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Até Quando

em Colunistas, Mario Enzio
quinta-feira, 13 de abril de 2017

Até Quando

Delação que gera delação que gera delação. O grupo foi descoberto. Tem mais para ser revelado. Não que não se saiba ou se tenha suspeição.

Defendem a moral, mas são desonestos. Essa é a nossa cara. Até quando vamos aceitar? Não esta se denunciando por denunciar. Se selecionarmos nas pesquisas da internet sobre corrupção e veremos que é um instituto latente na nação. O assalto aos cofres públicos e a exploração de áreas, jazidas e minérios, madeiras e afins está fartamente documentada. Não é bem calúnia coletiva nem acórdão para salvar a política – é o tamanho do estado que impede que não existam negociatas. Ou seja, se o estado é grande a chance de haver corrupção é maior.

Seria como li numa coluna de que haveria a razão do um por todos e todos por um. O que isso sugere: que todos são gatos conhecidos dos mesmos telhados e vizinhanças. E quando não há solução, solucionado está. Já que a maioria pratica o desvio e nem todos dela participam há quem se sinta alijado, quem sabe, até desprezado. Ou seja, há alguém que possa se salvar nessa lameira de denúncias, acusações, investigações e descobertas que ainda podem vir a ocorrer.

Não estão julgados, estão sendo apontados como supostos beneficiários. Não estão sendo destituídos, mas se tivessem um pouco de vergonha na cara, iriam se desincompatibilizar de seus cargos para serem investigados. Mas, não acredite que isso seja possível. Quem quer largar a prerrogativa de um julgamento em foro privilegiado? De não ter medo de ser investigado.

Gente com goela aberta ou garganta profunda me faz lembrar que a impunidade é a parceira dessas falcatruas. Se houvesse uma lei que punisse severamente esses desvios haveria uma situação menos escandalosa? Quem não pratica o caixa dois? Eis a questão: doação não contabilizada é uma forma de desviar dinheiro publico, enriquecendo políticos nesse processo.

Há mais de trinta anos que se sabe desses esquemas, não é muito mais. Isso é dessa geração. Pense em quanta gente já não enriqueceu? E o que mais se pode esperar? Paciência e troca de políticos se os eleitores tiverem coragem de mudar e exercerem a voz nas urnas. Senão: quais os cenários para daqui uns anos?

Pense que processos vão correr lentamente, que vão ser julgados só por volta de 2022. Ou quem sabe o que será desse desfecho? Teremos poucas condenações. Por mérito dos advogados, falta de provas, já que a delação, a palavra é a pior das provas no direito brasileiro. A palavra vale pouco. Mas, não é para se dizer que são mentirosos ou leviandades. Pois, só se fossem gravadas teriam algum valor legal.

Como sabemos o Estado não pode parar, mas pode ser modificado: não vamos votar nessas pessoas. Vamos renovar esses quadros de políticos. Ficar mais atentos e lutar para diminuir o tamanho da interferência do Estado em nossas vidas. Em todos os níveis: nos municípios, nos estados e na esfera federal.

Senão ficaremos com essa sensação e certeza de que sempre seremos governados por pessoas que pouco se interessam pelo que é publico.

(*) – Escritor, Mestre em Direitos Humanos e Doutorando em Direito e Ciências Sociais. Email: ([email protected]).