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Resiliência e Inovação: principais desafios do setor logístico

em Manchete Principal
quarta-feira, 16 de março de 2022

André Prado (*)

Mais uma vez, são grandes as expectativas de crescimento dos setores da economia. No segmento logístico não é diferente.

Com o aumento do número de vendas via e-commerce, que, de acordo com a Canuma Capital, no ano passado somaram R$ 260 bilhões, e a partir dos dados do relatório Índice de Movimentação de Cargas do Brasil da AT&M, que mostram que o país registrou R$ 2 trilhões em movimentação de carga no primeiro trimestre de 2021, podemos dizer, sem sombra de dúvida, que a logística foi impactada positivamente no ano passado.

Fica também evidente que tais números são reflexo de um período delicado em que os operadores logísticos precisaram se adequar a novas demandas sem deixar a qualidade e a agilidade serem afetadas pelo alto fluxo. Além destes indicadores expressivos das movimentações, o setor logístico também contribuiu ativamente no mercado de trabalho, com crescimento de 37% em vagas disponíveis no primeiro semestre de 2021, ou seja, com a criação de aproximadamente 13.500 vagas no segmento.

Entretanto, apesar de muitos pontos positivos, os obstáculos enfrentados pelos operadores logísticos também foram grandes. Desde o início de 2021, pudemos observar o aumento escalonado dos combustíveis, dentre eles os do diesel, que tem efeito direto e indireto na economia, resultando em impactos negativos principalmente nos transportes de cargas.

Esse fato se dá porque estamos um país de dimensões continentais, onde a logística rodoviária representa mais de 60% do total geral, podendo chegar até 90% em alguns segmentos específicos, e porque ainda dependemos muito da tecnologia de combustíveis fósseis em quase sua totalidade para que o modal rodoviário funcione.

Infelizmente, apesar da inserção de práticas e veículos sustentáveis nas frotas de companhias brasileiras, ainda somos totalmente dependentes do preço do óleo diesel, e neste sentido, a economia nacional sofre diretamente os impactos de qualquer reajuste feito sobre este importante insumo do transporte.

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Não há como precisar exatamente o peso e a representatividade do óleo diesel no custo nacional de transporte, haja vista os diferentes impactos em cada negócio específico, podendo este variar desde a casa dos 20% em determinadas situações, chegando próximo ou até mesmo superando os 50% do total do custo, a depender do tipo de serviço prestado, equipamentos utilizados, escala e jornada de trabalho, entre outros.

Mesmo diante de todos estes fatores, para 2022, as expectativas ainda são positivas em virtude de uma tão esperada retomada da economia, porém, o custo elevado de insumos como seguros, pneus e principalmente o diesel são questões que preocupam e muito o setor. Em um ano de Copa do Mundo e eleições para presidência, é necessário estar de olho nas mudanças econômicas, tanto positivas quanto negativas, que podem gerar impactos diretos e cruciais na logística.

Além disso, os combustíveis têm peso entre 16% e 20% na renda do brasileiro, e como a renda caiu cerca de 11% em 2021, ainda em função da pandemia e da crise econômica, tal situação atinge diretamente o poder de compra do consumidor. Mais do que nunca, podemos dizer que as experiências aprendidas nesses dois anos atípicos contribuíram para a abertura de oportunidades e a criação de novas estratégias, tornando o setor mais resiliente para suportar mudanças negativas, como o aumento do combustível.

Aqui, é importante lembrar que, por conta desse aumento do diesel, o valor dos fretes acompanhou e coube aos operadores logísticos buscarem alternativas que pudessem atender as demandas de seus clientes, evitando ao máximo elevação nos valores para o consumidor final. Uma alternativa que vem sendo implementada é aumento na utilização de carros elétricos, que embora ainda tenham custos operacionais mais altos, reduzem os poluentes e em grande escala podem se tornar economicamente viáveis.

Tal ação, também mostra uma preocupação do setor com o meio ambiente, sempre com foco nos parâmetros ESG das companhias. Atualmente, existem operadores logísticos que atuam em praticamente todos os segmentos da economia e em todas as fases da cadeia de suprimentos, o que é um diferencial competitivo fundamental para a atual realidade.

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Estar sempre atento a novas estratégias e ferramentas de automação, investir em aportes de tecnologia nos processos de digitalização e, principalmente, garantir a segurança dos produtos, são pontos fundamentais que esses operadores devem seguir para obter sucesso neste ano.

O know-how de uma companhia, sua história e a constante busca por inovação e boas práticas norteiam a busca pela solução mais adequada para a necessidade logística dos clientes, seja pela simples escolha de uma rota com menor consumo de combustível ou na escolha do equipamento ideal para determinada operação, a fim de que isso traga ganhos de produtividade.

Sem dúvidas, o setor logístico está preparado para enfrentar 2022, sempre levando em conta as adversidades dos cenários e buscando as melhores soluções para que a entrega chegue ao destino em perfeito estado e no tempo estimado. Observamos que nos últimos anos o setor se destacou, e não temos previsão para que esse fato retroceda.

Pelo contrário, o transporte de carga se mostrou de suma importância durante esse período de pandemia. Assim, é notório que grandes indústrias e empresas passaram a se preocupar mais com o operador logístico que irá transportar seus produtos, sejam de armazenagem, industriais, químicos ou florestais, pensando sempre nos protocolos adequados para cada tipo de carga.

Sabemos que há muitas adversidades que não podem ser controladas e que devem ser analisadas com cuidado, mas também acreditamos que podemos colocar em prática tudo que já vínhamos aplicando nos últimos anos com mais expertise e preparação, agilidade nas entregas e oferecimento das melhores experiências ao cliente.

(*) – É CEO da BBM Logística (www.bbmlogistica.com.br).