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Você é ‘vivedor’ ou ‘morredor’?

em Artigos
terça-feira, 12 de maio de 2020

Carlos Miranda (*)

Certa vez, minha mãe foi a um famoso oncologista. Ele disse a ela que existem dois tipos de pacientes: os ‘vivedores’ e os ‘morredores’.

O índice de recuperação dos ‘vivedores’ é absurdamente mais alto que o dos ‘morredores’. O primeiro grupo acredita que vai viver e, portanto, não se entrega. Segue à risca o tratamento e vive intensamente. O segundo se entrega, já sai derrotado na primeira consulta e simplesmente espera a morte.

Diante da crise com a pandemia, tenho me deparado exatamente com esses dois grupos. Uns já eram pessimistas por natureza. Outros, embora otimistas, eram talvez otimistas de ocasião, porque nunca tiveram o seu otimismo verdadeiramente colocado à prova. O pior de tudo são os prognósticos feitos por especialistas, baseados em variáveis futuristas catastróficas.

São aqueles que só prestam um desserviço. Não se trata de ser negacionista e menos ainda de minimizar os impactos da crise. Mas o que eles esquecem é que estamos falando de gente com fé e uma geração que não aceita coisas que nós, velhos, aceitamos. O mundo real desses ‘vivedores’ é capitaneado por um bando de gente teimosa em viver e que nunca vai deixar de acreditar.

Agora vamos a alguns fatos: depois da SEGUNDA Guerra Mundial, tivemos o boom econômico pós-guerra, ou era de ouro do capitalismo. Esse período de prosperidade durou desde 1945 até o início de 1970.
Após o fim do surto de gripe espanhola, um estudo de Sergio Correa, do Banco Central Americano, Stephan Luck, do Banco Central de Nova York, e Emil Verner, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, analisou a recuperação econômica em 43 cidades norte-americanas.

A conclusão foi que as atividades econômicas se restabeleceram mais rapidamente em locais onde as autoridades adotaram medidas para conter a expansão da epidemia.

Os dois exemplos mostram a recuperação quando não existia internet, celular, teleconferência, delivery, consulta remota, sequenciamento genético, tratamento de câncer por imunoterapia, viagens espaciais, clones, impressão de órgãos em 3D, tratamento da AIDS, superantibióticos, nano robôs, pâncreas artificial, gel reparador de coração, entre outras coisas.

Não acredito na afirmação de que a cooperação entre países acabou. Ao contrário, a pandemia trouxe valores que já estavam esquecidos, como a solidariedade e o senso de que não se prospera se a sociedade e o planeta não prosperarem. Trouxe também alguns valores que eram negligenciados, como o perigo que é não cuidarmos do meio ambiente e da sociedade e desvalorizarmos a ciência.

Então, com todo o respeito, deixem os VIVEDORES falar, prosperar e VIVER!

(*) – É CEO da X8 Investimentos, gestora com foco em investimentos 100% de impacto.