O ministro do STF, Luis Roberto Barroso, afirmou ontem (2) que a corrupção sistêmica sempre foi o modo de fazer política no Brasil.
“Vivenciávamos uma corrupção sistêmica, endêmica, que não era produto de falhas pessoais, era um modo de conduzir o país”, disse Barroso, ao participar do Fórum Internacional ‘A Segurança Humana na América Latina’, na capital paulista. Ele evitou comentar o Inquérito dos Portos e a recente prisão temporária, e posterior soltura, de 10 investigados na Operação Skala, deflagrada na quinta-feira (29) pela Polícia Federal.
Sem conversar com jornalistas, o ministro falou sobre corrupção durante o fórum internacional promovido pelo Instituto Latino-Americano das Nações Unidas para Prevenção do Crime e Tratamento do Delinquente. Para Barroso, o país celebrou um “pacto de saque ao Estado”, firmado entre empresários, políticos e a burocracia estatal, com renovação constante dos acordos de corrupção. No seu entender, o processo gerou perda da confiança, de maneira geral, entre os brasileiros. “Precisamos romper com esse ciclo da cultura de desonestidade”, afirmou.
Ao falar sobre o tema da segurança humana, Barroso ressaltou que a universalização do ensino para crianças de até 3 anos é a meta mais importante para alcançar esse objetivo no país. “Não acho que um país se constrói apenas com punitivismo e combate à corrupção, mas com agenda social. Não apenas slogans”.
Já o juiz Eugenio Raúl Zaffaroni, da Corte Interamericana de Direitos Humanos da OEA, citou os altos índices de mortes violentas e as condições precárias dos presídios, onde se evidenciam grandes injustiças. “Nas cadeias, 14% dos presos são por crimes contra a vida, 3% por crimes sexuais e o restante, por crimes contra a propriedade e vinculados a drogas”, disse Zaffaroni (ABr).