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Da “Voz do Povo” à Imprensa Oficial do Estado…

em Colunistas, J. B. Oliveira
terça-feira, 14 de agosto de 2018

                Da “Voz do Povo” à Imprensa Oficial do Estado…

 

                                                                                                                                                            * J. B. Oliveira

 

 

Na minha então pequena e provinciana Presidente Prudente havia três jornais: A Tribuna da Alta Sorocabana, O Imparcial e A Voz do Povo. Este último, fundado em 1928, por Jacob Blummer, pertencia à época a Mário de Almeida Moraes, marido de Virgínia de Moraes e pai de Cinira, mais tarde Cinira Arruda. Mário e Virgínia, excelentes locutores (ou “speakers”, como se dizia então) tinham as mais belas vozes do rádio.

A Voz do Povo era impressa numa enorme e ruidosa Marinoni, que ocupava imenso espaço no galpão em que se localizava a oficina. O processo de feitura do jornal era uma epopeia. Ou um parto! Formavam-se os textos juntando os caracteres tipográficos – correspondentes a letras – , um a um, num utensílio de madeira ou de metal composto por uma lâmina fixa com rebordos em ângulo, chamado componedor. Assim iam se formando as linhas e depois os blocos, que eram amarrados para formar as páginas.

Isso feito, vinha a parte da impressão propriamente dita, em que o pesado rolo corria sobre as formas na parte fixa da máquina, em que estavam as páginas – bem amarradinhas – e assim nascia mais uma edição do jornal. Só muitos anos mais tarde chegaria ao Brasil – mas não ao interior – o linotipo, processo que funde em bloco cada linha de caracteres, composta a partir de um teclado, como na máquina de escrever!

O pitoresco, nas nossas edições, é que as fotografias das personalidades da sociedade de Presidente Prudente eram sempre as mesmas, como se fossem fotos-padrão. Eram, literalmente, clichês! Ocorre que para se ter uma imagem fotográfica, primeiro tirava-se a foto, mandava-se revelar (coisa de laboratório) para só então enviá-la a São Paulo (pelos ônibus da Andorinha), onde seria feito o clichê.

Clichê, para quem não sabe, é uma placa de metal, geralmente zinco, gravada fotomecanicamente em relevo, obtida por meio de estereotipia, galvanoplastia ou fotogravura e destinada à impressão de imagens e textos em prensa tipográfica. Ora, o procedimento de ida e volta em relação à capital era tão demorado e complexo que se tornava preferível usar o retrato que já havia na oficina. O clichê.

Foi aí e assim que, em minha pré-adolescência, iniciei minha longa vivência no maravilhoso e apaixonante mundo da imprensa! Já aqui em São Paulo, voltei a cruzar com Mário Moraes, que editava um semanário intitulado Jornais Associados do Interior. Inteligentemente, ele havia idealizado um texto-padrão que sintetizava as principais notícias de interesse do Estado de São Paulo e o distribuía a diversos jornais do interior, que o encartavam como conteúdo.

Nomeou-me gerente desse sistema. Nesses mesmos anos 1960, eu escrevia para a Voz da Mocidade e, em julho daquele ano, fiz a cobertura jornalística do X Congresso da Aliança Batista Mundial, ocorrido no Maracanã. Tive a extraordinária oportunidade de entrevistar pessoas de várias partes do mundo, especialmente dos Estados Unidos, Rússia, Israel, Canadá, Hong Kong, Libéria e Paquistão. No encerramento, falou Billy Graham, com quem conversei pouco antes de seu pronunciamento, pedindo-lhe uma mensagem para a juventude brasileira. Atencioso, ele pegou uma folha de papel e escreveu “God bless you”!

Nos anos 1960-1970, fui editor das revistas HR e Horizonte Turismo. Entre 1980-1990, escrevi para o jornal “O Bandeirante”, enquanto continuava escrevendo para Voz da Mocidade. Nessa mesma época, mantive coluna na Tribuna da Magistratura, órgão oficial da APAMAGIS – Associação Paulista da Magistradura e redigi artigos para a Revista do Consórcio, da ABAC – Associação Brasileira das Administradoras de Consórcio.

Mais tarde, por ocasião de minha gestão como presidente da API – Associação Paulista de Imprensa, nos anos 2006 a 2009, redigi o editorial Palavra do Presidente, artigos para nosso órgão ‘Jornal da Imprensa Paulista’. A par disso, venho mantendo desde 2002 coluna na revista Apólice. Mais recentemente, passei a escrever também para as revistas CIST e FOX NEWS, e para os jornais Semanário da Zona Norte e o nosso JEN – ‘Jornal Empresas e Negócios’. A partir de 2004, passei a responder como editor e jornalista responsável pelo Informativo Oficial do IRTDPJ-BRASIL Instituto de Registro de Títulos e Documentos e de Pessoas Jurídicas do Brasil.

Agora, coroando esse longo e prazeroso caminhar, com muita satisfação, passo a integrar os quadros da tradicional Imprensa Oficial do Estado – modelar e centenária instituição criada dois anos após a proclamação da República, em 28 de abril de 1891 – respondendo pelo honroso cargo de vice-presidente. Olhando para trás, através desses muitos anos de labuta jornalística, vejo como valeu cada esforço e quanto essa atividade me enriqueceu em conhecimentos, amizades, satisfação e alegrias! Concluo com Fernando Pessoa:

“Tudo vale a pena se a alma não é pequena”!

 

 *J. B. Oliveira, consultor de empresas, é advogado, jornalista, professor e escritor.

É membro do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo e da Academia Cristã de Letras.

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