Eduardo Carvalho (*)
Diariamente, novos projetos trazem à tona soluções para problemas reais que a indústria tradicional não conseguiu resolver. No mercado cripto, um recurso que vem chamando a atenção são os tokens RWA – sigla para “Real World Assets” ou “ativos do mundo real”.
Esses ativos possibilitam juntar o digital com a referência de valor sobre os bens físicos do mundo real como, por exemplo, imóveis, obras de arte, commodities e títulos governamentais. Nesse caso, eles são transformados em tokens digitais que podem ser divididos, transferidos e negociados em uma Blockchain.
Cada vez mais ganhando força no mercado principalmente pelo fato de serem menos voláteis em relação ao Bitcoin, uma vez que seu valor está fixado com base no ativo real, os tokens RWA surgem justamente para trazer mais transparência e confiabilidade ao mercado.
Eles dão também a possibilidade de formação de um ecossistema financeiro mais inclusivo e eficiente, com acesso alargado a boas oportunidades de investimento e gestão simplificada de patrimônios. Sem contar ainda que a integração dos RWA na Blockchain reduz as barreiras à entrada de ativos de alto valor e permite vendas parciais sem que ocorra a liquidação total dos bens.
Pensando em imóveis como ativos reais, o Brasil foi um dos primeiros países do mundo a enxergar o potencial no setor e a incorporar um contrato inteligente dentro da matricula do imóvel, o que permite que o país comece a desenvolver produtos financeiros inovadores a partir dos RWA.
Imagine, por exemplo, uma casa que é representada por tokens. A partir da tokenização, o imóvel pode ser fracionado em várias partes para que seja negociada a venda dos tokens da propriedade, ou até mesmo usado como garantia para negociações financeiras.
Neste segundo cenário, já existem no Brasil, bancos que fazem a custódia de ativos digitais, tornando possível a utilização de um imóvel, ou parte dele, como colateral de um financiamento, sendo que na quitação do valor financiado, o banco faz a devolução dos tokens referentes à porcentagem negociada da propriedade.
Com os contratos inteligentes já implantados no país, apesar de se tratar de uma transação 100% digital, é possível incluir diretamente na matrícula do imóvel a garantia de que o ativo não pode ser vendido antes da quitação do financiamento em aberto, o que assegura o banco de forma real.
Vale ressaltar também que, com a participação da blockchain na transação, todas as regras das operações e acordos estabelecidos passam a existir em um ambiente auditável e imutável, garantindo mais segurança a todas as partes.
Apesar de ainda haver um caminho substancial a ser percorrido para uma integração eficiente de ativos no blockchain, ao meu ver, esses tokens têm tudo para marcar uma nova era de maior acessibilidade e eficiência nas oportunidades de investimento e gestão de ativos reais e digitais.
(*) – É CEO e cofundador da Dynasty Global AG (https://dynastygi.com.br/).