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Tecnologia 21/06/2016

em Tecnologia
segunda-feira, 20 de junho de 2016

Volume de dados exigirá velocidade para sobreviver ao Big Data

Em 1819, uma mensagem levaria 27 dias para fazer a travessia do Oceano Atlântico a bordo do navio a vapor SS Savannah

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Marlos Bosso (*)

Exatamente um século depois, esse mesmo trajeto poderia ser feito em apenas três dias, embarcando no primeiro voo transatlântico direto. Mais um século passou e já estamos conectados ao mundo todo em tempo real. Estamos lidando com mais de dois bilhões de usuários de redes sociais e smartphones ao redor do mundo – e todos eles gerando valiosos dados.
No campo da ciência, um dos maiores telescópios em operação desde 2000 – o SDSS (Sloan Digital Sky Survey), gerou 150 terabytes de dados ao longo de 15 anos de operação. Todos esses dados foram pré-processados e disponibilizados para consulta da comunidade científica, contribuindo com conhecimento para mais de 5800 artigos científicos e cerca de 250 mil citações.
E vai além – um novo telescópio está sendo construído no Chile e deve ficar operacional em 2019. O LSST (Large Synoptic Survey Telescope) produzirá um total de 40 terabytes ao dia. Ou seja, em apenas quatro dias será gerada a mesma quantidade de dados de toda a vida útil do SDSS.
Diversos outros setores, como de Telecom, Saúde, Serviços Públicos e Transportes, por exemplo, também têm sofrido transformações disruptivas no modo de lidar com essa explosão de dados. Na indústria automobilística, um número significativo de carros conectados já circula nas ruas, e deve somar 150 milhões de carros ligados à Internet das Coisas até 2020.
Na aviação, um Boeing 787 Dreamliner, fabricado pela primeira vez em 2007, produz aproximadamente um terabyte de informações por voo. Algumas companhias aéreas já estão colocando sistemas de streaming de dados a bordo de modelos como o próprio 787, tornando a caixa preta, hoje imprescindível, em um acessório de necessidade questionável.
Então imagine que, quando consideramos a previsão de mais de 50 bilhões de dispositivos conectados à Internet das Coisas até 2020, estamos tratando de um volume de dados de dezenas de milhares de petabytes por dia. É algo tão massivo que, até o momento da informação ser armazenada e processada por métodos tradicionais, ela corre o risco de se tornar irrelevante diante da velocidade exigida nos negócios.
Com o propósito de solucionar essa previsão apocalíptica do mundo de Big Data, tecnologias de CEP (Complex Event Processing), como o SAS ESP (Event Stream Processing), foram desenvolvidas para analisar os dados em tempo real, enquanto fluem e antes de serem escritos em disco. Isso torna possível descartar aqueles sem valor para os objetivos das empresas e, sobretudo, não interferir no fluxo dessas informações.
Além disso, surgiram plataformas de código aberto para receber, distribuir e processar grandes massas de dados, utilizando servidores simples e de custo reduzido, como o Hadoop. Por ser open source, a comunidade de desenvolvedores pode evoluir a tecnologia em paralelo a diferentes fins e necessidades do mercado, com uma agilidade impressionante, além de escalar a um número enorme de tarefas simultâneas.
Apesar do avanço no desenvolvimento e adoção de ferramentas cada vez mais poderosas de CEP, as empresas precisarão compreender a necessidade de mergulhar, sem hesitação, na cultura de dados em tempo real – ou perder para um volume de dados que praticamente dobra a cada dois anos.
Com esse novo paradigma dos moldes de Big Data, no qual o volume de dados é tão surpreendente quanto as velocidades exigidas para seu processamento e análise, a realidade dos times de TI caminha entre o tempo real e o futuro. É muito impressionante o quanto já evoluímos desde a viagem histórica do SS Savannah, 200 anos atrás, mas, talvez, as mudanças que precisaremos passar para tirar grande proveito da próxima década conectada sejam ainda maiores. É preciso lidar com a realidade de dados em peso, medida e, principalmente, velocidade em um novo patamar.

(*) É consultor de pré-vendas do SAS Brasil.

PLATAFORMA DE SERVIÇOS BANCÁRIOS DIGITAIS

A Unisys Corporation (NYSE: UIS) anuncia colaboração com a Sandstone Technology e a Payment Card Technologies (PCT) para o lançamento da plataforma de digital banking USP (Unisys, Sandstone e PCT). A nova solução foi desenvolvida para auxiliar as instituições financeiras a atenderem às necessidades de inovação de seus clientes, fornecendo serviços bancários digitais seguros, por meio de diversas plataformas, incluindo dispositivos móveis, tablets e navegadores de Internet.
A parceria entrega de forma simples soluções de ponta da Unisys, Sandstone Technology e PCT. A plataforma USP pode ser implementada em organizações entrantes no mercado ou em instituições financeiras já estabelecidas, com a capacidade de proporcionar uma experiência digital em múltiplos canais, incluindo a geração de crédito imobiliário, empréstimos e contas poupança e corrente, em uma solução econômica. A plataforma fornece biometria adaptável integrada e análise de dados para identificar os clientes com segurança e validar transações, com a finalidade de reduzir fraudes e aprimorar a experiência do usuário.
A plataforma digital para bancos pode ser fornecida no modelo como serviço (PaaS) a partir de uma nuvem pública ou privada e também como uma solução on-premise (no local). Ambas as opões são protegidas pelo Stealth™, que utiliza técnicas de microssegmentação baseada em identidade e criptografia, auxiliando na redução de ataques cibernéticos dentro ou fora da organização, ao deixar dispositivos, dados e usuários finais indetectáveis nas redes.
Eric Crabtree, diretor global de Financial Services da Unisys explica que “o desafio de hoje para muitos bancos e instituições financeiras é como ser relevante e estar em dia com as necessidades de inovação dos clientes. As novas gerações querem uma nova experiência bancária e preferem utilizar smartphones e Internet, em vez do banco físico tradicional”.

Quantidade de dados gerados pelas empresas vai mudar as estratégias de negócios até 2020

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Nos próximos quatro anos, a ascensão da Internet das Coisas e todas as ferramentas tecnológicas ligadas a ela gerarão um incontável número de dados, que promete impactar todo o universo corporativo. Sabendo como a tecnologia será, não só um impulsionador, como fator decisivo para o sucesso das empresas, o CTO da Hitachi Data Systems – empresa subsidiária da Hitachi Ltd., Hu Yoshida e o VP responsável por análise de concorrência da HDS, Harry Zimmer, estão no Brasil e falam sobre o futuro das soluções e estratégias tecnológicas no mundo dos negócios.
A estimativa de dados gerados até o ano de 2020 é tão gigantesca, que os especialistas terão que medir o volume em termos de distância da Terra à Lua. Os dados estão crescendo de forma exponencial e, segundo Yoshida, a velocidade com a qual desenvolvemos maneiras de armazená-los sempre será inferior da qual os geramos. Apenas 15% do volume existente de dados será realmente armazenado pelas empresas daqui a quatro anos.
A Digital Transformation altera a maneira de condução de todos os tipos de negócios, em qualquer âmbito. O investimento nas áreas de TI levanta temas relevantes para a ampliação e continuidade das empresas e demanda atenção dos CEOs. Soluções relacionadas a IoT, Mobilidade, Otimização de Plataforma e Cloud Computing, por exemplo, são constantemente desenvolvidas e aperfeiçoadas pela Hitachi Data Systems com esse propósito.
Yoshida e Zimmer mostram que, com os grandes volumes de dados úteis para o processo de inovação corporativo, as organizações precisam integrar e analisar toda essa informação. Analytics será a chave para processar de maneira rápida e segura o crescente fluxo de dados, influenciar fortemente as tomadas de decisões empresariais e, dessa forma, criar vantagem competitiva.
“No futuro a atenção se centrará em um bom armazenamento e análise de dados. Em vez de centro de informações individuais, nuvens com dados independentes serão necessários para o desenvolvimento de qualquer negócio”, finaliza Yoshida.

A revolução digital pode matar os bancos tradicionais?

Simon Mulcahy (*)

Nenhum tema foi tão discutido no meio corporativo entre 2015 e 2016 do que a revolução digital e nenhum setor foi mais afetado por ela do que o bancário. Não somente pelo crescente sucesso das “FinTechs”, mas também pelos sucessivos artigos de grandes mídias da indústria previrem a desgraça do setor bancário tradicional.

A realidade é que novas instituições financeiras 100% móveis e digitais, como o Banco Original ou o Nubank, já são realidade. Empréstimos, investimentos, pagamentos, transferência de dinheiro, seguros e consultoria financeira estão na mira dos ventos da mudança. E não são alvos apenas do exército FinTech. Apple, Facebook, Google, Uber e outros players tecnológicos estão claramente participando do jogo. Até os supermercados estão nessa batalha, bem como as empresas de telecomunicações, como pode ser observado pela recente oferta da Orange pelo Groupama Banque.
Mas que risco isso representa para os resultados dos bancos tradicionais? A consultoria McKinsey diz que, até 2025, 10% a 40% das receitas desses bancos estarão em risco. Isso indica que o setor bancário deve prestar atenção na evolução das expectativas dos clientes, que são movidas pela mesma tecnologia que está mudando o cenário da concorrência.
Um exemplo prático: antes, o correntista fazia visitas esporádicas para verificar o saldo de suas contas, já hoje, passou a fazer logins diários em aplicativos móveis. A realidade de hoje é que o banco está dentro do bolso – e as expectativas dos clientes estão sendo baseadas nas experiências que eles vêm tendo no varejo. Os consumidores querem simplicidade, querem usar os serviços bancários como quiserem, seja por meio de um aplicativo, em um caixa eletrônico ou em uma agência. Querem que o banco os conheça. Esperam que todos os dados que fornecem sejam revertidos em valor para eles. E os bancos tradicionais já sabem disso.
Apesar de toda essa revolução, acreditamos que os bancos têm aí uma grande oportunidade, pois possuem milhões de clientes, quantidades extraordinárias de dados e muitos canais. Eles conhecem seus clientes e se conseguirem alcançar uma personalização em grande escala em cada interação com eles, a partida estará ganha. Como poderiam, no entanto, fazer isso?

1. Pense em termos de experiências e não em termos de produtos
O cliente está sempre a um clique de distância de escolher um método de pagamento ou empréstimo do concorrente. Cada má experiência de serviço diminui sua fidelidade. A chave para promover a lealdade é oferecer experiências sem esforço em cada ponto de contato com o cliente. Os bancos precisam chegar ao cliente de maneira proativa quando existir algum problema no serviço; facilitar a vida do cliente quando ele muda de canal; tornar a adesão do cliente um processo super rápido; acabar com as experiências complicadas do atendimento telefônico automatizado; pré-aprovar determinadas ofertas para os clientes, reduzindo o tempo de espera; e, finalmente, proporcionar aos funcionários uma visão única do cliente, para que eles possam representar o banco de uma maneira mais completa.

2. Construa uma camada de envolvimento
Quase toda tecnologia principal dos serviços bancários é projetada para um mundo centrado no produto, que celebra o pensamento do “construa e eles virão”. Só que isso é passado. Os bancos precisam construir uma “camada de envolvimento” que proporcione uma visão unificada do cliente para os sistemas e os funcionários do banco. E ela precisa estar na nuvem, com prioridade para Interfaces de Programação de Aplicativos (do inglês API) e dispositivos móveis, e ser muito flexível. Caso contrário, será apenas mais um sistema ou ferramenta em que funcionários e clientes precisam se logar de má vontade.

3. Entregue serviços bancários de alta precisão
Envolva cada cliente por meio de tudo que você sabe dele em tempo real ou quase em tempo real. Entregue mensagens pessoais e contextuais, avisos, ofertas e conselhos por meio do dispositivo mais adequado, no momento mais relevante. Em grande escala. Os bancos fazem isso agregando informações de várias fontes e conectando tudo a jornadas cuidadosamente projetadas e a um motor de decisão em tempo real.

4. Seja ágil
O ritmo dos negócios está acelerando. Os bancos precisam ter condições de reunir feedback dos clientes e reagir a isso mais rapidamente que a concorrência. Os aplicativos são fundamentais para reforçar a capacidade de resposta, mas se quiserem ser eficazes não podem passar pelos tradicionalmente longos ciclos de vida de desenvolvimento. Um estudo recente da CSC e da Finextra com 74 instituições financeiras mostra que 45% delas levam mais de seis meses para construir um aplicativo móvel. Pior ainda, em quase um quarto delas (22%), esse processo leva mais de um ano. Uma abordagem inteligente e que pode melhorar o tempo de resposta, é a construção de aplicativos por analistas de negócios com uma proximidade maior do cliente.

5. Faça parcerias
Empresas de tecnologia têm agido como fornecedores para o setor, vendendo produtos pontuais, seja de serviços bancários fundamentais ou de software para call center. Os melhores bancos trazem mais para perto os seus fornecedores de tecnologia, tornando-os parte da equipe. Essa proximidade beneficia ambos os lados, permitindo uma fertilização cruzada de conhecimentos, ideias e necessidades. Neste novo mundo, os bancos falham quando tentam andar sozinhos.

6. Seja um banco único
O cliente vê apenas um banco e não tem paciência para os silos operacionais e de processo. Por exemplo, quando um cliente realiza um depósito de alto valor, não receber automaticamente ofertas de poupanças isentas de impostos é uma oportunidade perdida. Os benefícios são claros: um cliente que utiliza quatro produtos financeiros gera 730% mais receitas, em média, do que o cliente com apenas um único produto.

Apesar da pressão dos bancos não tradicionais, de agências reguladoras e dos próprios clientes, nem tudo é desgraça para os bancos de varejo em 2016. Os bancos conhecedores de tecnologia já estão começando a se mover em direção aos serviços bancários de alta precisão. Com isso, eles não só ganharão clientes, mas também terão prioridade na escolha dos talentos bancários descontentes que existem hoje no mercado. E quem mais ganha com essa revolução é o cliente.

(*) É vice-presidente sênior de Serviços Financeiros da Salesforce.