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Tecnologia 18/02/2016

em Tecnologia
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

O que o crowdfunding pode fazer pelos novos talentos?

É muito interessante e motivador observar que, mesmo diante da crise que se abala sobre o país, o segmento empreendedor brasileiro mantém sua trajetória de ampliação das oportunidades Brasil afora. Um dos maiores exemplos é a Feira do Empreendedor Sebrae, que este ano vai reunir milhares de ávidos e potenciais novos talentos que chegarão ao mercado com suas inovações e empresas

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Vinicius Maximiliano (*)

Porem, igualmente de forma igualmente preocupante, o mercado de fomento e de investimentos no Brasil se retraiu muito, especialmente pela ausência de medidas claras do Governo que demonstrem um cenário futuro de recuperação. Com isso, instituições financeiras e investidores institucionais adotam como medida principal “conter” investimentos, o que, na ponta final da linha, prejudica exatamente esses potenciais novos talentos de tornarem suas ideias realidade. Sem credito, tudo fica mais difícil de ser estruturado!

Contudo, uma das alternativas mais prosperas, rápidas e acessíveis a todos, literalmente todos os empreendedores brasileiros é o uso do financiamento coletivo, ou crowdfunding, para validar sua ideia de negócios e, porque não, obter financiamento praticamente a custo zero ou muito abaixo das taxas do mercado “tradicional”.

O movimento do crowdfunding chegou ao Brasil de forma mais estruturada no ano de 2014, coincidindo com seu crescimento exponencial nos Estados Unidos e Europa. Atualmente, o pais conta com centenas de plataformas para os mais diversos tipos de projetos, desde culturais ate os de investimento imobiliário. E esse nicho de mercado esta só começando. O que gostaríamos de sinalizar, para os empreendedores, é exatamente o segmento de plataformas direcionadas para o investimento em empresas iniciantes, as chamadas startups.

São as plataformas de “equity crowdfunding” e que tem por principal objetivo ligar investidores e empreendedores que precisam financiar suas ideias e apresentar, no médio e longo prazo, bons resultados e em troca, dar uma participação empresarial aos financiadores. Mundo afora esse segmento encontra-se altamente especializado e profissionalizado. Já no Brasil, ainda precisa de alguns refinamentos legais, mas ja temos condições de obter excelentes frentes de investimento com um custo altamente viável.

Em resumo, essas plataformas disponibilizam o site delas para que o empreendedor possa divulgar sua ideia de negocio. Apos passar por um processo de avaliação feito pela equipe do site (que em geral se preocupa em verificar se a ideia tem um mínimo de viabilidade comercial, inovadora e escalável, além de se certificar que o empreendedor será capaz de cumprir com o prometido), lançam online as paginas dos projetos, contando ou não com um investidor ancora, que aumenta a credibilidade e traz segurança aos investidores menores.

Apos a rodada de investimentos (ou o que chamamos no jargão de “fim da campanha”), os fundos são transferidos ao empreendedor, que então devera providenciar toda a documentação legal para dar amparo e segurança aos investidores, especialmente quanto a participação empresarial. No Brasil, os tipos empresariais são bem definidos, e em geral, os empreendedores que atingem as metas de lançamento do site irão ceder uma participação empresarial que será convertida em ações da futura empresa, em um futuro pré-determinado. Esses títulos garantem, em certa medida, o investimento do financiador, nada obstante ainda representem um cenário de risco como qualquer outro tipo de investimento em empresas iniciantes.

Com esse formato, dezenas de empresas inovadoras podem contar com financiamento rápido, barato e bem estruturado para suas ideias, sem ficar dependendo diretamente de bancos e fundos de investimento. Essas estruturas, maiores e mais burocráticas, além de levarem muito tempo para analisar qualquer tipo de plano de negócio, nem sempre o fazem com a devida atenção, e criam no empreendedor uma expectativa muitas vezes frustrada quanto ao engajamento com sua ideia.

Uma das maiores vantagens desse modelo inovador e alternativo de investimento está no envolvimento quase simbiótico entre os financiadores e o empreendedor, os quais querem firmemente que a ideia seja promissora, e em geral, ajudam com seu networking e expansão de mercados daquele produto ou serviço. É uma das poucas formas de financiamento social que conta exclusivamente com o poder da multidão, sem depender diretamente de qualquer agente financeiro próprio.

Ademais, os sites que atuam no segmento de “equity crowdfunding” integram uma parcela fortíssima do movimento “fintech” (uso da tecnologia para o mundo das finanças e desbancarização) que está cercando as instituições financeiras tradicionais, e tornando o acesso ao credito e aos investimentos mais democrático, barato, rápido e efetivo.

No Brasil, ainda por ausência de legislação apropriada, esses tipos de participações e projetos em financiamento de novas empresas conta somente com uma instrução normativa da CVM – Comissão de Valores Mobiliários, no que tange a dispensa ou não de apresentação de alguns requisitos exigidos pela Lei das Sociedades Anônimas. Assim, meu singelo conselho é, quando for investir em uma plataforma dessas, verifique com cautela se o projeto anunciado conta com esse documento, o que garante, pelo menos, que aquela oferta foi devidamente protocolada no órgão regulador brasileiro.

A era dos banqueiros sociais chegou para ficar, e os sites de financiamento coletivo baseados em investimento em empresas nascentes é uma das demonstrações mais fantásticas da obsolência progressiva dos meios tradicionais de investimento.

Se você é empreendedor, busque mais informações sobre crowdfunding e financiamento coletivo para sua empresa. Uma ideia viável e um mercado avido por boas opções de investimento aguardam sua empresa!

(*) É advogado corporativo, gestor contábil e financista. Possui MBA em Direito Empresarial pela FGV. É Especialista em Direito Eletrônico pela PUC/MG, atuou como advogado de Propriedade Intelectual no Brasil para a Motion Picture Association (MPA), Associação de Defesa da Propriedade Intelectual (ADEPI) e também para a União Brasileira de Video (UBV).

O conflito do Storytelling como recurso de engajamento empresarial

Luiz Alexandre Castanha (*)

Logo no início do ano, a marca de cosméticos O Boticário lançou um novo comercial polêmico

O filme “A Linda Ex” mostra a história de três casais em processo de divórcio. Sem entrar na questão de quem estava certo ou errado, a propaganda mostrou depoimentos dos casais, revelando os motivos que os levaram à escolha da separação. Acomodação, perda do desejo e rotina foram citados por todos os casais. Nada que pareça novidade, não é mesmo? É um pouco do que sempre escutamos, ou até mesmo vivenciamos, de relações que se desgastam com o tempo.
No comercial, a marca faz uma proposta às mulheres: maquiagem, cabelo, roupa especial. Tudo o que puderem fazer para deixá-las ainda mais bonitas para assinar os papéis do divórcio. A reação dos ex-maridos, que esperavam se deparar com as mulheres tristes e acabadas acaba sendo o oposto. Eles ficam espantados, admirados e até sem graça diante das mulheres bonitas e seguras.
A campanha, como era de se esperar, foi extremamente repercutida nas redes sociais. Entre diversas críticas e elogios, o fato é que o vídeo teve mais de 6,5 milhões de visualizações na internet. Tamanha repercussão não aconteceu por acaso. O Boticário usou de uma grande estratégia para chamar atenção das pessoas: o Storytelling. O que eles fizeram foi contar uma boa história da vida real, da qual as pessoas se identificam, sentem e se envolvem. E claro, para isso usaram da principal característica do Storytelling: o conflito.
O fato é que uma boa história sempre é construída em cima de bons conflitos. Eles são essenciais para transformar os personagens e, assim, criar conexões com o público. Afinal, todos nós passamos por conflitos e as grandes marcas e figuras transformadoras também passaram e ainda passam, pode acreditar. Isso mostra que de alguma forma estamos próximos e conectados. Uma narrativa bem feita acaba unindo e prendendo a atenção das pessoas. E incluir boas histórias que mostram conflitos reais no conteúdo das empresas, se mostra hoje uma incrível ferramenta para transmitir mensagens e, principalmente, engajar o público.
Para falar de Storytelling é impossível não citar o professor de escrita criativa, Robert Mckee, um dos maiores pesquisadores e mestres no assunto. Mckee em suas várias dissertações e seminários sobre o tema, afirmou que sem conflito não existe movimento e, portanto, não temos uma boa história. Narrativas que só mostram pessoas felizes, tudo dando certo e nenhum desafio ou transformação não conquistam a audiência. O conflito dá vida às histórias e é a alma do Storytelling.
Desde que as histórias sejam coerentes, conflitantes e, principalmente, verdadeiras, o poder de influência nas pessoas pode ser enorme, como é o caso do comercial do O Boticário. A estratégia da marca foi acertada e muito bem usada em sua campanha, ao explorar um assunto extremamente popular (a taxa de divórcios cresceu 160% nos últimos dez anos, segundo dados recentes do IBGE) e conflitante em vários sentidos para as pessoas.
Trazer esse tema em forma de histórias verdadeiras, mostrando o conflito interno dos casais e, principalmente, que envolvem a autoestima da mulher em suas relações foi o bastante para que o público se identificasse rapidamente, se emocionasse e fizesse com que a campanha tomasse uma proporção enorme naturalmente.
Nas empresas, o conceito de Storytelling deve passar por algumas fases. Primeiro é necessário entender o público-alvo. Depois, é preciso identificar os objetivos reais da empresa e sua imagem no mercado e a sua própria história. Em seguida, o que resta é explorar histórias baseadas em conflitos reais que se identifiquem e emocionem os clientes, para criar assim novos conceitos e campanhas que atinjam realmente as pessoas.
Mckee ainda amplia o foco do assunto e entra em outra questão, que é exatamente da minha área de trabalho. O Storytelling pode e deve ser usado também no âmbito interno do setor corporativo, para treinar funcionários, engajar líderes e influenciar positivamente gestores. Transmitir conhecimento com a emoção que boas histórias podem proporcionar, facilita a assimilação das informações.
O problema que acontece muito em Storytellings corporativos é que as empresas querem fugir dos conflitos. Acreditam que conflito significa problema e que o certo seria afastar esses conceitos do repertório da empresa. Isso resulta em histórias ruins, chatas e sem emoção que não transmitem nenhum ensinamento aos funcionários e nenhum resultado positivo para a empresa. Dessa forma, chega-se a conclusão de que o Storytelling não funciona para treinamentos corporativos.
No fim das contas, o que temos que entender é que, na verdade, os conflitos nos conectam. É por isso que ele é tão importante em uma história, seja ela corporativa ou não.

(*) É administrador de Empresas com especialização em Gestão de Conhecimento e Storytelling aplicado a Educação, atua em cargos executivos na área de Educação há mais de 10 anos.