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O papel das empresas no ensino constante e formação dos profissionais

em Manchete Principal
segunda-feira, 17 de julho de 2023

Daniela Luiz (*)

É polêmico, mas sempre defendi que as organizações têm um papel fundamental na formação de profissionais, principalmente no que se refere à capacitação e desenvolvimento de habilidades. Isso porque, atualmente, o mercado de trabalho está cada vez mais competitivo e exigente, e é fundamental nos mantermos sempre atualizados e preparados para enfrentar os desafios do dia a dia. É o que chamamos de Lifelong Learning, educação continua, algo que, na sala de aula, só acontece por cerca de 4 a 6 anos.

Para se ter uma noção em números, segundo dados do Ministério da Economia, há mais de 20 milhões de empresas ativas no Brasil. Já as instituições de ensino superior não chegam a 3 mil; é o que mostra dados do Censo da Educação Superior de 2020. Ou seja, o número de instituições em todo país, corresponde a apenas 0,12% de empresas ativas. Olhando os números, é fácil chegar à compreensão de que nem todo profissional sairá de uma sala de aula. Então como capacitamos essas pessoas e continuamos a estimular o conhecimento de quem recebe o diploma?

:: A empresa como fonte de informação e capacitação

É fundamental que as empresas invistam em programas de treinamento e desenvolvimento, oferecendo aos seus colaboradores oportunidades para que eles possam se capacitar e adquirir novas habilidades. O que será extremamente vantajoso para a própria companhia: quanto mais conhecimento o colaborador tiver, mais eficaz será o trabalho desenvolvido por ele. Mas como ter uma equipe constantemente atualizada e engajada? Aqui na Didáctica, é comum recebermos executivos em busca de treinamentos para seus funcionários. Muitas vezes, eles já chegam com ideias formadas do que precisam. É aí que entra nossa inteligência de mercado. Não adianta desenvolvermos um curso para explicar sobre o metaverso, por exemplo, para colaboradores da geração Z, com uma apostila e um quadro negro. Não vai funcionar!

Antes de desenvolver qualquer tipo de capacitação, é preciso ter três indicativos fundamentais: conhecer o perfil dos colaboradores da empresa; saber quais conhecimentos a equipe precisa ter para desenvolver um bom trabalho; e entender qual o melhor método para ensiná-los, de maneira que consigam absorver a importância daquele treinamento e depois aplicá-lo nas demandas do dia a dia. É o Lifelong Learning utilizado de maneira consciente e eficaz. Nada adianta dar conhecimento, se ele não for absorvido ou praticado da maneira certa.

E cá entre nós, esse não é um assunto novo, talvez, voltou à moda, mas é bem vintage. O fato é que o processo de aprendizagem deve ser contínuo na vida das pessoas. Temos que, a todo instante, desaprender para reaprender e esse ciclo não se encerra. E para refletirmos sobre esse tema, trago cinco provocações.

Imagem: marekuliasz_CANVA

1) OLHAR CURIOSO
O olhar curioso para as coisas é o primeiro sinal de provocação do conceito de Lifelong Learning. A pergunta-chave é: “O que é isso?” ou, então, “O que isso faz?”. Essa alerta, naturalmente, já nos leva a necessidade de procurar respostas; e todas são obtidas através do aprendizado.

2) EMPURRÃO DO MUNDO
O mundo também é provocativo quando trazemos para conversa o termo Lifelong Learning. Quer ver só?
Os bancos agora tornam complexa a emissão de folhas de cheque, isso porque o foco é o PIX. São as práticas do mundo o empurrando para, sem querer, aprender o novo, o usual e o que dizem ser mais prático, afinal, o objetivo dessas e outras novidades, muitas vezes, é tornar a rotina mais simplificada, otimizada.

3) MANTER-SE NA CONVERSA
A pauta é a mulher de 40 anos que foi hostilizada por ingressar na faculdade. Isso é o assunto! Para manter-se na conversa é preciso saber da história. Só assim você poderá opinar e dar a sua visão sobre o caso. Isso também é uma forma de aprendizado, sabia?
E não ache o contrário, porque não é. Para manter-se na conversa é preciso saber, conhecer, entender – daí surge o aprendizado contínuo.

4) O QUE SE SABE, TALVEZ NÃO “SIRVA” MAIS!
A síndrome de Gabriela (Eu nasci assim, eu vivi assim… Gabriela!) já não cola mais. O que você sabia hoje, talvez, não cabe mais no contexto. ICQ? Não mais. O negócio agora é conversar pelo WhatsApp (e olhe lá!). Se você fazia assim há 10 anos, hoje essa prática não serve mais.

Mas, e a experiência, não conta?

Conta sim, só que não é tudo… é apenas uma parte. É preciso entender que os hábitos e práticas mudam em 10 anos ou em até menos tempo, assim como os costumes e as tecnologias.

5) VONTADE DE QUERER FAZER DIFERENTE
Não é querer mais para ser mais do que o outro, mas sim, querer saber mais para entregar algo à mais para você mesmo. Quantas vezes nos vemos fazendo o mesmo trajeto de casa para o trabalho e vice-versa? Não é fazendo um outro caminho que nós nos deparamos com novas construções? Flores das árvores? Um algo novo?

Pois é, a vontade de querer fazer diferente nos leva ao caminho do aprendizado e esse despertar deve ser contínuo, vivo e rotineiro.

Imagem: samotrebizan_CANVA

:: COLOCANDO EM PRÁTICA
Uma forma pela qual as empresas podem contribuir para a formação dos profissionais é também por meio de parcerias com instituições de ensino e programas de estágio e trainee. Essas iniciativas permitem que os colaboradores tenham acesso a um ambiente de trabalho real, onde possam aplicar os conhecimentos teóricos e desenvolver suas habilidades práticas, além de proporcionar uma oportunidade para organizações identificarem talentos e desenvolverem futuros líderes. Mas essa prática não precisa ficar apenas para os jovens talentos, oferecer programas de práticas, workshops para incentivar o time da empresa a testar novos conhecimentos, aplicar novas práticas e processos é algo muito motivador e rico.

Por fim, é importante que as empresas estejam sempre atentas às necessidades e expectativas de seus colaboradores, promovendo um ambiente de trabalho que incentive a aprendizagem e o desenvolvimento de suas habilidades. Com isso, não apenas contribuem para a formação dos profissionais, mas também criam um espaço mais produtivo e motivador, gerando resultados positivos para todos os envolvidos. O Lifelong Learning também envolve estar aberto a novas experiências e pontos de vista. Esteja disposto a experimentar coisas novas e a se desafiar!

(*) É sócia-diretora da Didáctica, empresa especializada em educação corporativa fundada em 2010. Formada em Processamento de Dados pelo Centro Paula Souza (ETEC), Administração de Empresas (UNIRP) e Pedagogia (Claretiano), fez especialização em Gestão de Pequenas e Médias Empresas, Gestão do Conhecimento (ESPM) e Gestão em Educação Corporativa (PUC e FIA/USP).