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Intervenção militar seria enorme retrocesso, diz comandante do Exército

em Manchete
terça-feira, 23 de janeiro de 2018
Tiago Corrêa/Dircon-CMM

Tiago Corrêa/Dircon-CMM

Comandante do Exército, general Eduardo Dias da Costa Villas Bôas.

O comandante do Exército Brasileiro, general Eduardo Dias da Costa Villas Bôas, afirmou ontem (23) que a existência de setores da sociedade que pedem intervenção militar no Brasil, sinaliza a gravidade dos problemas que o país enfrenta. “Isso é um termômetro da gravidade do problema que estamos vivendo no país. Intervenção militar seria um enorme retrocesso”, disse Villas Bôas, em palestra no Seminário Brasil: Imperativo Renascer, realizado na Escola de Magistratura do Estado do Rio de Janeiro.
O general Villas Bôas citou uma pesquisa de opinião que apontava o apoio de mais 40% da população à ideia de intervenção, e disse que tal adesão, por outro lado, reflete a confiança desses setores da população nas Forças Armadas. “Interpreto também aí uma identificação da sociedade com os valores que as Forças Armadas expressam, manifestam e representam”, acrescentou. De acordo com o general, a Marinha, o Exército e a Aeronáutica são também “guardiões da identidade nacional”, que ele considera estar em um caminho de fragmentação.
Villas Bôas destacou que o tema defesa não teve relevância nas últimas campanhas políticas. Para tentar inverter esse cenário, o general disse que o Exército tem dialogado com candidatos à Presidência da República. Na visão do comandante do Exército, existe no país uma percepção de que a soberania nacional não sofre ameaças, o que faz com que o debate sobre defesa não tenha apelo na sociedade. “Somos o único grande país não beligerante. Este é o lado ruim de uma coisa boa. Nos falta o sentimento de um projeto nacional”.
Entre as funções das Forças Armadas no país, Villas Bôas mencionou o emprego de militares em operações como as de Garantia da Lei e da Ordem, em curso atualmente no Rio de Janeiro. No caso do Rio Grande do Norte, o general disse acreditar que as operações vão ser necessárias novamente. “Em um ano e meio, fomos empregados três vezes no Rio Grande do Norte e, nesse espaço de tempo, não houve nenhuma modificação estrutural no sistema de segurança pública daquele estado. E nós sabemos que logo seremos chamados a intervir novamente” (ABr).