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quarta-feira, 01 de dezembro de 2021

Citroën e Peugeot apostam no delivery limpo e silencioso

No setor automotivo, já é bastante discutido que a eletrificação no Brasil avançará com mais força entre veículos comerciais do que nos automóveis de passeio.
E por alguns motivos: com o crescimento exponencial do e-commerce, as empresas de entrega e frotistas passaram a investir em frotas eletrificadas. Primeiramente para se adequarem aos padrões ESG. Silenciosos e eficientes, significam menor custo operacional e sustentabilidade.
Antonio Filosa, COO América do Sul da Stellantis, cita que 63% dos consumidores no mundo preferem adquirir produtos de empresas que têm ações orientadas à preservação do meio ambiente. “Esta é uma pauta de negócios e uma pauta social”, avalia.

Antonio Filosa. Imagem: Stellantis

Dois lançamentos simultâneos

De olho nesse filão de comerciais elétricos no last mile, a Stellantis ataca com dois modelos de uma só vez: o Citroën e-Jumpy e o Peugeot e-Expert, ambos importados da França, e início das vendas em fevereiro.
Com preços de R$ 329.990, quase o dobro dos modelos a diesel, os furgões 100% elétricos possuem motor de 136 cv e autonomia de 330 km.
Pensando nos custos operacionais, as marcas prometem manutenção com valor 60% inferior ao dos modelos térmicos e as baterias recebem 8 anos de garantia – ambas têm projetos de descarte da bateria junto com empresas parceiras.

Renault lidera segmento

Em relação aos modelos a diesel 1.6 de 115 cv, os furgões Peugeot e Citroën custam R$ 168.990. Enquanto o Expert diesel vendeu até outubro 3.250 unidades e detém 11,4% de participação no mercado, o Jumpy teve 2.613 unidades emplacadas (9,2%).
O líder do segmento, o Renault Master a diesel 2.3 de 130 cv, tem 25% do mercado, com 7.104 unidades vendidas até outubro. Seu preço parte de R$ 206.800.

Empresas investem nos elétricos

O filão de elétricos comerciais é estratégico e potencial. Basta ver o investimento que a VWCO fez para produzir em Resende (RJ) o e-Delivery: R$ 150 milhões. Quando lançado, o caminhão compacto 100% elétrico já possuía 120 pedidos. A Ambev é uma das maiores clientes. A fabricante e distribuidora de bebidas já adquiriu 100 veículos, de uma intenção de compra de 1.600 até 2023 para eletrificar 35% de sua frota.

VW e-Delivery. Imagem: VW

Já a Americanas acaba de receber 100 Renault Kangoo Electric que serão utilizados em 9 cidades para as entregas last mile. Os veículos fazem parte da estratégia de descarbonização da companhia, que contará com mais de 500 modelos ecoeficientes em sua frota. A locadora Unidas é parceira na terceirização da frota da Americanas.

Chineses pensam grande

Duas marcas chinesas avançam sobre o mercado brasileiro. A BYD, já conhecida pela venda de comerciais elétricos, como ônibus e caminhões, principalmente em parceria com prefeituras, anunciou que vai lançar ano que vem o Tan EV, SUV de sete lugares, que promete autonomia de pouco mais de 400 km.
A aposta da BYD é alta: brigar com modelos elétricos de marcas já consagradas, como Porsche, Audi, Mercedes-Benz e BMW. O preço do Tan deve ficar próximo de R$ 500 mil.
Por isso, a primeira concessionária da BYD no Brasil será aberta pela Eurobike, especializada no segmento premium – possui em seu portfólio as marcas Audi, BMW, BMW Motos, Mini e Porsche.

BYD Tan EV. Imagem: BYD

Sinobrasileira

Outra chinesa, a Great Wall Motors, que comprou as instalações da Mercedes-Benz em Iracemápolis (SP), inicia produção local em 2023. Ela faz o caminho inverso de algumas asiáticas, que começaram com operações de importação para sentir o mercado e só então partiram para uma planta.
A ideia é transformar a planta em uma de suas bases de produção de automóveis. Os modelos que serão fabricados aqui ainda não foram divulgados.
Entre os executivos brasileiros já nomeados, estão Pedro Bentancourt (General Motors e Nissan), para o cargo de diretor de relações externas e governamentais. Oswaldo Ramos, com passagens por Ford e Stellantis, é o diretor comercial da Great Wall.
A fábrica terá capacidade de produzir 100 mil unidades por ano, cinco vezes mais do que a Mercedes-Benz, e expectativa de gerar 2 mil empregos.

(*) É economista e jornalista especializada no setor automotivo. E-mail: [email protected]