Benedicto Ismael Camargo Dutra (*)
Tem sido lamentável a imperícia na condução das contas públicas. Recursos retirados da saúde e educação foram absorvidos por juros e perdas cambiais.
O desemprego tem aumentado por vários fatores, inclusive pela desindustrialização. É preciso recobrar o equilíbrio com seriedade e competência na governança, e bons exemplos da classe política que se posta como dona do país visando vantagens pessoais em confronto com o poder econômico.
Na crise financeira de 2008, os ativos inflados artificialmente pela economia de bolhas que transformou o mercado financeiro em cassino, atraindo grande volume de capitais para os Estados Unidos, estão sendo mantidos na atualidade pelos anabolizantes das finanças e endividamento público, como sendo os alicerces do mercado financeiro, mas que podem implodir a qualquer momento, arrastando também o Brasil despreparado para o limbo. A situação financeira global está complicada, com muita liquidez e pouca atividade.
Com juros de 14,25%, a dívida vai aumentando. Quem pode, aumenta os preços; quem não pode, vê os custos aumentarem e as receitas baixarem, sejam empresas ou trabalhadores. Portanto, há a grande dúvida sobre o benefício que a manutenção dos juros nesse nível possa trazer. O que se tem observado é a estagnação ou declínio da atividade econômica com a perda de empregos. O Brasil permanece sendo simples peão sem vontade própria no tabuleiro global, sem planos para produzir e exportar mais. Dependente de importações, o país desvaloriza o câmbio.
O Brasil deveria ter reduzido a sua condição de importador deficitário, que troca matérias-primas por bugigangas, mas vem regredindo há décadas devido às governanças descompromissadas com o progresso real, cuja atuação tem sido voltada prioritariamente para a conservação do poder. Saímos do ruim e caímos no pior com o PT que tendia para criar no país uma nova Venezuela arrasada. Agora temos de sair do marasmo e defender os interesses daqueles que aqui vivem e se esforçam por um futuro melhor.
A governança do país não tem se preocupado com os déficits internos, da balança comercial e das contas externas. Para a cobertura, ou aumenta a dívida ou vende tudo, como está acontecendo. Os Bancos Centrais colocaram uma montanha de dinheiro no mercado global; parte disso desemboca nos emergentes, mas isso não está trazendo benefícios, pois os ativos vão mudando de dono, mas não há expansão da economia. Como vai ser quando chegar a hora da remessa dos lucros?
Na história vem se ampliando o divórcio entre a economia e a natureza, e o bem-estar da humanidade, no que se refere ao progresso material e ao aprimoramento pessoal. Assim foram gerados vários desequilíbrios afetando profundamente a qualidade de vida e a segurança na mal disfarçada beligerância econômico-financeira entre os blocos. Os ajustes que se ensaiam esbarram nos desequilíbrios gerando outros, pois o mal básico reside nas estruturações que se afastaram da naturalidade.
O Brasil e o planeta precisam de uma geração forte que pense com simplicidade, clareza e naturalidade. Os jovens gastam muita energia com futilidades via smartphones. Não se trata apenas de enxergar a vida pequena pela telinha, mas da real possibilidade de estar perdendo foco e energia. É necessário reduzir o tempo dispendido nessa atividade que permite a invasão da mente, bloqueando o contato com o eu interior.
Essa é a grande diferença entre o ser humano com capacidade de pensar e analisar, e a máquina que executa os comandos automaticamente. O essencial é preparar os jovens para construir um futuro melhor, pois muitos deles estão sem propósitos enobrecedores e se concentrando apenas em ninharias e prazeres.
(*) – Graduado pela FEA/USP, realiza palestras sobre qualidade de vida. Coordena sites (www.vidaeaprendizado.com.br) e (www.library.com.br). Autor de: Nola – o manuscrito que abalou o mundo; O segredo de Darwin; 2012…e depois?; Desenvolvimento Humano; e A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade ([email protected]).