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Pasto com genética superior gera ganho de peso 25% acima da média em rebanho nelore

em Agronegócio
sexta-feira, 08 de março de 2024

Sistema produtivo baseado na brachiária híbrida Mavuno antecipou em três meses o tempo necessário para o abate

A opção por um capim com genética superior e seu manejo adequado garantiram à Fazenda Rancho Alegre, em Auriflama (SP), um Ganho Médio Diário de Carcaça (GMDC) 25% acima da média nacional para um rebanho da raça nelore criado à pasto.

O valor do GMDC ficou em 1,25 quilo por dia na fase de terminação, etapa em que os animais foram para um ciclo de semiconfinamento visando acelerar o ganho de peso para o abate. Durante 100 dias, o gado se alimentou da brachiaria híbrida Mavuno e mais 2,5% do peso vivo do rebanho em ração no cocho.

O ganho de carcaça superior a um quilo por dia é um indicador crucial para a lucratividade do pecuarista, uma vez que os frigoríficos remuneram o produtor com base no peso da carcaça.

Anteriormente à terminação em semiconfinamento, na fase de recria, período mais longo entre o desmame e a terminação, a alimentação foi baseada no capim Mavuno, com suplementação de apenas 0,3% do peso vivo do rebanho, considerada de baixo consumo.

“Quando a gente pensa em recria, o objetivo era ganhar de seis à sete arrobas. Terminamos a fase com 9,5 arrobas por animal, em média”, afirma Rayner Sversut Barbieri, pecuarista, proprietário da Fazenda e pesquisador na área de manejo de pastagens.

Durante 154 dias de recria, os animais tiveram um ganho médio de peso diário de 0,76 quilo, o que antecipou em três meses o tempo necessário para o abate, considerando que o ganho médio em recria, em um sistema médio a intensivo no Brasil, deveria ser de pelo menos 0,55 quilo por dia.

“Na pecuária de corte a pasto, a nutrição do rebanho tem como base o capim. O suplemento, como o próprio nome diz, é para suplementar e corrigir deficiências nutricionais do capim. Por isso digo que a influência do capim Mavuno nos resultados foi total”, explica Barbieri, que é coordenador do curso de Zootecnia da Fazu – Faculdades Associadas de Uberaba, doutor em Sistemas de Produção (recuperação de pastagens) pela Unesp – Universidade Estadual Paulista e consultor em manejo de pastagens, formulação e balanceamento de dietas para bovinos de corte.

O especialista ressalta, entretanto, que intensificação da produção precisa ser horizontal e completa. “Tem que ter controle gerencial de todas as atividades, ficar atento ao manejo da pastagem – correção e adubação do solo, manejo do pastejo, infraestrutura e mão de obra, características do rebanho – genética, manejo, bem-estar e sanidade. Se pecar em alguns desses pontos já perde rendimento”, alerta.

Implantação do pasto
Como pecuarista e pesquisador, Barbieri descreveu o sistema utilizado para obter os expressivos resultados com o rebanho alimentado à pasto. O material foi elaborado em parceria com o engenheiro agrônomo Edson Castro Júnior, coordenador técnico da Wolf Sementes, empresa que desenvolveu a brachiaria híbrida Mavuno.

O pasto com capim Mavuno foi estabelecido na safra 2021/22 em uma área de 7,35 hectares da Fazenda Rancho Alegre que necessitava reforma. A semeadura foi feita em novembro/2021, em consórcio com sorgo forrageiro para silagem. O sorgo com 90 centímetros de espaçamento e 15 sementes por metro linear e o Mavuno, a lanço, numa proporção de 8 quilos por hectare.

No plantio foi utilizada adubação com 145 quilos por hectare na formulação 8-28-16. Após 30 dias, foi realizada uma adubação de cobertura de 600 quilos por hectare na proporção 20-05-20. O sorgo foi colhido no final de março.

Na implantação, a área ainda enfrentou desafios e pressões de pragas como pulgão e lagarta, que afetaram visualmente o sorgo, mas não o Mavuno.

Após a colheita, o pasto com Mavuno foi vedado e sem adubação até atingir a altura de 40 centímetros, indicada para entrada do pastejo. Na ocasião a análise bromatológica que indicou o alto teor de 15,5% de proteína bruta do Mavuno, com 22,89% de massa seca.

O Mavuno tem por excelência alta palatabilidade e digestibilidade, que favorece a engorda dos animais à pasto, com explica o coordenador técnico da Wolf Sementes.

“Como o próprio professor Rayner aponta, a suplementação de baixo consumo ajudou mais na digestibilidade e no maior consumo do capim, evidenciando que o bom desempenho veio mesmo da alta qualidade do capim Mavuno”, destaca Edson Castro.

De acordo com o pesquisador, a ideia agora é manter a área com Mavuno, fazendo eventuais ajustes na taxa de lotação. “Se for o caso de colocar mais animais, aumentamos a adubação do pasto e a suplementação. A partir de março, levamos os animais para o confinamento e na seca, diminuímos a lotação ou vedamos a área para o capim poder se recuperar na entressafra”, explica Barbieri.