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Educação: fortalecer os vínculos é nosso novo normal

em Artigos
terça-feira, 01 de setembro de 2020

Felipe Mazzoni Pierzynski (*)

O cenário educacional sofre os impactos da pandemia do coronavírus desde março.

No Brasil, cerca de 47,9 milhões de crianças e adolescentes estão fora da sala de aula desde a segunda quinzena daquele mês. Segundo dados do IBGE, as adversidades desse período são muitas, a começar pela adaptação de Escolas e professores, pais e alunos, além das dificuldades econômicas e a evasão escolar, entre outros. Diante de tantos desafios, quais os aprendizados e descobertas o mercado educacional pode levar para o futuro?

A primeira e principal delas é o fortalecimento de vínculos. Só será possível passarmos por esse momento juntos, e isso não é uma máxima clichê. A adaptação das Escolas para formatos online, a contratação de plataformas que possam auxiliar no processo, os plantões de dúvidas dos professores, a readequação na maneira de passar os conteúdos, uma atenção e um retorno imediato aos pais, que há meses se desdobram nas atividades com os filhos.

Todas as ações reforçam um cuidado para além da Educação, em um período em que há barreiras para a presença física, utilizar as melhores tecnologias, se faz ainda mais necessário para garantir a qualidade do Ensino, a aprendizagem e também o bem-estar dos alunos e familiares.
O vínculo pode ser garantido com uma escuta efetiva, um diálogo aberto e transparente além de uma atenção que saiba acolher e entender cada uma das necessidades.

Como já muito se fala, há um impacto econômico sentido pelas Escolas com cancelamento de matrículas, perda de receita, negociações, inadimplência. Sem dúvidas, pontos desafiadores enfrentados por todos os envolvidos nesse setor. Mas quantos desafios a educação vem enfrentando nos últimos anos?

Segundo pesquisa da ONG Todos pela Educação, apesar do constante crescimento nos últimos anos, com 96,4% de alunos matriculados hoje no Brasil, ainda restam 1,5 milhão de brasileiros de 0 a 17 anos fora da Escola. Isso implica em esforços para garantir uma educação de qualidade e também diminuir as desigualdades sociais. A pandemia certamente atingiu todas as Escolas.

Mas foi nas comunidades mais empobrecidas, que os efeitos colaterais se mostram ainda mais implacáveis e nos revelam o quanto ainda precisamos avançar na construção de pontes que diminuam as distâncias quando o assunto é o direito das crianças, adolescentes e jovens à uma educação de qualidade.

A área de Educação Básica do Grupo Marista é responsável por 40 colégios, sendo 20 da rede privada e 20 Escolas Sociais, que atendem gratuitamente mais de 7 mil crianças, adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade social dentro de comunidades empobrecidas de São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Contextos sociais muito distintos e que a pandemia só evidenciou a necessidade de fortalecermos vínculos na Educação para que nossas crianças e jovens não percam o protagonismo do presente.

Além disso, os cuidados também vão além dos muros da escola – e agora de computadores e celulares -, é preciso, mais do que nunca garantir o bem-estar socioemocional de toda comunidade escolar. Com esse olhar mais humano, por aqui criamos uma área de atenção integral com o objetivo de acolher as necessidades emocionais dos estudantes, além de garantir e defender os direitos das crianças e dos adolescentes, principalmente os que estão mais expostos às vulnerabilidades.

Embora todos os atendimentos do Marista Escolas Sociais sejam gratuitos, durante a pandemia os desafios têm aumentado diariamente, e para que os alunos continuem tendo acesso ao conteúdo das disciplinas foi necessária uma ação conjunta que envolve a distribuição de material impresso, aulas online via plataforma Microsoft TEAMS, mas principalmente, utilizar os perfis nas redes sociais das escolas, professores, alunos e famílias os transformando também em novas ferramentas pedagógicas.

Em uma realidade em que cerca de 40% dos alunos não tem acesso a internet banda larga em casa, foi preciso fortalecer o vínculo entre as Escola e as famílias, entender as dificuldades individuais e não desistir de fazer com que a educação continue chegando até mesmo nos lugares onde a internet não chega.

(*) – É Diretor de Negócios da Área de Educação Básica do Grupo Marista.