conta. O impacto da crise em funcionários, clientes, fornecedores, acionistas, impactados diretamente, familiares e demais stakeholders precisa ser estudado e ter ações apropriadas de mitigação. Ninguém deve ser esquecido ou negligenciado.
Assim, uma gestão de crises ética é uma obrigação, e a integridade deve fazer parte desse momento. Uma opção é antever cenários nos planos de contingência para estabelecer ações apropriadas com calma. Quando bem executada, essa abordagem acaba fortalecendo os valores éticos e a reputação em longo prazo.
– – –
Denise Debiasi é CEO da Bi2 Partners, reconhecida pela expertise e reputação de seus profissionais nas áreas de investigações globais e inteligência estratégica, governança e finanças corporativas, conformidade com leis nacionais e internacionais de combate à corrupção, antissuborno e antilavagem de dinheiro, arbitragem e suporte a litígios, entre outros serviços de primeira importância em mercados emergentes.