Data: 16 de agosto de 1977; local: Memphis, Tennessee, EUA
Há 40 anos o mundo era surpreendido com a notícia da morte de Elvis Presley, o precursor da música jovem e considerado por quase todos, o Rei do Rock. Naquele dia, a informação chegaria ainda pela manhã através dos teletipos das agências internacionais e logo em seguida as emissoras de rádio passariam a colocar em sua programação alguns dos muitos sucessos do artista.
O atestado de óbito diagnosticou arritmia cardíaca cujas causas estavam associadas à obesidade e ao consumo abusivo de drogas contidas em medicamentos para emagrecer. Chegaram a dizer que Elvis morreu de uma overdose de drogas ilícitas, mas essa tese nunca se confirmou.
Poucos, porém, tiveram acesso ao velório que transcorreu em sigilo na casa do artista com a participação apenas dos familiares e de pessoas muito próximas a ele. Uma multidão cercou a residência assim que a notícia de sua morte foi divulgada e todos estranharam o fato de não estar havendo uma cerimônia pública de despedida de um ídolo que embalou os sonhos de pelo menos três gerações. Por isso os fãs mais ardorosos passaram a gritar em frente à casa já naquele dia: “Elvis não morreu”.
Mas o sepultamento aconteceu na cripta instalada num cemitério de Memphis, estado de Tennessee, nos Estados Unidos, sendo depois o esquife transferido passados dois meses, para um túmulo definitivo em outra propriedade particular do cantor chamada Graceland, onde já estava enterrado o corpo de sua mãe.
Elvis Aaron Presley se iniciou na vida como motorista de caminhão tendo trabalhado depois lanterninha de cinema. Não tinha ainda completado 19 anos quando decidiu gravar de presente para sua mãe um acetato onde cantou duas conhecidas músicas do estilo “Rhythm and Blues”, dando a elas um andamento mais veloz. Pagou US$ 3,98 por este disco em 78 rotações de tiragem única, sem saber que a gravação tinha impressionado a recepcionista que lhe perguntou, quando ele já deixava o recinto, que estilo era aquele. Elvis respondeu: “Eu canto todos os tipos de música”.
Ela avisou seu chefe, Sam Phillips, que decidiu ouvir a gravação o contratando no dia seguinte. O sucesso foi imediato, começando logo em seguida os convites para apresentações e vieram então as danças extravagantes, as roupas diferentes, o delírio das fãs e os programas televisivos. Sam Phillips, dono da gravadora Sun Music, vendeu então seu contrato para a RCA e foram milhões de discos vendidos em todo o mundo e 31 filmes que ainda servem de amostra da importância e da grandeza de Elvis Presley.
Por isso convém perguntar emblematicamente se Elvis morreu mesmo, ou não? Certa vez fiz essa pergunta para o mestre em comunicação Salomão Ésper em um bate papo na Academia Paulista de Jornalismo. “Se o mito Elvis está vivo, como dizem, porque não se ouve mais as suas músicas?”, respondeu o titular do Jornal da Gente, da Rádio Bandeirantes, em tom de interrogação. Ele se referia justamente às emissoras de rádio com programação musical que já não colocam mais as canções do artista. De fato, as emissoras “flashback” usam a cronologia das três últimas décadas para fazer sua seleção musical e faz 40 anos que o Rei do Rock deixou este mundo. Seu estilo de algum modo já está ultrapassado.
Certa vez conversando com o colega Ronald Gimenez, apresentador do programa Arquivo Musical, também da Bandeirantes, pelo Facebook, sugeri que a produção mantivesse na seleção não só Elvis Presley, mas também Frank Sinatra e os Beatles, sob a alegação que estes artistas ainda agradam aos ouvintes nostálgicos ou que buscam informações sobre a história da música. Ao que me consta, Ronald Gimenez concordou com a nossa sugestão porque pelo menos no horário desse tradicional programa, que vai ao ar nos domingos pela manhã, esses três grandes nomes da música ainda aparecem.
Em 2010 o médico particular de Elvis Presley, Dr. George Nichopoulos, revelou que o excessivo ganho de peso que preocupava o músico estava ligado a uma obstrução intestinal que lhe ocasionava dores e uma prisão de ventre crônica. O médico disse ter sugerido à época uma cirurgia para a implantação de uma bolsa lateral chamada colostomia, mas que o cantor recusou esse procedimento que traria a ele dificuldades para se apresentar em público.
Elvis decidiu então tratar-se apenas com medicamentos, mas morreu pouco tempo depois, sentado no banheiro de sua casa, naquele agosto de 1977. O acontecimento chocou a própria família que para evitar especulações promoveu o sigilo em torno da morte.
De lá para cá, 40 anos depois, Elvis Presley jamais deixou de ser uma figura conhecida. Suas roupas e seu topete permanecem em vários desenhos e ilustrações que vemos a cada momento e nos milhares de artistas covers esparramados pelo mundo todo.
No Brasil, Renato Carlini é considerado o maior e o mais fiel cantor cover de Elvis. Em sua página na internet, Carlini informa que tem mais de 20 anos de carreira, esteve em diversos programas de televisão e que realizou mais de duas mil apresentações imitando Elvis em território nacional e países vizinhos, com a satisfação total dos contratantes e do público em geral.
Sendo assim, e diante de mais essa informação convém perguntar agora a opinião dos leitores. E para vocês: Elvis não morreu?
(*) Geraldo Nunes, jornalista e memorialista, integra a Academia Paulista de História. ([email protected]).