Cinco pontos em que o e-commerce precisa evoluir no BrasilNão dá para dizer que o e-commerce brasileiro vai mal. Mesmo com a crise financeira que atinge o país há alguns anos, prejudicando alguns dos mais sólidos setores da economia nacional, o comércio eletrônico mantém-se com boas perspectivas. Segundo a Abcomm (Associação Brasileira de Comércio Eletrônico), o varejo online deve manter o crescimento de dois dígitos nos próximos anos Bruno de Oliveira (*) Porém, nada é tão bom que não possa ser melhorado. Quando olhamos, por exemplo, para as economias maduras, como a europeia ou a americana, percebemos que existem alguns pontos estratégicos que merecem mais atenção. À medida em que esses fatores forem sendo melhorados e ajustados, o comércio eletrônico brasileiro tenderá a receber novos investimentos e crescer ainda mais. Dentre as melhorias possíveis, acredito que cinco pontos são fundamentais para o progresso do setor. Alguns fatores dependem do contexto “macro” do país, ou seja, de questões puramente infra-estruturais. Já outros estão diretamente ligados ao comportamento do empreendedor e às formas com que ele lida (ou pode vir a lidar) com o mercado. Confira quais são eles: 1) Logística Essa é uma das questões mais importantes para o empreendedor que tem um e-commerce e precisa entregar produtos com rapidez, além de cativar clientes todos os dias. O primeiro ponto óbvio: se comparado aos EUA, por exemplo, o Brasil possui uma malha (rodoviária, ferroviária e hidroviária) que poderia ser muito maior e mais eficiente. Em primeiro lugar, isso acontece pelo baixo estímulo dado ao crescimento do setor logístico no país. Depois, obviamente, podemos citar um fator que dificulta ainda mais as coisas: com 8,5 milhões de km², o Brasil é hoje o 5º maior país do globo em extensão territorial. Como resultado dessas dificuldades, o empreendedor que passa a vender online logo percebe que suas opções praticamente inexistem. Não é à toa que os Correios vangloriam-se de ser “o parceiro de 9 a cada 10 e-commerces brasileiros”. É claro que existem outras empresas que fornecem o serviço, mas dificilmente elas conseguirão concorrer em preço e eficiência. Se o que queremos é um comércio eletrônico mais maduro e resiliente, precisamos começar a pensar em desenvolver o setor logístico do país, com a entrada de outras empresas e soluções que agreguem valor e facilitem a vida das partes envolvidas. Até porque já sabemos que a concorrência, quando bem feita, é o único estímulo capaz de baixar custos e aumentar a eficiência de qualquer produto ou serviço. 2) Melhoria no Acesso à Internet Não é preciso raciocinar muito para entender que uma internet democrática e de qualidade impacta diretamente os números do comércio eletrônico em determinado país. No Brasil, ainda há muito a ser melhorado. Em primeiro lugar, se você acessa as redes sociais rotineiramente, deve ter visto muita gente falando sobre a recente discussão em torno da limitação da internet no país. Aprópria FecomercioSP manifestou sua preocupação sobre as formas com que uma medida tão drástica como essa poderia impactar o faturamento do mercado. Segundo a instituição, uma navegação mais lenta ou até uma eventual impossibilidade de navegação pode diminuir as vendas do setor. Além disso, um mercado de e-commerce mais maduro e eficiente só é conquistado com uma população que tenha amplo acesso e familiaridade com o mundo online. O Brasil, apesar de seus mais de 200 milhões de habitantes, apresenta atualmente, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad 2014), somente 54,9% de lares conectados à internet. Há muito trabalho a ser feito. 3) Mais Acesso ao Cartão de Crédito No comércio eletrônico, nenhuma outra forma de pagamento oferece tanta comodidade ao consumidor quanto o cartão de crédito. Além de não precisar sair de casa para pagar boletos ou efetuar depósitos, o cliente ainda consegue manter o orçamento suavizado através de prestações. Não é à toa que, segundo números divulgados pela ABECS (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços) em 2014, 67% das compras pela internet já eram feitas via cartão de crédito. Além disso, 74% dos usuários de cartão afirmam que gastariam menos dinheiro caso a opção não estivesse disponível na hora da compra. Sem dúvida, os números acima reforçam a seguinte ideia: um maior acesso ao cartão de crédito por parte da população impacta direta e positivamente o faturamento do e-commerce. Se considerarmos que atualmente, segundo dados divulgados pelo SPC Brasil, cerca de 52 milhões de brasileiros usam o cartão de crédito, existe bastante margem para crescimento. 4) Gerar Valor para as Pessoas Quando sou questionado sobre o assunto, observo claramente que um dos principais déficits do comércio eletrônico hoje em dia é o fato de as lojas ainda tentarem “empurrar” produtos para o cliente, sem nenhuma estratégia para isso. Se você quer ser bem-sucedido no e-commerce, precisa entender, em primeiro lugar, que não é só alugar uma plataforma e cadastrar os produto lá. Quando este é o plano, ninguém compra de você. Eu gosto de comparar o início de um e-commerce com uma galeria. Quando você começa uma loja virtual, ela é como aquela última loja escura da galeria: totalmente ignorada, as pessoas muitas vezes nem sabem que ela existe. Para sair do “anonimato”, ou você investe rios de dinheiro em marketing e processos, como fazem os grandes players, ou precisa urgentemente começar a gerar valor para o seu público — o que eu chamo de se tornar uma autoridade em seu mercado. Decidiu que quer trabalhar com um e-commerce de decoração? Então pare de postar somente ofertas e crie um blog (ou mesmo posts nas redes sociais) ensinando as pessoas sobre os “7 passos para decorar apartamentos pequenos da melhor maneira possível”. Sua loja virtual é de produtos eletrônicos? Então invista algum tempo (ou dinheiro) para produzir reviews sobre os produtos. Crie vídeos, apareça na peça de conteúdo, trabalhe com brindes legais, chame a atenção! Isso gera conexão, gera empatia,e faz o cliente lembrar quem é você. Pare de tentar vender o tempo todo. Foque em resolver o problema da sua persona. 5) Melhorar o Marketing Apesar de varejo físico e online acontecerem em uma lógica que parece semelhante, as estratégias de marketing utilizadas para um e outro negócio são completamente diferentes. O problema é que, por ainda ser um negócio considerado “novidade”, uma loja virtual nem sempre tem o seu marketing trabalhado da melhor forma possível — o que acarreta em perda de vendas e desperdício de recursos do empreendedor. Isso acontece por um motivo simples: um empresário tem uma loja física e, durante anos, investiu somente em panfletos e anúncios na rádio local. Nós sabemos que mudanças são difíceis, não é fácil entender que, para gerir seu “novo” negócio online, ele terá agora que estudar sobre Google Adwords, Facebook Ads, Google Analytics, Email Marketing, ROI… Um exemplo claro disso são os empreendedores que começam a anunciar com o Adwords (por ser a plataforma mais conhecida do mercado) e simplesmente se esquecem das outras opções, deixando de lado, por exemplo, suas estratégias de SEO (muito importantes para o sucesso da loja virtual a longo prazo). Na verdade, o marketing, por ser o ponto crucial de qualquer negócio que pretenda continuar em uma onda crescente, precisa ser cuidado com todo carinho e atenção pelo empreendedor ou agência contratada… Dia após dia, testando e aprendendo com os erros. Ignorando isso, dificilmente as coisas darão certo. Ao melhorar os cinco pontos citados acima, teremos todas as “armas” necessárias para engatar muitos e muitos anos de crescimento sustentável do e-commerce, sempre buscando desenvolver o mercado e tornando-o cada vez mais sério e profissional. (*) É empreendedor no mercado digital há mais de dez anos,especialista em e-commerce e criador do Ecommerce na Prática.com.com e do método Viver de Ecommerce, além de idealizador da Semana do ECommerce, evento online gratuito que reúne cerca de 50 mil empreendedores a cada edição, onde ensina a montar o planejamento e o passo a passo para montar um e-commerce do zero. | Por uma vida mais livre, invista num negócio onlineCriador dos sites Empreendedor Digital e Férias sem Fim, o empresário Bruno Picinini lança livro no qual conta como abrir um negócio online e ser seu próprio chefe mudou sua vida para melhor Quem nunca desejou viver uma vida confortável e com mais liberdade? Certamente, este é o sonho de muitas pessoas. O arquiteto Bruno Picinini conseguiu realizá-lo por meio da criação de um empreendimento digital. E para compartilhar sua experiência com o maior número de pessoas possível, ele idealizou os sites www.empreendedor-digital.com e https://feriassemfim.com, que agora, em abril, ganha vida em forma de livro. Intitulado Férias sem fim – Trabalhe de qualquer lugar, saia de férias quando quiser e conquiste sua liberdade financeira”, publicado pela Editora Gente. No livro, um guia com 224 páginas, Bruno dá o passo a passo para um novo estilo de vida com mais liberdade, que proporcionou a ele deixar um emprego no qual não ganhava nem R$ 2.000 por mês, trabalhando até 60 horas por semana, para ganhar R$ 40.000, enquanto viaja pelo mundo. O livro reúne todo o know-how que Bruno adquiriu com esse novo estilo de vida. Nele, o autor fornece dicas e conta passo a passo como conseguiu montar um negócio online rentável em pouco tempo e sem muitas complicações, tornando-se seu próprio chefe, usufruindo de horários flexíveis e ganhando liberdade para fazer mais atividades prazerosas. Além de contar a própria história e compartilhar as estratégias para criar um negócio online, Bruno dá mais de 39 dicas práticas e acionáveis para quem quer colocar em uso e começar a construir seu novo estilo de vida. Também recomenda as melhores ferramentas e aplicativos e softwares, para que possa produzir mais com menos, e planos de ação, para que saiba o que fazer, dia após dia, para alcançar sua liberdade financeira, geográfica e de tempo. Não se trata de ganhar dinheiro fácil! Bruno faz questão de frisar que é necessário “arregaçar as mangas” e trabalhar seriamente e com organização para alcançar seus objetivos. A nuvem em 2027: minha visão do futuroPaulo Henrique Pichini (*) No ano passado comemoraram-se os 10 anos de computação em nuvem – a pedra de toque foi lançamento do serviço AWS, em 2006 Mas, na verdade, o conceito de nuvem surgiu muito antes, tendo sido pensado pela IBM já na década de 70. A base desta visão era somar uma visão típica de mainframes a máquinas virtuais. Esse conceito não usava o nome de “cloud” e era, ao mesmo tempo, futurista, arrojado e ditatorial. O cerne de sua proposta de negócios era que a IBM – líder absoluta em mainframes – tivesse exclusividade na prestação de serviços de TI para toda a humanidade. Este conceito seguiu vivo, adotando outras roupagens nos últimos 40 anos (Grid Computing, SaaS, etc.). Hoje podemos mirar 10 anos para frente e afirmar que, em 2027, a computação em nuvem estará mais presente do que nunca. Eis alguns dos fatores que fortalecem essa certeza: – Virtualização sem volta. Seguiremos testemunhando o processo de virtualizacão não só de máquinas, mas de todos os recursos de rede, datacenter e aplicação. O conceito SD* (Software Defined) começou com o SDN (Software Defined Networking), mostrou força na sigla SDDC (Software Defined Data Center) e só faz crescer. Onde estiver o termo Software Defined, o mercado encontra camadas e mais camadas de tecnologias de virtualização que transferem para o software habilidades que antes dependiam de hardware muitas vezes proprietários. Essa realidade será default em 2027 e será vista pelos gestores como algo essencial para garantir a escalabilidade da nuvem, um “non-stop environment” onde provisionamentos e mudanças acontecerão “on the fly”. – A App Revolution é para valer. Até 2027 veremos cada vez mais investimentos em software ou processo de transformação de aplicações com arquitetura aberta e de fácil manutenção. Será possível, inclusive, fazer essas adaptações/transformações on the fly, sem riscos de queda de sistema. A aplicação legacy ou terá desaparecido ou terá sido transformada em Web ou Mobile App. As razões para isso são muitas: o sistema legacy é caro demais, grande demais, lento demais para ser desenhado, implementado e disponibilizado. Uma de suas maiores fraquezas é a interação com o smartphone. Da interface ao core, o legacy é singularmente inadequado ao mundo mobile. Por isso seu destino é mudar, ou morrer. – Cloud API darão elasticidade à nuvem. As API (Application Programming Interface) são essenciais para integrar aplicações e outros recursos da nuvem de forma lógica e eficaz. Em 2027, o mercado usará rotineiramente modelos de API para nuvem para conectar “n” ambientes e plataformas. As principais API serão modulares, atuando de forma independente do ambiente onde rodam nativamente. Isso gerará uma nuvem onde diferentes aplicações se interconectarão automaticamente de forma elástica e robusta. – O data center nasce e vive na nuvem. Em 2027, os poucos data centers conservadores e pertencentes a uma única empresa ou governo que existirem terão cada vez mais portas de conexão com a nuvem. A verdade é que todo data center estará fadado a fazer parte da nuvem. Para muitos, a nuvem nasceu para servir de área de transbordo da TI. No futuro, no entanto, veremos a nuvem como uma realidade onipresente, a base sobre a qual data centers nascerão do zero, numa velocidade go-to-market que mal podemos imaginar agora. – A Internet das Coisas mostrará a que veio. Hoje as principais barreiras para a disseminação do IoT são as questões de segurança e de interoperabilidade entre dispositivos de diferentes fabricantes e plataformas. Até 2027, esses desafios terão sido equacionados e o resultado será um mundo com projetos de TIC em que dispositivos IoT tão diferentes um do outro como um forno industrial e um marca passo serão vistos como endpoints totalmente programáveis, gerenciáveis e seguros. A grande infraestrutura por trás da operação do IoT será a nuvem. – A nuvem é a fundação de todo o universo digital. A verdade é que em 2027 talvez nem falemos mais de nuvem – ela será uma infraestrutura tão onipresente e essencial como a terra, como o ar que respiramos. A nuvem será o habitat natural e seguro de todo tipo de aplicação, das mais complexas soluções corporativas, governamentais e militares ao mais recente game de realidade virtual. Grandes grupos irão armazenar seus dados – agora intimamente ligados ao BigData e a soluções Analytics que todo dia influenciam a direção dos negócios – em cloud data centers e cloud data bases. Será normal contar com bases de dados de mais de 100 petabytes (1 petabyte = 1000 terabytes). A crise econômica e política que o Brasil tem vivido nos últimos 3 anos tem reforçado o foco do mercado em cloud – muitos são atraídos pelo custo on demand e pela flexibilidade deste modelo, plenamente capaz de crescer ou encolher de acordo com o ritmo dos negócios. Mas a computação em nuvem é muito mais que isso. Hoje, e nos próximos 10 anos, toda inovação tecnológica encontrará na nuvem seu habitat natural. (*) É CEO & President da Go2neXt Cloud Computing Builder & Integrator. |