Internet limitada bloqueia processos tecnológicos no BrasilCom nova resolução da Anatel, organizações e consumidores podem pagar caro e ter prejuízos nos negócios Juarez Araújo (*) Uma das maiores dúvidas das empresas que necessitam que seus processos sejam executados em nuvem (cloud computing) é justamente a velocidade da internet; ou, como conhecemos no jargão de TI, a “largura da banda”: o que você possui de link de internet para fazer com que todas as informações escoem e voltem da “nuvem”. Temos acompanhado o discurso das operadoras com relação a limitar a banda de internet e franqueá-la pela quantidade de bytes trafegados, seja para a nuvem ou para a utilização normal de seus processos no dia a dia. Agora vamos imaginar que, no momento que estivermos realizando uma operação delicada de transferência no nosso Internet Banking, ou estivermos realizando o pagamento dos nossos funcionários, de nossos impostos e contas, atingimos o limite de internet cobrado pela operadora. Imaginem um médico, que esteja prestes a fazer uma cirurgia em uma videoconferência com seu colega do outro lado do mundo, necessitando trocar informações sobre o paciente ou sobre a própria cirurgia, e a velocidade baixa drasticamente. Imagine ainda se os seus computadores estiverem na nuvem e você só tem um dia para fazer os cálculos dos impostos a pagar ao governo, emitir as guias correspondentes e já são 16h. Podemos todos tentar fazer as coisas com mais previsibilidade e antecedência, mas colocar nesse planejamento a possibilidade de sua franquia de internet chegar ao limite e ficar mais lenta, já é sair um pouco da curva da razoabilidade. Os impactos da internet limitada para os empresários podem ser enormes, principalmente para as médias e pequenas empresas, uma vez que a maioria dos contratos de links de internet com as operadoras não são links exclusivos, com velocidade determinada ponto a ponto. Esses empresários contratam links corporativos cuja velocidade não é determinada e, sim, seu valor mensal. Caso seja colocada uma franquia na quantidade, a maior parte terá seus custos acrescidos de mais essa variável. E como esses custos seriam repassados? Para as empresas que possuem parte ou todos os seus servidores rodando em nuvem, o impacto também seria muito grande, uma vez que o tráfego dos dados é realizado 100% pela internet. Mais um custo que teríamos de assumir integralmente. Os pequenos fornecedores dos serviços de nuvem também seriam fortemente impactados em seus custos, uma vez que são eles que realizam o “repasse” dos links para seus usuários finais. E essa franquia ou limitação também seria colocada para esses fornecedores? Os grandes fornecedores de serviços de nuvem sofreriam um pequeno impacto, pois eles contratam links já com velocidade e banda determinadas com as operadoras e, na maioria dos casos, os custos desse tráfego já estão inclusos na conta do cliente. A menos que esses fornecedores também sofram a mesma determinação de franquia, os custos também seriam repassados às empresas. Para o Brasil das pequenas e médias empresas, o impacto financeiro seria bastante substancial, o que pode desencorajar esses empresários a adotar soluções em nuvem. Se o tráfego para a nuvem é realizado totalmente via internet, a franquia de velocidade e quantidade de dados trafegados pode ficar significativamente mais cara, dependendo da quantidade de servidores e recursos que lá se coloca. Seria certamente um impeditivo ao crescimento, tanto dos pequenos e médios empresários, quanto dos fornecedores de serviços de nuvem. Acredito que as operadoras tenham a necessidade de repor suas perdas financeiras, mas penalizar as empresas e os usuários com franquias de utilização vai um pouco além da economia moderna, que cada vez mais tende a ser colaborativa. Devemos, antes de mais nada, pensar e analisar o cenário de todos para chegar a um consenso. Simplesmente colocar uma franquia determinada e cobrar a mais pela utilização, não pode ser a única solução. As operadoras e a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), em conjunto com a sociedade, devem sentar-se à mesa e negociar – pois de acordo com o que estamos vivenciando, as decisões unilaterais dificilmente nos farão chegar a algum consenso em que todos ganhem. (*) É diretor comercial da DBACorp. | A importância do streaming para a distribuição de campanhas publicitáriasPrimeiramente, acho importante dizer que finalmente deixamos para atrás a era da publicidade obsoleta. Foi preciso muita luta para mostrar ao mercado que adotar uma postura mais radical, buscar novos métodos e parceiros, investir em diferentes ferramentas e inovar sempre que preciso para conseguir de fato alcançar grandes resultados é essencial para qualquer empresa. Escutamos muito falar sobre como a evolução tecnológica vem contribuindo e facilitando o acesso à mensuração de resultados. Eu vou explicar como! Hoje, o ambiente digital oferece uma diversidade de ferramentas de automação gratuitas ou pagas e algumas plataformas capazes de gerenciar campanhas publicitárias, que por sua vez, prometem revolucionar a cultura de mensuração entre os profissionais desse segmento. Penso da seguinte forma: na nossa atual economia, por que não mostrar para seu cliente que você o ajudou a reduzir brutalmente as despesas utilizando uma nova tecnologia presente no mercado? Dessa forma, ganha-se dos dois lados e ainda se contribui para um mercado mais transparente, correto e evoluído, não é mesmo? Na publicidade, por exemplo, o cenário não é diferente e da evolução do streaming publicitário nasceu uma aliança perfeita entre anunciantes, agências e plataformas de distribuição de campanhas publicitárias. Todo o entendimento deles em relação ao tempo de entrega de campanhas, baixo custo, segurança e otimização de processos, foi essencial para lutarmos por um espaço e ganharmos o mercado juntos. Muitos ainda se perguntam, mas será que é preciso mesmo investir em ferramentas tecnológicas para conseguir se manter e não perder espaço no mercado? A resposta é uma só: SIM. Temos um exemplo recente de que a tecnologia está dominando o mercado e o mundo. A maior emissora de TV da América Latina se rendeu à era do streaming e a partir do mês que vem, passará a receber campanhas publicitárias somente pelo meio digital. Essa mudança só reforça o quão importante é estar atento as novas tendências e se adaptar conforme manda o figurino. Atualmente, tudo é feito de forma digital, sem fitas, mensageiros, pen drives, cartões de memórias, entre outros. Tudo passa a ser realizado de forma online, com controle de qualidade, proporcionando agilidade e economia de escala nesses processos. Agora é possível centralizar todas as campanhas e envios de comerciais em uma única ferramenta, além de controlar os destinos, gerenciar e configurar todos os filmes com a comodidade de apenas um clique. A internet proporciona o mais importante, agilidade com segurança. Para finalizar, defendo que a era que estamos vivendo é a de uma completa integração entre todas as áreas. Devemos sempre pensar em aproveitar as ferramentas já existentes e que facilitam o dia a dia nas duas pontas, pois é uma forma de criar algo novo, de alto impacto e que corrobora para grandes tomadas de decisões. Afinal, inovar e utilizar novas ferramentas de automação é também mostrar ao cliente que nos preocupamos com cada real que ele gasta, seja para obter o melhor retorno de campanhas, ou para economizar. (Fonte: Celso Vergeiro é CEO da AdStream, maior plataforma de armazenamento e distribuição de conteúdo publicitário do mundo). 10 lições que aprendi na liderança em empresas de tecnologiaLaurent Delache (*) O que se espera de um líder empresarial no século XXI? Durante muitas décadas, talvez séculos, coube às lideranças a missão de ter, quase na ponta da língua, respostas para todas as perguntas. Responder era como uma extensão do cargo. Afinal, o “sabe tudo” deveria ser o chefe As mudanças no modelo de gestão provocadas pelas experiências de grandes líderes empresariais, do olhar de consultores e do próprio impulso das sociedades contemporâneas provocaram transformações significativas no papel dos líderes. Hoje, trabalhamos com pessoas de diversas formação e culturas, com equipes que ficam ao lado ou a quilômetros de distância. Com isto, Aprendi que para ser bem-sucedido na gestão preciso saber fazer as perguntas certas, na hora certa, para a pessoa certa. O poder está com quem sabe conduzir uma boa conversa. Como vivemos a fase da gestão compartilhada, do trabalho colaborativo, participativo, da troca constante de ideias, aprender a fazer boas perguntas é fundamental. Esse aprendizado veio seguido de um outro extremamente importante para nós, gestores. Aprendi que devo me cuidar. A cuidar melhor da saúde, do tempo e dos relacionamentos. Decidi dedicar uma maior parte do meu tempo às pessoas, valorizando os relacionamentos, sejam eles profissionais, familiares ou sociais. Passei a confiar mais nas equipes, a delegar mais, a ser menos centralizador e mais colaborativo. Passei a usar mais a tecnologia para fazer a gestão das equipes que ficam em lugares distantes. Entendo que o equilíbrio nos meus relacionamentos é a base de uma vida saudável e próspera. Aprendi também que o importante é o que eu faço, não o que eu falo ou escrevo. Nas minhas interações diárias, escuto muitas pessoas falando, leio bastante material escrito, mas afinal, o que vale para mim são as ações. É pelas suas ações que avalio o compromisso das pessoas que se relacionam comigo. Para mim, o importante é o que se faz. Entretanto, não basta ‘fazer’ de forma automática, sem estar no controle de suas ações: precisa ser feito de forma consciente. São tantos temas que povoam e poluem os pensamentos que a vida vai passando, dando a sensação de perda de controle. Percebi que deixamos, geralmente, um piloto automático assumir muitas das nossas ações diárias. Mas é quando assumimos o controle da própria vida que nos tornamos mais produtivos, mais objetivos e bem mais felizes. Aprendi que estou no controle da minha vida: tomo minhas decisões com consciencia plena. Aprendi que não estou sozinho. Líderes solitários, fechados em seus espaços, tomando decisões sozinhos já não combinam mais com o estilo das sociedades contemporâneas. Vivemos o tempo de participar, colaborar, integrar, estarmos abertos a mudanças. Os grandes líderes, mesmo diante do volume de informação que têm acesso hoje, sabem que não tem mais controle de tudo. Precisamos compartilhar informação, pensar e tomar decisões em grupo. Aprendi que minha vida é uma sequência de ciclos. A explicação que mais faz sentido para mim é a visão dos setênios, que explica e contextualiza porque vivemos mudanças significativas em nossas vidas a cada sete anos. Não se trata de uma ciência exata, mas olhando retrospectivamente, vejo que a cada sete anos acontecem mudanças importantes e de impacto na minha vida. Mudamos de ciclo. E não adianta querermos queimar etapas. Só entramos no próximo ciclo quando o outro esta concluído. Em breve estarei com 49 anos. Um novo setênio começou para mim. Aprendi a confiar nos insights que tenho pela manhã quando acordo. Abandonei o velho hábito de tomar decisões com a mente cansada. Grandes desafios necessitam de tempo para refletir e analisar os fatos em vários ângulos. A experiência tem me mostrado que surte efeito. Até aqui, posso dizer, que as decisões que tomei com a mente descansada foram as mais assertivas. Sei que cada um de nós tem seu estilo, o horário certo para estar mais relaxado e conectado com o ser interior. Então deixo uma dica: encontre seu relógio interior e invista nele para, com a mente descansada, tomar as decisões. Aprendi a estabelecer metas. Parece fácil, mas não é: aprendi que estabelecer metas com eficácia não é tão simples assim. A objetividade e a racionalidade da matemática tornaram-se minhas grandes aliadas na definição das metas. Metas precisam ser estabelecidas com clareza, com objetivos que podem verdadeiramente ser cumpridos, com prazos e outros meios que possam ser mensurados. Quando me pergunto e analiso porque algumas pessoas chegam mais longe do que as outras, atingem melhores resultados, sejam profissionais ou pessoais, sempre vejo que o planejamento esteve presente em suas decisões. Podemos ajudar essas e as futuras gerações do mundo dos negócios a se planejar mais, a usar mais a matemática para traçar metas. Aprendi que é preciso soltar, confiar, delegar, perdoar. A beleza do trabalho em equipe reside em como atuar à frente de um time formado por pessoas com jeito e gênios distintos e conseguir os resultados desejados. Soltar e delegar exige do gestor uma mudança em sua forma de comunicar, pedir, treinar e transmitir as suas expectativas. Exige, sobretudo, autocontrole e autoconfiança. Implica valorizar a conduta nos relacionamentos com os clientes, fornecedores, funcionários. Impacta na qualidade das entregas e no respeito aos prazos. Delegar é preciso. Confiar é primordial. Procuro fazer a coisa certa na primeira vez, na primeira tentativa e dentro do prazo. Parece algo rotineiro. Mas está ligado à disciplina, ao foco, à educação, à produtividade, ao comprometimento e ao compromisso. Fazer certo na primeira vez significa economia de tempo e de recursos. Retrabalho é perda de tempo e de recursos. Se eu puder contribuir com algo neste país que me acolheu, que aprendi a amar, onde constitui família e trabalho, gostaria muito de ser essa voz que incentiva as pessoas a investir nas competências para fazer a coisa certa e no prazo já na primeira vez. É uma questão de coerência. É questão de responsabilidade. É uma questão ética. Se prometi entregar, se estou envolvido em uma missão e aquela etapa depende de mim, preciso fazer de tudo para evitar desperdício de tempo e de recursos pela não entrega nos prazos. Eu escolhi o Brasil para viver porque acredito no potencial deste país. Acredito que se todos, juntos, fizermos a coisa certa, da primeira vez, e no prazo que foi determinado, podemos transformar este país em uma das nações mais produtivas e admiráveis do mundo. (*) É vice-presidente da Aspect América Latina. Francês, mora no Brasil há 25 anos. |