Hermano Albuquerque (*)
As redes neutras são aquelas nas quais várias operadoras atuam simultaneamente, utilizando a mesma infraestrutura.
Isso possibilita uma otimização dos investimentos e, por sua vez, aumenta a oferta de internet banda larga no Brasil. Tais redes atendem a várias operadoras de telecomunicações, fixas ou móveis. Para a mesma infraestrutura, podem ser utilizados cabos metálicos, fibra óptica, redes móveis ou satélites.
Um provedor de serviços de internet também pode alugar a capacidade de uma rede neutra e começar a cobrir cidades inteiras sem necessariamente ter de investir em redes próprias, economizando capital e poupando os postes de atingirem a sua sobrecarga. De acordo com a mais recente análise estatística da União Internacional de Telecomunicações (UIT) e da Alliance for Affordable Internet (A4AI), a Internet tornou-se mais cara em todo o mundo no ano passado.
Os preços relativos dos serviços de banda larga fixa subiram para 3,5% da renda nacional bruta per capita global em 2021, acima dos 2,9% em 2020. Para a Anatel, o número de acessos de banda larga fixa no Brasil cresceu 241% desde março de 2020 (de 16,6 milhões para 39,9 milhões), quando a OMS declarou oficialmente a pandemia de coronavírus. Vale destacar que o número de acessos chegou ao pico de 40,2 milhões de acessos em setembro de 2021.
Enquanto o serviço de internet se expande, os preços tendem a aumentar e a projeção para este ano é de alta com a implementação do 5G. O mercado continua discutindo sobre a capilaridade das redes neutras e de que forma tais redes podem atender às várias operadoras de telecomunicações, garantindo um modelo de negócios baseado no compartilhamento. Como mencionado, uma operadora de rede neutra permite que várias companhias utilizem a mesma infraestrutura, que pode ser fibra óptica, cabos metálicos, redes móveis e até mesmo satélite.
Uma empresa interessada em se tornar um provedor de internet pode simplesmente utilizar a capacidade de uma rede neutra para atender cidades inteiras sem investir capital em rede própria. Na prática, a adoção do modelo de redes neutras possibilita às companhias maximizarem seus investimentos.
As redes neutras trazem vantagens, tanto para a dona da infraestrutura quanto para quem aluga, pois permite uma redução de custos para todos os envolvidos.
Para o consumidor, também existem vantagens, pois haverá maior competição com melhor qualidade e preços competitivos. Desta forma, haverá uma contribuição clara para a inclusão digital no país. Na prática, as redes neutras se baseiam principalmente em soluções via fibra. E, segundo a Anatel, 91% dos provedores de internet comercializam planos de conexão via fibra óptica. São mais de 10 mil provedores de internet de pequeno porte espalhados pelo Brasil, o que oferece mais competitividade e democratização dos acessos.
Isso inclusive resulta em uma maior inclusão digital. Hoje a Internet é uma necessidade para todos, para fins de trabalho, estudos, consumo de informação, entretenimento e inclusive dinâmica social e relacionamentos. Enfim, as redes neutras estão rapidamente ocupando espaço no mercado e podem alterar radicalmente a oferta de internet no Brasil. O novo modelo comercial tem potencial de aumentar a concorrência, diminuir preços ao consumidor e até resolver problemas urbanos de acúmulos de cabos em postes.
O princípio da neutralidade na rede é inserido nas discussões sobre a governança da internet no mundo, transformando-as em legislação em vários países do mundo. Trata-se de um novo modelo interessante em tempos de pandemia, pois com o mundo sendo suportado pela tecnologia e pela conectividade, soluções que democratizam e facilitam a implantação das redes são essenciais.
(*) – É Diretor Geral LATAM para o Grupo Halo/Skylane Optics.