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Reformas econômicas: o que esperar do Governo

em Artigos
quinta-feira, 06 de janeiro de 2022

Robson Gonçalves (*)

Se foi difícil atravessar o período de pandemia, o cenário para 2022 não parece muito melhor.

O novo ano recebe uma herança pesada de 2021, com destaque para a inflação persistente, a desaceleração da atividade econômica, a lenta recuperação de empregos, a redução do nível de renda real das famílias, o dólar elevado e instável e fragilização fiscal.

É interessante notar que essa herança caracteriza a reversão parcial de diversas conquistas que o país havia obtido ao longo das últimas décadas e que foram perdidas por conta de erros sucessivos na condução da política econômica ao longo dos últimos dez anos.

E para restabelecer os fundamentos do crescimento econômico sustentável que foram perdidos, 2022 vai exigir total empenho político para embarcarmos rumo a uma economia mais próspera. Na ordem do dia está o imperativo de uma reforma política que reduza a incerteza e estimule o investimento. O atual sistema político-partidário está esfacelado e qualquer liderança terá nele um obstáculo para a condução da economia.

Além disso, é preciso avançar com a reforma tributária, mas sem colocar o aumento da arrecadação como prioridade. A teia de tributos brasileira sufoca a produção e onera o emprego, o que também dificulta a retomada do crescimento.
Junto com a tributária, há a necessidade de uma reforma administrativa que permita a redução dos gastos do setor público com pessoal.

No Brasil, convivemos com profissionais essenciais mal remunerados, como médicos, enfermeiros, policiais e outros agentes públicos, lado a lado com super salários e super aposentadorias que não se justificam em um país tão empobrecido. Se nada for feito, em breve o Estado brasileiro não terá dinheiro para mais nada além de pagar salários, aposentados do setor público e juros da dívida.

Por último, mas não menos importante, entra também a reforma trabalhista. Empregar e demitir hoje no país custa muito caro. Não se trata de retirar direitos dos trabalhadores, mas de colocar o país no século XXI em termos de normas trabalhistas.

O que mais beneficia um trabalhador é a garantia de emprego digno e não uma montanha de benefícios que empurra milhões de pessoas para a informalidade e o subemprego, enquanto apenas alguns poucos usufruem da famosa carteira assinada.

(*) – É professor de Economia dos cursos de MBA do ISAE/FGV.