A rápida evolução do mercado de gás natural no Brasil e o papel do combustível na promoção da transição energética foram os temas de destaque da mesa de abertura da 20ª edição do Seminário de Gás Natural, promovido pelo IBP, no Rio de Janeiro, na quarta-feira (10).
Roberto Ardenghy, presidente do IBP, ressaltou que o Brasil deu passos importantes nos últimos dois anos, desde a aprovação da Lei do Gás, que regulamentou a abertura do mercado. “Hoje, o gás tem um papel fundamental no desenvolvimento da matriz energética brasileira”, afirmou o executivo.
Para Ardenghy, a decisão da Petrobras de criar uma diretoria de Transição Energética e Energias Renováveis que envolvesse também o gás natural fortalece o papel de destaque do combustível no movimento de transição. O novo diretor de Transição de Energética da Petrobras, Maurício Tolmasquim, afirmou que o gás é um elemento de descarbonização importante na indústria de óleo e gás, e também no setor elétrico, mas que ainda existem desafios importantes, entre eles a necessidade de atingir um preço mais competitivo.
Segundo Tolmasquim, o Brasil viverá um choque positivo de oferta do gás, com a entrada no mercado de um montante equivalente a 50 milhões de metros cúbicos de gás por dia a partir de projetos que vão se viabilizar no curto e médio prazos. O volume é cerca de 50% da demanda total do país com todas as térmicas operando a todo o vapor. O choque de oferta deve influenciar os preços, ressaltou o executivo da Petrobras.
Tolmasquim destacou ainda que a empresa vai investir aproximadamente US$ 11 bilhões para assegurar a exploração e produção e implementar a infraestrutura necessária para o escoamento do gás natural nos próximos anos. Desse valor, US$ 6 bilhões serão investidos em novas fronteiras de gás entre 2023 e 2027.
“Nesta avaliação, consideramos que o gás natural tem um nível de emissões relativamente menor. O gás talvez não seja tão relevante para a transição no setor elétrico, mas certamente é para a indústria. Mas mesmo no setor elétrico, ainda será preciso o uso de termelétricas flexíveis, de forma diferente aos demais países, mas relevante para o Brasil”.
Claudio Jorge Souza, diretor técnico da ANP, disse que o gás natural mudou de patamar no Brasil e se tornou o combustível emergente da segurança energética. Como próximo desafio, Jorge destacou a necessidade de fortalecer a estrutura de transporte do combustível para atendimento da demanda. “Sem um setor de transporte de gás natural forte, não vamos conseguir atender às necessidades do país”, frisou. Destacou ainda que, hoje, a maior parte das ações regulatórias prioritárias da ANP são na área do gás natural.
Alexandre Messa, Diretor do Departamento de Infraestrutura e Melhoria do Ambiente de Negócios da Secretaria de Competitividade e Regulação do MDIC, afirmou que a evolução do mercado de gás passa ainda pela desconcentração do mercado, com entrada de novos e mais agentes, mas frisou que é necessário remover barreiras ao consumidor livre e viabilizar a criação de um mercado secundário de gás.
Nos próximos meses, o MDIC vai trabalhar com os reguladores estaduais para permitir uma maior harmonização das regulações estaduais para remover barreiras. O presidente da Associação Brasileira de Produtores Independentes de Petróleo e Gás (ABPIP), Márcio Félix, disse avaliar o momento atual do setor com otimismo. “Hoje a gente tem uma diversidade de agentes, com um governo que trabalha para que essa diversificação aconteça”, afirmou.
Também presente na abertura, a diretora-executiva de gás natural do IBP e chair do Seminário, Sylvie D’Apote, elogiou a evolução nos últimos anos e afirmou que a diversidade é uma palavra-chave no atual momento do mercado de gás, especialmente agora, durante transição de um mercado centralizado para um ambiente de mercado composto por muitos agentes. “É preciso ter diversidade de ofertantes e de compradores, só assim teremos um mercado de gás mais competitivo e robusto”, destacou. – Fonte: ANP