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Empresas e a agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável

em Artigos
segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Reinaldo Dias (*)

A sustentabilidade vai muito além da Responsabilidade Social corporativa, da filantropia ou do altruísmo.

A Agenda de Desenvolvimento 2030 foi oficialmente adotada pelos Chefes de Estado e de Governo do mundo todo na “Cúpula das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável 2015”, que teve lugar na sede da ONU, em Nova York, de 25 a 27 de setembro. Tem como objetivo principal a implementação no período de 2016 a 2030 dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).

A Agenda 2030 compreende um conjunto de programas, ações e diretrizes que orientarão a todos – governos, instituições, empresas e pessoas de modo geral – em trabalhos que contribuam para que se caminhe rumo ao desenvolvimento sustentável.

A nova agenda abre a oportunidade para que as empresas agreguem valor ao seu negócio e ao mesmo tempo contribuam ao bem comum compartilhando sua geração de riqueza. Ao assumir essa responsabilidade social, as empresas estarão assegurando um lugar no futuro, valorizando socialmente sua marca e estabelecendo uma relação mais amigável com a sociedade.

Para as empresas, a sustentabilidade vai muito além da Responsabilidade Social corporativa, da filantropia ou do altruísmo. Inclui temas como produção e consumo, ecossistemas, a paz, a justiça, água potável e saneamento, energia renovável entre outros. Todos estão relacionados com o que fazer das empresas e sua adoção é fundamental para a agregação de valor.

A questão da sustentabilidade não envolve somente temas verdes, mas inclui os padrões trabalhistas adotados, a inexistência de trabalho infantil, a não ocorrência de discriminação da mulher, que a empresa não seja cúmplice de fornecedores que violem os direitos humanos. Ao assumir os 17 ODS a empresa deve reduzir os riscos operacionais e que afetem sua reputação para que desse modo adquira uma imagem empresarial mais positiva.

A agregação de valor ao assumir os ODS tem na utilização energética uma questão central, como um dos temas mais relevantes e no topo da agenda nos próximos anos. A busca incessante pela utilização de energias alternativas deve se um objetivo permanente das empresas, mesmo porque a tendência é que a regulação governamental se acentue nessa questão com o estabelecimento de incentivos, mas também penalidades aos que não cumprirem os objetivos estabelecidos pelos diversos níveis de regulação governamental.

De importância tão significativa quanto a energia está a utilização da água, que deverá se tornar um problema cada vez maior em função dos períodos de seca mais constantes devido à elevação da temperatura global. O desperdício de água deve ser evitado e a sua reutilização constante devem ser metas a serem atingidas com rapidez pelas organizações.

As alianças estratégicas entre o setor privado e o setor público e o terceiro setor deverão ser intensificadas, pois cada um tem um papel a contribuir na geração de riqueza. As empresas devem perder o temor de estabelecer parcerias estratégicas com as organizações não-governamentais, pois estas têm expertise no âmbito social e ambiental que supera ao das empresas. Isto porque as empresas que não se envolverem nos próximos anos na solução de problemas sociais e ambientais deverão perder competitividade.

O combate às mudanças climáticas deve impactar fortemente nos processos produtivos que contribuem para o aquecimento global, a produção mais limpa deve ser meta a ser alcançada na produção industrial. O processo de inovação deverá ser incrementado para mudar os padrões de produção e gerar novas tecnologias e processos mais sustentáveis do ponto de vista ambiental.

A sustentabilidade deve ser alcançada, também, evitando a corrupção e assegurando qualidade de vida aos funcionários. Operar dentro dos parâmetros da sustentabilidade significa, portanto, que o princípio do negócio é que deve ser um negócio de princípios.

(*) – É professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, campus Campinas. Doutor em Ciências Sociais e Mestre em Ciência Política pela Unicamp. É especialista em Ciências Ambientais.