O TikTok é um aplicativo usado para criar e compartilhar vídeos curtos, de propriedade da companhia chinesa ByteDance.
Vivaldo José Breternitz (*)
Durante o governo Trump, a companhia chinesa sofreu fortes pressões, que pretendiam força-la a vender o aplicativo – caso contrário, o mesmo seria proibido nos Estados Unidos. A alegação era o uso do mesmo para espionar cidadãos americanos
Sob o governo Biden, o assunto parecia esquecido, mas agora volta às manchetes: um comitê do Congresso americano aprovou por 50 votos a zero um projeto de lei que obrigaria a ByteDance a vender o aplicativo ou vê-lo banido do mercado dos EUA – a alegação é a mesma.
Durante os dias que antecederam à votação pelo comitê, seus membros foram pressionados pelos usuários americanos do TikTok a não aprovarem o projeto – alguns gabinetes de congressistas chegaram a desligar seus telefones, tão grande era o número de usuários que ligavam.
Mas a pressão não surtiu efeito, com os políticos preocupados com o que seus eleitores pensarão caso não sejam rigorosos com uma companhia chinesa. O clima é tal que a presidente da Comissão de Comércio da Câmara, Cathy McMorris Rodgers, disse que o TikTok recrutou usuários para ligarem para os legisladores, e que esse fato mostrou “em tempo real como o Partido Comunista Chinês pode usar o TikTok para manipular o povo americano”.
Embora o projeto de lei possa abranger outros aplicativos no futuro, ele menciona especificamente o TikTok, classificando-o como uma “aplicação controlada por um adversário estrangeiro”.
Apesar de que o assunto possa, como no passado, transformar-se em uma novela, é possível acreditar que a ByteDance terá dificuldades para continuar operando nos Estados Unidos, pois se o projeto de lei for aprovado na Câmara e no Senado e sancionado pelo presidente Biden, ela não terá outro caminho a seguir: vender ou perder o mercado americano, onde, em meados de 2023, tinha cerca de 114 milhões de usuários – um desses é o próprio Biden, que tem usado o TikTok em sua campanha em busca da reeleição e que já disse que irá sancionar o projeto se ele for aprovado no Congresso.
A título de curiosidade, vale lembrar que naquela época o Brasil tinha 83 milhões de usuários do TikTok, perdendo apenas para os Estados Unidos e para a Indonésia que tinha 110 milhões.
(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da FATEC SP, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas – [email protected].
