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Pressão do endividamento leva Petrobras a alienar mais ativos

em Artigos
quarta-feira, 02 de dezembro de 2015

Reginaldo Gonçalves (*)

A situação da Petrobras está cada vez mais complexa.

A operação Lava Jato identifica a cada momento uma nova situação de desvio de recursos, fazendo com que os investidores desconfiem que novos problemas poderão surgir – o que vai desvalorizar ainda mais os ativos. A pressão no caixa da empresa, provocado pelo crescimento do endividamento e o seu encarecimento em novas captações, está dificultando ainda mais os novos investimentos a serem efetuados para manter a perspectiva de faturamento e a manutenção da exploração dos campos existentes.

A busca de alternativas para postergar os empréstimos existentes e os novos financiamentos estão cada vez mais difíceis e caros. A perda de credibilidade está dificultando o crédito mais barato, já que o risco é significativo. A Petrobras poderia recorrer a uma chamada de capital em bolsa, mas a desvalorização da empresa desestimula o lançamento das ações, assim como a perspectiva de captar novos investidores.
Os investimentos em novos campos estão sendo reavaliados – principalmente os relacionados ao pré-sal.

Os recursos para a exploração são significativos e os custos estão maiores do que adquirir o petróleo no mercado externo. O preço atingiu ontem a faixa de US$ 44,52. Em virtude do desestímulo aos investimentos em novos campos e a gestão de negócios somente em sua área de competência, algumas alternativas foram disponibilizadas para que houvesse a redução do empréstimo. Um exemplo é a venda de ativos: investimentos na BR Distribuidora, Termelétrica, parte da TAG (transportadora de gás), campos de petróleo no exterior, entre outros.

Mas o avanço é pequeno, já que existe uma preocupação significativa com relação ao negócio e as implicações futuras, como aconteceu com a Lava Jato. Essa situação está dificultando os negócios e a crise internacional desestimula o interesse de investidores, fazendo com que o preço seja inferior ao valor do negócio. Para estimular a entrada de caixa houve a decisão da empresa de vender campos que já estão produzindo o petróleo – o Campo de Baúna e Golfinho.

A preocupação dos investidores na operação é com relação ao processo que poderá levar a empresa à descontinuidade dos seus negócios. As vendas de ativos acabam gerando momentaneamente recursos no caixa, a exemplo da venda da Gaspetro (49%) que rendeu US$ 1,9 bilhão, mas que reduzirá os lucros futuros a serem recebidos como dividendos e com isso pressionando ainda mais o resultado da investidora.

Não resta dúvida que essa pressão continuará e novas iniciativas de aumento do combustível poderão acontecer para auxiliar o fluxo de caixa da empresa. Mas, isso provocará uma pressão maior sobre a inflação que já atingiu dois dígitos.

(*) – É coordenador do curso de Ciências Contabéis da Faculdade Santa Marcelina.