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Compliance nos Jogos Olímpicos de Paris 2024

em Denise Debiasi
segunda-feira, 03 de junho de 2024

Os Jogos Olímpicos de 2024 acontecerão em breve na cidade de Paris. A última vez que a capital francesa sediou os jogos foi há 100 anos, em 1924. Na época, 44 países participaram. Hoje são cerca de 203 que disputam as medalhas em diversas categorias. Imagine: mais de duzentas culturas em um único evento. Sem dúvida, ser responsável pela organização não deve ser fácil.

Enquanto uns estão entusiasmados com a data, apostando quantos ouros seus países conquistarão, outros são mais críticos com a crescente popularidade dos jogos, pois acreditam que a competição esportiva desvia a atenção das questões mais urgentes da humanidade. No meio de tantas opiniões divergentes, há sempre um time de pessoas buscando equilibrar as necessidades do negócio e da sociedade. A partir deste ano, os jogos olímpicos terão um novo programa de compliance. No documento, questões de combate à corrupção, sustentabilidade e direitos humanos estão incluídos nas exigências ao país-sede.

Quem confia na transparência das Olimpíadas hoje em dia? A verdade é que a instituição tem se esforçado para manter uma boa aparência, principalmente na escolha dos países para sediar o megaevento. Apesar do elevado nível de exigência, o famoso “padrão olímpico”, ainda há casos polêmicos no Comitê Olímpico Internacional (COI). O primeiro grande escândalo de corrupção foi nos jogos de inverno de 2002, em Salt Lake City, nos Estados Unidos. Os mais recentes foram no Rio de Janeiro em 2016 e em Tóquio em 2020. Esses episódios diminuíram a credibilidade do evento. A fim de prevenir novos escândalos, o COI recorreu ao compliance para promover mais integridade e transparência no evento.

Em termos de sustentabilidade, os países-sede devem seguir padrões para minimizar o impacto ambiental durante o evento. Curiosamente, a Vila Olímpica parisiense foi construída sem ar-condicionado e respeitando elevados padrões ambientais. Os arquitetos prometem moradias para os atletas com ambientes internos com 6ºC a menos de temperatura do que no exterior. A ideia desta edição dos jogos é ser a mais verde de todas.         

Em questão de direitos humanos, o país-sede não pode trabalhar com empresas que possuam ligações com trabalho escravo ou tráfico de pessoas. Caso as exigências não sejam cumpridas, o COI aplicará multas elevadas. A França é famosa pela moda e algumas marcas desse setor não têm uma boa pontuação nesse quesito. É o caso da LVMH, uma das patrocinadoras do evento, que foi acusada há alguns anos de ter fornecedores ligados ao trabalho escravo. Esperamos que a marca tenha resolvido esses problemas, caso contrário será uma parceira de risco.

Acho extremamente positivo as Olimpíadas terem um programa de compliance. Ao que tudo indica, o evento trará um impacto social positivo. Entretanto, por sua dimensão, a escolha dos parceiros e patrocinadores é um grande desafio. A fiscalização não deve ser uma responsabilidade apenas do país-sede, mas também dos comitês, dos governos e da sociedade. Prevenir, detectar e corrigir é o melhor caminho para garantir a integridade e o sucesso do negócio.

Denise Debiasi é CEO da Bi2 Partners, reconhecida pela expertise e reputação de seus profissionais nas áreas de investigações globais e inteligência estratégica, governança e finanças corporativas, conformidade com leis nacionais e internacionais de combate à corrupção, antissuborno e antilavagem de dinheiro, arbitragem e suporte a litígios, entre outros serviços de primeira importância em mercados emergentes.