10 anos do Bitcoin: o que faz desse ativo ser tão valorizado?Em 31 de outubro de 2008, um criptógrafo de codinome Satoshi Nakamoto publicava seu trabalho “Bitcoin: a peer to peer eletronic cash system” inaugurando a era dos criptoativos, que entraria em operação em janeiro de 2009 com o lançamento do Bitcoin Foto: Reprodução Rodrigo Caldas de Carvalho Borges (*) e Alex Michaelis Buelau (**) Ao longo desses últimos 10 anos, as chamadas criptomoedas, em especial o Bitcoin, ganharam muita atenção da mídia, em especial no último ano, tendo em vista a valorização alcançada. Muitos analistas financeiros discutem sobre sua natureza, ausência de lastro, falta de um órgão centralizador e ausência de regulação, mas poucos tentam apresentar o motivo da cotação do Bitcoin. O preço é determinado pela demanda, mas será que a alta procura reflete apenas a expectativa de futura alta no preço, como muitos especialistas da economia clássica afirmam, ou será que existe algo além? Imagine se, quando do surgimento da internet, fosse permitido comprar frações desta tecnologia? Quantas pessoas gostariam de ser donos de um pedacinho do famoso protocolo “http” que faz a internet como conhecemos hoje funcionar? Quanto isso valeria? O caminho natural da maioria das pessoas ao encontrar uma mudança de grande magnitude é negá-la sem ao menos se aprofundar no assunto – não é diferente com o Bitcoin. Pensar no Bitcoin e analisá-lo com a mentalidade de ativos financeiros tradicionais certamente o levará a questionar seu valor; porém, estamos diante de uma revolução tecnológica e, como toda grande mudança, exige que ampliemos a nossa visão para que possamos enxergar o “novo”. Quando falamos de Bitcoin, é preciso esclarecer que existem duas partes fundamentais da tecnologia: o ativo Bitcoin, que roda sobre uma rede distribuída de computadores, oficialmente chamada de rede bitcoin (com “b” minu´sculo), e o sistema Blockchain que torna tudo isso possível. O sistema Blockchain é a inovação tecnológica que tornou possível o Bitcoin e as demais criptomoedas como Ethereum, Ripple e outras (existem mais de mil criptomoedas). Mas o Blockchain provou não ser útil apenas como um sistema de pagamentos. Alguns países e empresas têm utilizado da tecnologia Blockchain para melhor controle dos gastos públicos, captação de recursos com emissão de tokens, melhoria nos registros de transferências imobiliárias, etc. O Blockchain por si só já possui valor por conta dos diversos usos e enormes possibilidades futuras. Por tratar-se de um sistema aberto, o Bitcoin e a maioria das outras criptomoedas que utilizam o Blockchain funcionam como uma plataforma, permitindo uma fácil integração com quaisquer outros projetos e soluções para os mais diversos setores da indústria. Qualquer pessoa com conhecimento em programação pode interagir e desenvolver produtos e soluções utilizando-se de sua tecnologia, praticamente sem custo, permitindo o surgimento de inovações em escala exponencial. Além disso, o fato de ser open source elimina muitos dos riscos e incertezas normalmente associadas às soluções centralizadas, pois qualquer pessoa pode revisar o código fonte para sugerir melhorias ou identificar potenciais problemas de segurança. O Bitcoin, por ser a primeira e mais difundida criptomoeda, é usado hoje como “moeda de reserva” nessa indústria: praticamente todas as pessoas envolvidas com criptomoedas possuem Bitcoin, todos os serviços que aceitam criptomoedas aceitam Bitcoin e o preço de outras criptomoedas é comumente contabilizado em Bitcoin. Os avanços trazidos pelo Bitcoin refletirão na sociedade como um todo, posto que a tecnologia permite inúmeras novas funcionalidades, dentre elas a eliminação de intermediários em qualquer tipo de transação, inclusive no setor financeiro e cadeia logística. Atualmente, para efetuarmos transações financeiras nos recorremos aos entes do sistema financeiro: utilizamos dinheiro em papel emitido por um governo, ou dinheiro digital controlado por bancos, que atuam como intermediários. Os órgãos financeiros e os governos, em razão da regulamentação e controle do setor, gozam da confiança da sociedade para intermediar seus pagamentos e transferências de recursos. São os responsáveis por validar e conferir todas as operações financeiras realizadas de forma eletrônica, evitando o risco do “gasto duplo”, certificando-se de que os recursos sejam de fato transferidos de uma pessoa à outra, bem como respondem por qualquer inconsistência ou problema ocorrido na transação, muitas vezes cobrando elevadas taxas por esses serviços. Os governos muitas vezes abusam deste poder, vide o congelamento das poupanças do governo Collor em 1990 e os repetidos casos de corrupção que afligem o Brasil. Com a utilização do sistema financeiro, nos moldes atuais, abrimos mão de nossa absoluta liberdade e delegamos a confiança a corporações. No passado não existia alternativa, pois era necessário um agente centralizador, sempre criando o risco de abuso do poder. Mas, assim como a internet democratizou o acesso à informação, o Blockchain democratizou o acesso ao mercado financeiro. O Bitcoin, através do Blockchain, resolveu a questão do “gasto duplo” sem a necessidade de um intermediário (papel das instituições financeiras nas transações “tradicionais”), retirou o fator confiança dos bancos – ou melhor, conferiu a cada detentor de Bitcoin o poder de efetuar transferências livremente, independentemente do valor e sem limites, a custos irrisórios. Essa tecnologia resgatou a liberdade, antes restrita às operações físicas, ao mundo digital. Nos tornamos, novamente, os únicos responsáveis pelas nossas atitudes e os únicos responsáveis pelo controle das nossas riquezas, sem a necessidade de uma entidade centralizadora. Diversos analistas afirmam que o Bitcoin é uma bolha, baseando suas análises em quesitos técnicos do mercado financeiro tradicional. A realidade é que ninguém sabe ao certo se estamos diante de uma bolha financeira; porém, do ponto de vista tecnológico, social, econômico e jurídico, sem dúvida estamos diante de uma mudança de paradigma, que continuará crescendo e sendo desenvolvida, ainda que haja um estouro dessa suposta bolha financeira. Empreendedores ao redor do mundo, do Vale do Silício a Moscou, da Alemanha à África estão criando empresas, projetos e novas soluções para velhos problemas usando o Blockchain, Bitcoin e demais criptomoedas. Em 2017, empresas do mundo todo levantaram mais de 6 bilhões de dólares em investimentos utilizando ICOs (Initial Coin Offerings), uma forma de financiamento que usa criptomoedas para financiar novas ideias e projetos, em 2018 o valor se aproxima dos 21 bilhões de dólares. Portanto, o grande valor do Bitcoin é ter criado uma rede de pessoas motivadas, que acreditam num futuro melhor, onde as regras são as mesmas para todos, as informações são transparentes, o poder é distribuído e boas ideias são facilmente executadas, financiadas e recompensadas. (*)- É sócio do CB – Carvalho Borges Associados. Membro Fundador da Oxford Blockchain Foundation e Presidente da Comissão (**) – É CEO e co-fundador do CoinSchedule.com, | Por que o Brasil não está caminhando para a expansão da Internet?Foto: Reprodução A privatização do Sistema Telebrás, em 1998, foi o embrião para as empresas investirem na universalização das redes de telecomunicação, tornando-se um importante passo no processo de expansão dos serviços pelo Brasil. A Internet começou a ser ofertada por linha discada, passando por ADSL (Assymetrical Digital Subscriber Line) e micro-ondas, até a mais recente tecnologia da fibra ótica. (Fonte: Carlos Eduardo Sedeh é CEO da Megatelecom, empresa que oferece serviços personalizados na área de telecomunicações). Robôs não tomarão o espaço do vendedor estratégico, eles serão aliados na construção de relações mais humanas com clientesRicardo Correa (*) Profissionais que se qualificam e assumem uma visão estratégica dos negócios devem se apoiar no avanço da tecnologia, que já funciona como uma grande aliada no desenvolvimento de trabalhos repetitivos com mais agilidade e otimiza o tempo humano para ações e decisões mais assertivas, abrindo espaço para o vendedor empenhar o talento em construção de relacionamentos com os clientes O uso de robôs para a realização de atividades operacionais e repetitivas tem sido bastante debatido atualmente. Muitos profissionais estão inquietos porque temem ser substituídos por máquinas no futuro. Mas para quem trabalha na área de vendas, o uso da tecnologia para a automação de serviços não oferece perigo iminente, muito pelo contrário. Ela permite a criação de plataformas que otimizam o tempo do profissional ao assumirem o controle de atividades repetitivas e de baixo valor, que normalmente demandam muito tempo e trazem pouca rentabilidade. (*) É CEO & co-founder da Ramper. |
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