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O movimento “sem código”: liberte o desenvolvedor que há dentro de você

em Destaques
domingo, 19 de dezembro de 2021

Marta Clark (*)

A programação e a codificação passaram de uma atividade exclusivamente geek na década de 1980 para fonte de empregos de alta demanda e altos salários, abrindo o caminho para a era digital e evoluindo ao longo dos anos de um nicho de interesse específico para um impulsionador de negócios.

Assim como a tecnologia causou uma expansão das habilidades de TI com tecnologias complexas, também abriu o campo para tecnologias mais simples. Foi-se o tempo em que a codificação era apenas para programadores. O desenvolvimento de sistemas se tornou tão acessível que qualquer pessoa pode projetar e criar um jogo, aplicativo ou website sem precisar escrever uma linha de código

Encorajadas pela demanda competitiva por automação e novos aplicativos essenciais para o processo de transformação digital, as empresas que usam software tradicional simplesmente não conseguem acompanhar. Obscurecida pela enorme oferta de habilidades e demanda variada, a demanda por habilidades de codificação e programação atualmente supera em muito a exigência dessas habilidades para compensar os sistemas desatualizados.

A programação seguirá sendo uma habilidade insubstituível. A capacidade de se comunicar com a tecnologia em uma linguagem de codificação formal escolhida para fornecer resultados muito além de qualquer interface gráfica de usuário (GUI) sempre será um conjunto de habilidades altamente requisitado.

Porém, agora temos a capacidade de “produzir em massa” resultados semelhantes aos que os programadores podem entregar por meio de colaboradores com capacitação em sistemas de baixo código (low-code) – construindo um time interno de funcionários talentosos com as habilidades, o desejo, conhecimento e ponto de vista analítico para ter sucesso e prosperar em um ambiente cada vez mais rico em dados.

Os avanços nas tecnologias permitem que as empresas explorem plataformas fáceis de usar e sem código que ajudam a capacitar as equipes para o desenvolvimento de aplicativos que respondem a perguntas e fornecem informações na velocidade necessária para prosperar. A Gartner, empresa de pesquisa e consultoria em tecnologia, previu recentemente que, em 2024, o desenvolvimento de aplicativos de baixo código será responsável por mais de 65% da atividade de desenvolvimento de aplicativos.

Com a possibilidade de que esse desenvolvimento aconteça fora do departamento de TI, os não programadores que entendem os problemas dos negócios estão cada vez mais preparados para ajudar a resolvê-los desenvolvendo aplicativos de fluxo de trabalho para os negócios.

Os analistas da Forrester estimam que, apenas em 2021, 75% de todos os softwares corporativos serão desenvolvidos com tecnologia de baixo código. Plataformas fáceis de usar e sem programação também são fundamentais para as organizações, fornecendo uma variedade mais ampla e sofisticada de recursos analíticos, permitindo que os cientistas de dados colaborem com outras pessoas fora da codificação em um ambiente amigável.

Com a programação demorando dias ou semanas, os departamentos tinham que esperar pelo desenvolvimento de uma solução. Agora, o avanço das plataformas sem códigos colocou os recursos analíticos e de desenvolvimento nas mãos de especialistas de negócios que conhecem o contexto das questões a serem resolvidas, têm as fontes de dados necessárias para fornecer informações e, com a plataforma analítica certa, podem desenvolver aplicativos que agilizam as percepções, aumentando a produtividade e eficiência geral.

As mesmas plataformas também estão tornando tecnologias como aprendizado de máquinas (ML – machine learning) e inteligência artificial (IA) mais acessíveis e ágeis. O ML e a IA deixaram de ser domínio exclusivo dos cientistas de dados, podendo ser implementados rapidamente e geralmente custam muito menos e levem muito menos tempo para serem implementados do que sistemas personalizados desenvolvidos por especialistas.

Ao adotar interfaces intuitivas, de menus suspensos ou de apontar e clicar, os usuários podem começar em um alto nível imediatamente, sem a necessidade de anos de experiência. Com o uso de bibliotecas de elementos para desenvolver e implementar sistemas individuais ou departamentais, todos podem contribuir e colaborar na mesma plataforma, sem experiência de programação.

Os desenvolvedores e cientistas de dados estão sempre em alta demanda, mas o objetivo geral dessas iniciativas é tornar a ciência de dados e o desenvolvimento de aplicativos mais acessíveis para os analistas de negócios e especialistas de cada área que precisam colaborar com equipes maiores que normalmente não têm muito conhecimento técnico.

Essas plataformas permitem que o usuário desenvolva proficiência usando interfaces amigáveis ou opte pela opção arrastar e soltar, que é totalmente livre de códigos e a forma como a maioria dos usuários aborda a computação. Plataformas de self-service amigáveis e sem código são importantes, pois permitem que as organizações acompanhem a inovação dos sistemas de código aberto enquanto expandem o alcance do desenvolvimento para equipes mais amplas.

Enquanto a infraestrutura de tecnologia funcionar dessa maneira, sempre haverá a necessidade de programadores e arquitetos de sistemas para codificar e monitorar os milhares de aplicativos e algoritmos que ajudam a tomar as decisões digitais para os negócios. No entanto, muitas vezes as organizações são obcecadas em contratar esses profissionais apenas para essas habilidades digitais raras e específicas, sem considerar o que é realmente necessário para atender às necessidades de seus negócios.

Embora a manutenção e o desenvolvimento mais amplo de sistemas seja um trabalho para os especialistas técnicos, o desenvolvimento de aplicativos não precisa ser reservado a uma elite. Com as plataformas de self-service certas combinadas à cultura onde as pessoas são encorajadas a ser criativas e pensar de maneira crítica, fazer as perguntas certas e resolver todos os tipos de problemas, o poder do desenvolvimento de aplicativos de negócios não está mais restrito a alguns profissionais, mas sim disponível para todos.

(*) – É Vice-presidente LATAM da Alteryx.