Inventário eficiente, gestão de TI eficienteO momento de comemorar resultados extraordinários de expansão do negócio, para qualquer empresa que está ganhando maturidade no mercado, sempre vem acompanhado de necessidades estruturais para sanar gargalos tecnológicos. Empresários se veem diante do dilema do crescimento quando não conseguem mais gerenciar suas redes de forma eficiente Helder Farias (*) No momento de aderir a uma plataforma ou política de gerenciamento de TI para ganhar em produtividade e economizar recursos, nem todos têm consciência de que nenhum projeto de gestão assertiva dos ativos da empresa deve começar sem que um inventário preciso seja totalmente concluído. Para saber como gerir o patrimônio, é preciso antes de tudo saber o que se tem, mas na ânsia de obter resultados que tragam retorno do investimento, há quem cometa o erro de não priorizar o início de todo o processo. Ninguém consegue organizar seu guarda-roupas se não souber, primeiramente, tudo o que tem dentro dele, certo? Ninguém sabe ao certo onde aplicar seu dinheiro, quais investimentos fazer, se não tem ideia de quanto tem guardado. A mesma regra vale para empresas que querem o melhor software de gestão, as mais modernas formas de organizar o seu TI, mas não fazem, antes de tudo, um raio-X detalhado do que está em uso em todos os departamentos, de forma prática e relevante, com dados que possam ser usados posteriormente. Este levantamento é essencial diante de uma realidade apontada pelo Gartner: com o crescimento dos recursos e plataformas, o volume de dados em ambientes corporativos deve crescer 650% nos próximos cinco anos, tornando a gestão cada vez mais complexa. Aí vão algumas dicas essenciais para priorizar o inventário dos ativos – sejam hardwares ou softwares – antes de qualquer outra iniciativa para gerenciamento dos sistemas: 1. Automatize o inventário É quase impossível, na atualidade, produzir um inventário perfeito de uma empresa de pequeno, médio ou grande porte de forma manual. Fatores como o dinamismo do mercado, a entrada e saída de funcionários (e usuários do sistema), a diversidade de plataformas de armazenamento de dados, os softwares utilizados e os modelos flexíveis de trabalho – home office, por exemplo, com ativos que ficam fora do escritório – impedem que se tenha uma visão 100% real do que a empresa possui. É preciso mapear de forma automática, por meio das ferramentas de gestão, todos os hardwares conectados na rede por IP, relacionar todas as aplicações instaladas em cada máquina e quem utiliza os dispositivos. 2. Softwares também são ativos Inclua em seu inventário todos os softwares que utiliza, principalmente aqueles que demandam investimentos. Com este registro, é possível monitorar quais são mais ou menos utilizados, quando expiram as licenças, quais devem ser renovadas e quais delas podem ser eliminadas por não serem mais necessárias à rotina da empresa. Muitas companhias pagam mais do que precisam em licenças de softwares por desconhecerem a necessidade dos mesmos. 3. Mantenha seu sistema disponível para entrada manual de dados É importante contar com o fator humano ao inventariar equipamentos eletrônicos que não estejam conectados à rede e, logo, não serão automaticamente registrados em sua ferramenta de gestão. É o caso de projetores, câmeras, televisores. Desta forma, esses são registros feitos manualmente na plataforma. 4. Crie uma rotina de atualização automatizada Os dados do inventário precisam ser atualizados automaticamente e essa tarefa deve ser supervisionada pelo departamento de TI. Os gestores podem receber alertas sobre mudanças nas configurações dos ativos, ou alteração de usuário em determinada máquina, por exemplo. As mudanças no sistema, quando não monitoradas, podem gerar distorções e levam a tomada de decisões erradas para a TI. 5. Extraia informações relevantes de cada ativo Mais do que saber qual é o modelo do equipamento x do departamento de Recursos Humanos, sua localização e outros dados gerais, registre todas as peculiaridades como: prazo para expirar garantia, sistema operacional, capacidade disponível, aplicativos instalados, descrição dos mesmos, etc. O mesmo vale para softwares. Ressalto que é importante agregar ao sistema de gestão catálogos de produtos que já inserem as descrições das versões oficiais de cada programa, padronizando corretamente os dados de acordo com os disponibilizados pelos fabricantes dos produtos. Assim fica mais fácil fazer qualquer atualização de sistema posteriormente. 6. Gere relatórios customizados de uso dos ativos Com todas as informações devidamente inventariadas, explore este universo de dados para gerar relatórios de uso e desempenho necessários para decisões assertivas que melhoram a produtividade e reduzem custos da empresa. Os dados e uma gestão unificada podem prevenir problemas futuros. Não há previsibilidade. Extraia informações a partir do cruzamento de dados, como por exemplo quantos computadores estão com o prazo de garantia para vencer nos próximos seis meses, quantos utilizam aquele software vital para o dia a dia que precisará ter sua licença renovada até o final do ano, quais estão utilizando quase a capacidade máxima. Assim, é possível prever os investimentos necessários a curto, médio e longo prazo, cortar gastos desnecessários e melhorar a performance dos ativos. Importante ressaltar que um inventário completo que retrate fielmente a realidade não gera custos adicionais a quem já possui as ferramentas para gerenciar a rede e é o que vai determinar se o investimento em gestão vai valer a pena. (*) É gerente de Vendas da Intensive 360. | Storydoing é o novo Storytelling?Martha Terenzzo (*) Se existe uma área que adora criar novos conceitos é a área de comunicação Desde 2012, o conceito de Storytelling tem recebido novas denominações e até já ganhou o 2.0, o que significa nos meios um uso mais avançado do modelo. É a desmaterialização dos conceitos com novas tentativas de apropriações de território midiático. Ao lado do termo storydoing pairam ainda storytelling 2.0, storytliving e storymaking. Tudo a mesma coisa. O termo storydoing foi introduzido em 2012 por Ty Montague, estrategista e fundador de uma empresa de consultoria, por meio de uma pesquisa e um livro sobre o assunto. Para Montague, storydoing é a publicidade tradicional nos formatos para TV, revistas, jornais, rádios e outdoors. Mas, por outro lado, afirma que outras atividades que não usam os meios tradicionais para propagar sua marca podem ser denominadas como storydoing. Inclusive, dá os exemplos de grandes marcas como Red Bull e Tom Shoes. Primeiramente a marca Tom Shoes de Blake Mycoskie. Mycoskie, um jovem americano do Texas, decidiu acompanhar a irmã na Argentina e ficou impressionado ao perceber que muitas crianças carentes brincavam descalças nas ruas da periferia porque a família delas não tinha dinheiro sequer para comprar-lhes um par de alpargatas (popular no local). Achou o calçado interessante, estudou o processo produtivo e observou que há sobras na produção que permitiriam a produção de novos calçados, porém em menor quantidade. Em 2006, criou uma empresa cujo modelo de negócios era relativamente simples — a cada calçado vendido, outro seria doado a alguma criança carente ao redor do mundo. Essa marca é a Tom Shoes, desde então Mycoskie é o principal garoto-propaganda da empresa. Como em muitos casos de empreendedorismo, o fundador e sua própria história se tornam a personificação de seus negócios. A marca praticamente não investe nada em propaganda. Seus disseminadores são seus fãs, usuáriosda marca. O protagonista, o próprio Mycoskie, jovem, bem articulado e bom contador de histórias. Portanto, essa marca já nasceu com um propósito claro e um modelo de negócios que hoje já é copiado por outras empresas. Por ser inovadora no modelo, gerou buzz naturalmente. Qual é a história que permeia a Tom Shoes? A história de seu fundador e de seu próprio modelo de negócios. A cada sapato vendido, uma criança receberá um par de sapatos. As novas empresas que estão copiando o modelo terão o mesmo sucesso que Mycoskie? Sem entrar em detalhes do case Tom Shoes, mas provocando uma reflexão, perguntamos se a causa é suficientemente autêntica e suporta uma empresa social com fins lucrativos. Ou seja, além de ter um papel social, tem que ser um negócio viável, portanto doar sapatos para crianças carentes é melhor do que nada, mas será sustentável mesmo? O que ocorre com os artesões de sapatos nessas localidades que recebem doação? O produto hoje é produzido na China e não nas regiões carentes onde há doação. E dessa forma Tom Shoes recebeu o cunho de ser uma empresa storydoing, o que para nós não é suficiente ainda. Se o cunho social tem muita relevância e é vital para os negócios de uma empresa storydoer ou storytelling 2.0, falta saber se a empresa tem um propósito verdadeiro para sustentar esse conceito. A nosso premissa é que o storytelling é o core da marca e o storydoing as ações contínuas e atitudes através de seus colaboradores, usuários, comunidades, ou seja, todos os stakeholders. Todos de fato devem viver a marca pois ela com sua essência permeia a também a vida de seus stakeholders. E no caso da Red Bull não há uma causa social, mas sim um DNA bem definido com foco nos esportes e entretenimento. Além disso, não é uma empresa que vende apenas taurina em latinhas, desde 2007 criou uma empresa separada chamada de Red Bull Media House, que produz, distribui e propaga conteúdos de alta qualidade. E ela não é apenas uma storydoer, é uma organização de mídia multiplataforma com foco em esportes, estilo de vida e cultura. Esse é obviamente um modelo de negócios diferente, pois as plataformas atendem diversos canais de comunicação, desde TV, redes sociais, mobile, digital até revistas especializadas para atrair a audiência. Quais os elementos por detrás dessa marca? Não se trata apenas de contar as histórias ou exercer o branded content na sua essência. Significa que seu core concept é claro e disseminado por meio de seu modelo de negócio, vivido por todos stakeholders da marca incluindo fãs que não precisam ser consumidores do energético. Com respeito ao autor do conceito, nosso ponto de vista é diferente. Para nós não existe storydoing, sem storytelling. E o storydoing amplificará a essência da empresa, mas ele deve ser feito continuamente e com base na história que a marca quer contar para sua audiência. E uma marca sem propósito claro não consegue fazer storydoing, ela pode fazer o live marketing,proporcionando interlocução entre marcas e pessoas, provocando uma percepção diferenciada de produtos, serviços e marcas. No entanto táticas promocionais e live marketing não é storydoing, storymaking ou storytliving. E quem são as marcas que fazem storydoing? Empresas como Natura e Coca-Cola usam muito bem storytelling e por isso podem potencializar suas histórias, criar experiências, incluindo as de cunho social. Essas empresas conseguem exercer o poder constante de fazer com que as histórias de suas marcas sejam vividas por todos. Acrescentamos que antes de qualquer tipo de comunicação, seja ele B2C ou B2B, é preciso que a empresa adote verdadeiramente o mantra do walk the talk, ou seja, suas ações e essência devem corresponder a sua visão, missão e valores. Sua história permeará todas as ações, independente de ela adotar um modelo sistematizado de storytelling. As pessoas falarão dessas marcas espontaneamente e não só viverão suas histórias, como também criarão outras gerando um motocontínuo de fortalecimento. Cabe lembrar que sempre existe uma mitologia por detrás da marca e que ela pode ou não permear a empresa através de suas atitudes. Quanto mais coerente e autêntica melhor. Portanto, tanto faz se existem várias novas denominações. Uma marca tem gestão de pessoas para pessoas e é disso que suas histórias e mitologia da marca falam. Não estou convencida do mantra defendido por Montague que boas empresas são storytellers e grandes empresas são storydoers. Acreditamos que as empresas com propósito claro, e com uma história autentica e walk the talk, são as melhores empresas. (*) É Diretora da Inova 360o, consultora de empresas, professora da Faculdade ESPM. |