Kamel Aref Saab (*)
Em uma era marcada pela disseminação de notícias falsas, os Maçons também precisam enfrentar a desinformação.
Uma parte significativa da população ainda alimenta uma visão incorreta de que a Maçonaria seria algum tipo de religião ou seita. Relacionam-na com homens profanos em suas fileiras dispostos a tudo para perpetrar uma espécie de plano de dominação mundial. Obviamente nada disso é verdade.
Esses mitos envolvendo a Maçonaria e os Maçons foram construídos durante séculos, alimentados pelo medo irracional do desconhecido e pelo puro preconceito, com apoio, é claro, de campanhas difamatórias a respeito da Ordem durante as vicissitudes da história. Durante séculos, os próprios dirigentes da instituição consideraram desnecessária a mobilização de defender publicamente a Ordem dessas críticas e mentiras.
Aquele era um momento em que o entendimento das grandes massas se encontrava entorpecido pela propaganda contra a Maçonaria e o acesso à informação era dificultado. Mas hoje vivemos um contexto completamente diferente, permitindo que uma instituição como a Grande Loja Unida da Inglaterra – GLUI (originalmente United Grand Lodge of England) pudesse, do auge de seus 300 anos de existência, encabeçar uma campanha pública e, inclusive, digital contra a imagem imposta aos Maçons.
Com o mote “Enough is Enough”, a GLUI foi a público para pedir um basta nas mentiras e na difamação da Maçonaria, escancarando suas portas para que todos pudessem ver. O que tinha atrás dessa porta? Uma instituição que, diferentemente da visão falsa e megalomaníaca de dominação mundial, tem como objetivo maior o de ser uma escola de vida para aqueles interessados em fazer um mundo melhor.
As reuniões, apontadas como nefastas, realizadas nos templos maçônicos não eram cultos, mas encontros em que são discutidos temas como filosofia, história e assuntos contemporâneos. Ao invés de uma sociedade secreta, era apenas uma instituição discreta, congregando nas Lojas Maçônicas pessoas de diferentes credos em um ambiente de harmonia, paz e confiança entre seus membros, homens de boa vontade, movidos pelo ideal de construir uma sociedade mais saudável.
Vemos exatamente o mesmo no Brasil. O Grande Oriente de São Paulo (GOSP), instituição próxima do que seria o Governo Estadual para o Brasil e que tenho a incumbência de liderar, realiza uma série de iniciativas para, de maneira completamente transparente, se aproximar do restante da sociedade civil e ajudá-la em projetos que visam melhorar nosso País. Apenas para citar um exemplo, o GOSP encabeça hoje a criação coletiva das 33 Medidas por um Brasil Justo e Perfeito, buscando contribuir para o resgate de uma sociedade mais justa, sustentável e com igualdade de condições de desenvolvimento.
Mais do que propor essa mudança, a Maçonaria de São Paulo age como um catalisador, reunindo Irmãos e cabeças pensantes da sociedade brasileira para pensar a respeito de desenvolvimento econômico, sustentabilidade, construção social e política e integração com a sociedade, pilares que sustentam o projeto das 33 Medidas.
Seja no passado ou hoje, enfrentando a escravatura ou mesmo notícias falsas, a Ordem sempre se manteve à postos para lutar pelos ideais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Nesses 300 anos de mundo e 195 de Brasil, os Maçons nunca desistiram e nem desistirão, pois sabem que não há obra que se erga sem que na argamassa esteja misturado o suor do pedreiro.
(*) – É Grão-Mestre Estadual do Grande Oriente de São Paulo (GOSP), a maior Maçonaria da América Latina, representando mais de 25 mil maçons em todo o estado.