Mariana Bonora (*)
Há muito tempo considerado a espinha dorsal da economia do país, o setor agropecuário brasileiro enfrenta desafios que passam da variabilidade climática à necessidade de incorporar inovações tecnológicas que ajudem a aumentar a produtividade.
Com mais de 5 milhões de produtores no Brasil, a dificuldade de acessar financiamentos com taxas acessíveis é um entrave significativo. Os altos custos e a burocracia associados a formas tradicionais de obtenção de capital limitam o crescimento desses empreendedores, tornando o crowdfunding uma alternativa eficiente e menos complexa.
Nesse contexto, o financiamento coletivo surge como uma ferramenta valiosa, capaz de aliviar as pressões financeiras sobre os agricultores e impulsionar a adoção de tecnologias. A estratégia, além de ser uma forma de financiamento, funciona também como uma comunidade de apoiadores que compartilham uma visão em comum para impulsionar a agricultura brasileira. Na busca por simplificar o processo de obtenção de recursos, a iniciativa responde diretamente aos desafios enfrentados pelos pequenos produtores rurais no ecossistema do agronegócio.
Desempenhando papel fundamental na modernização da agricultura brasileira, o número de agtechs (empresas que desenvolvem soluções tecnológicas para o agronegócio) tem crescido de maneira notável. Já são mais de 1,9 mil startups dedicadas ao setor, investindo em tecnologias como sensores IoT (Internet das Coisas), drones agrícolas e inteligência artificial para otimizar o uso de recursos, melhorar a eficiência operacional e fornecer dados analíticos valiosos. O número é 14,7% maior do que o registrado no mapeamento de 2022, de acordo com levantamento do Radar Agtech – plataforma de mapeamento das Agtechs e Foodtechs brasileiras.
Embora a discussão seja recente, algumas plataformas já estão dedicadas a conectar agricultores a investidores interessados, proporcionando uma via direta para financiar empreendimentos promissores. Essa abordagem descentralizada não apenas democratiza o acesso ao capital, mas também fomenta a inovação ao permitir que projetos encontrem suporte fora dos canais tradicionais.
À medida em que o segmento agropecuário brasileiro abraça a tecnologia, esse é um caminho que se torna um aliado indispensável. Além de fornecer recursos financeiros, o financiamento coletivo inspira uma nova era de colaboração e inovação no campo. O apoio aos agricultores por meio do crowdfunding não apenas impulsiona a produtividade e a sustentabilidade, mas também solidifica o papel vital do setor agropecuário na construção do futuro do Brasil.
(*) Diretora da Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs).