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Cheio de Perguntas

em Colunistas, Mario Enzio
sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Cheio de Perguntas

Delação que gera delação que gera delação. O grupo foi descoberto? Tem mais para ser revelado?

Não que não se saiba ou se tenha suspeição. Defendem a moral, mas são desonestos? Essa é a nossa cara. Até quando vamos aceitar? Não está se denunciando por denunciar. Se selecionarmos nas pesquisas da internet sobre corrupção, veremos que é um instituto latente na nação? O assalto aos cofres públicos e a exploração de áreas, jazidas e minérios, madeiras e afins está fartamente documentada?

Não é bem calúnia coletiva nem acórdão para salvar a política – é o tamanho do estado que impede que não existam negociatas. Ou seja, se o estado é grande a chance de haver corrupção é maior?

Casos que passarão anos sem serem julgados, e os apontados como supostos beneficiários nem serão avaliados. Culpados ou inocentes? Não se saberá. Mas, não acredite que isso seja possível acabar com essa cultura da impunidade: no dia do advogado muitas leis poderiam ser mudadas. Mas, há interesse? E esse tal de foro privilegiado? De não ter medo de ser investigado.

Continuará tendo gente com goela aberta ou garganta profunda a parceira dessas falcatruas. Se houvesse uma lei que punisse severamente esses desvios haveria uma situação menos escandalosa? Quem não pratica o caixa dois? Eis a questão: doação não contabilizada é uma forma de desviar dinheiro publico, enriquecendo políticos nesse processo.

Há mais de trinta anos ou quem sabe mais tempo, que se sabe desses esquemas. Isso são duas gerações de brasileiros. Pense em quanta gente já não enriqueceu? E o que mais se pode esperar? Paciência ou troca de políticos? Temos mesmo coragem de mudar e exercerem a voz nas urnas? Senão: quais os cenários para daqui uns anos?

Pense que processos vão correr lentamente, que vão ser julgados só por volta de 2025 até 2030. Nem sei se estarei por aqui. Qual será o desfecho desse cenário atual? Teremos poucas condenações? Por mérito dos advogados? Falta de provas? Uma delação é a palavra. E a palavra é pior das provas no direito brasileiro. A palavra vale pouco. Mas, não é para se dizer que são mentirosos ou leviandades. Pois, só se fossem gravadas teriam algum valor legal. E, gravações, agora têm requinte de uso de equipamento que consegue não ser detectado.

Como sabemos o Estado não pode parar, mas pode ser modificado: não vamos votar nessas pessoas. Vamos renovar esses quadros de políticos. Mas, quem virá? Não serão parentes dos que já estão aí? Adianta ficar mais atentos e lutar para diminuir o tamanho da interferência do Estado em nossas vidas? Pode ser uma alternativa. Mas, como mudar, se precisamos de leis para diminuir essa influência controladora?

Dito em todos os níveis: nos municípios, nos estados e na esfera federal. Senão ficaremos com essa sensação e certeza de que sempre seremos governados por pessoas que pouco se interessam pelo que é publico.

(*) – Escritor, Mestre em Direitos Humanos e Doutorando em Direito e Ciências Sociais. Email: ([email protected]).