Marcelo Spaziani (*)
Até 2022, é esperado que mais de 176 milhões de pessoas na América Latina comprem bens e serviços on-line. E que as vendas do varejo na região cheguem a USS$ 2,35 trilhões.
E essa necessidade está aumentando com a COVID-19. Seria esse um pedido para transformarmos as cadeias de suprimentos? Se olharmos para o futuro, é cada vez mais evidente que as empresas precisam trabalhar para fortalecer as cadeias de suprimentos, tornando-as cada vez mais resilientes e ajudando no abastecimento de produtos.
Globalmente, as cadeias de suprimentos estão sendo submetidas a novas condições voláteis e estão sendo desafiadas além de seus limites.
Embora o foco atual esteja em manter o suprimento e atender às necessidades dos clientes, as organizações devem considerar como reagir a essas situações, preparando-se para a próxima interrupção, enquanto continuam agregando valor aos clientes finais. E é aí que a tecnologia se torna a aliada fundamental para ajudar as empresas a percorrer esse caminho, fortalecendo as cadeias com informações em tempo real e ação decisiva e permitindo uma melhor capacidade de resposta em três frentes:
1. Visibilidade e orientação preditiva dos acontecimentos. Imagine uma “torre de controle” que ajude os profissionais da cadeia de suprimentos com dados e recomendações preditivas. Isso permite que eles tomem decisões mais rápidas e inteligentes no gerenciamento das cadeias de suprimentos.
A inteligência artificial atuaria como essa “torre de controle”. Por um lado, daria visibilidade a possíveis interrupções em toda a cadeia, incluindo o inventário, a fase de armazenamento e tudo relacionado ao equipamento e sua manutenção. E, por outro lado, permitiria incidir com antecedência sobre essas possíveis falhas, o que, em última análise, afetaria a experiência e a satisfação do cliente.
2. Digitalização de cadeias de suprimentos. O funcionamento do comércio mundial, como outras indústrias, depende de trocas eficientes de informações, especialmente documentos. Enquanto os ecossistemas empresariais e governamentais de todo o mundo agora estão digitalizando processos e automatizando os gargalos da garrafa; o comércio internacional, devido à sua formalidade e burocracia associada, teve um processo mais lento na digitalização.
Como a tecnologia está facilitando esse processo? A verdade é que o desenvolvimento da tecnologia blockchain está liberando a indústria de processos manuais e sistemas legados que dificultam a transparência, acessibilidade e visibilidade dos documentos. Uma liderança que busca a hiperconexão, para alcançar aprendizado exponencial, gera eficiências no sistema. Por exemplo, mais de 50 portos e terminais na América Latina fazem parte da rede TradeLens, contribuindo com dados para a rede e podendo fazer previsões com base nessas informações.
3. Rastreabilidade. Associado a essa digitalização e a uma maior cooperação entre as partes, o blockchain também permite a rastreabilidade. Ou seja, todos os participantes do sistema podem conhecer a origem, a localização em tempo real e o status de seus produtos em toda a cadeia. Dessa forma, as empresas podem desenvolver modelos mais precisos de previsão de oferta e demanda, localizar o fornecimento de matérias-primas e reestruturar contratos.
Um exemplo é a rede Food Trust, baseada no blockchain da IBM, que monitora alimentos e produtos desde o momento em que são produzidos até a escolha do consumidor no supermercado. Atualmente, vários varejistas em todo o mundo, como Carrefour e Nestlé, além de produtores em nossa região, fazem parte da rede para reduzir o desperdício e ajudar as cadeias de alimentos e distribuição não irem à falência.
Embora ninguém possa prever o que o amanhã tem reservado, podemos trabalhar hoje para construir uma cadeia de suprimentos global mais inteligente e eficiente, preparando as empresas para emergirem mais fortes. As organizações podem tirar proveito da inteligência artificial e do blockchain, entre outras tecnologias, para ajudarem a transformar o imprevisto no antecipado e estar mais preparadas para o amanhã.
(*) – É Vice Presidente de Vendas da IBM para a América Latina.