Sumaia Thomas (*)
Talvez você já tenha ouvido falar sobre a solidão que acomete os líderes do mundo corporativo. Quanto mais sobe hierarquicamente um profissional, essa solidão aumenta. Seja por não ter companhia para conversar no dia a dia ou por não ter um espaço seguro de troca e compartilhamento onde possa revelar as próprias vulnerabilidades, a solidão aparece e dói.
Mas como isso acontece no empreendedorismo? E mais especificamente, como isso acontece no empreendedorismo materno onde as crias estão sempre por perto?
Para começar, vale desmistificar uma primeira questão sobre a agenda flexível das mães empreendedoras – que tem tempo pra tudo. É bem verdade que ao empreender nos tornamos donas da própria agenda, mas somos nossas próprias “chefes” e as mais críticas diante de problemas ou estagnação de resultados. A lista de tarefas é extensa e há muita sobrecarrega nos diversos papéis da mulher que empreende de casa.
A outra questão a desmitificar é a frase popular de que quando um filho nasce, uma mãe nunca mais se sente só. Diante da pandemia e a depender da idade dos filhos, é bem verdade, que eles estão por perto com um sonoro: manheeeeeeeee?! Mas ainda assim, o sentimento de solidão se faz presente.
A solidão a qual me refiro neste artigo trata do sentir-se só mesmo quando acompanhada, do sentir-se só mesmo quando se sente amada no núcleo familiar e/ou quando se tem uma equipe de trabalho.
Boa parte deste sentimento se dá ao fato de que nos colocamos (ou nos colocaram) numa posição de destaque, de onde devem vir as respostas e não as perguntas. É como se estivessem dizendo: “ela que é a especialista e sabe tudo! Ela é mãe, ela é quem sabe!”.
Empreender e maternar pode ser comparado ao jogo de vídeo game. Assim que você aprende sobre uma fase, e vence, logo vem outra para você descobrir como passar por ela.
Para pedir por ajuda nessas horas se faz muito importante nos conhecermos bem. Com quem gosta falar? Quem realmente te ouve? Quem é um especialista na área da dificuldade em que se encontra? Quem já passou por situação semelhante ou tão desafiadora? E quem ao mesmo tempo não te julgará?
Uma pesquisa feita pelo SEBRAE e a Fundação Getúlio Vargas revelou que as mulheres têm maior resistência em buscar crédito para manter seus negócios, mas tem inovado mais durante a crise do que os homens.
Essa resiliência toda tem seus prós e contras, pois ao mesmo tempo que te faz perseverar e acreditar num futuro melhor, onde vai dar tudo certo, também traz lentidão para ajustar a rota do seu negócio.
A dica para lidar com esse momento onde se olha para o lado e não vê ninguém mais se descabelando da mesma forma, em meio ao mar de dúvidas e inseguranças junto a criação dos filhos que não vem com manual, é: faça o manual de você. Aprenda a contar e a pedir ajuda para aqueles que são especialistas numa área do seu negócio, ou para experts numa ferramenta que você travou e não sabe o que fazer, ou ainda, fale com quem você admira por perceber que está mais equilibrada emocionalmente para lidar com as crianças ainda nessa fase de pandemia.
A empreendedora quer ficar só para produzir! A mãe quer ficar só para relaxar! E nenhuma delas quer se sentir só nessa empreitada.
Feliz Maio para você que é mãe e empreendedora todos os dias!
(*) É Membro dos Empreendedores Compulsivos, consultora especialista em gestão de carreira, coach, mentora, mãe de 2, empreendedora fundadora da Sumaia Thomas Treinamento e Desenvolvimento Humano, e idealizadora do Blog Para Mães.