
Em minha trajetória como executiva de Compliance, observo com particular interesse casos que ilustram a importância de normas de conduta nas organizações. O recente acontecimento envolvendo o apresentador Rodrigo Bocardi e a Rede Globo merece uma análise, não pelos detalhes específicos do caso – que se limitam ao que foi divulgado publicamente – mas pelo que representa em termos de governança corporativa.
Vale ressaltar que minhas reflexões aqui não constituem um julgamento do caso específico, mas sim uma oportunidade de discutir como as regras de Compliance se aplicam no ambiente corporativo. O episódio serve como ponto de partida para uma discussão mais ampla sobre conduta profissional.
Como especialista na área, posso afirmar que o setor de mídia possui particularidades relevantes em suas diretrizes de Compliance. Você precisa entender que empresas jornalísticas, por sua natureza, demandam um nível extraordinário de rigor em suas políticas internas. A credibilidade institucional é um ativo intangível de valor inestimável.
Em casos como este, onde uma emissora opta por não divulgar detalhes específicos da violação de Compliance, você pode identificar dois aspectos fundamentais que costumo avaliar em minha prática profissional: a proteção à privacidade do colaborador e a preservação da integridade institucional.
Via de regra, a decisão de desligamento por questões de Compliance sempre envolve investigações minuciosas. Quando você trabalha em uma posição de visibilidade, como é o caso de jornalistas, as exigências são ainda mais rigorosas devido ao impacto público de suas ações.
As empresas de comunicação, assim como outros setores que acompanho, mantêm sigilo sobre detalhes de casos de Compliance por razões estratégicas e legais. Você deve compreender que esta prática protege tanto a organização quanto o profissional envolvido, evitando exposição desnecessária e possíveis litígios futuros.
Este caso específico serve como um exemplo prático de como as normas de Compliance são aplicadas em situações concretas, independentemente do nível hierárquico ou visibilidade do profissional. Você precisa ter clareza de que regras corporativas aplicam-se igualmente a todos os colaboradores.
A transparência com as diretrizes éticas e o respeito rigoroso às normas internas são elementos não negociáveis em qualquer ambiente corporativo profissional. É como sempre digo: prevenir é mais estratégico do que remediar.
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Denise Debiasi é CEO da Bi2 Partners (conheça melhor aqui), reconhecida pela expertise e reputação de seus profissionais nas áreas de investigações globais e inteligência estratégica, governança e finanças corporativas (saiba mais), conformidade com leis nacionais e internacionais de combate à corrupção (saiba mais), antissuborno e antilavagem de dinheiro, arbitragem e suporte a litígios (saiba mais), entre outros serviços de primeira importância em mercados emergentes.