O que os bons ventos tecnológicos reservam para 2018?Chegamos naquele momento em que olhamos para os projetos do ano que está terminando e começamos a traçar resoluções para o próximo Diogo Goebel (*) Tratando-se de tecnologia, e particularmente da área de TI e desenvolvimento, o ritmo das mudanças está incrivelmente acelerado, e tudo indica que deverá aumentar nos próximos anos. Gerentes, líderes e diretores de TI devem ficar ainda mais atentos a essas frequentes transformações, pois o mercado está em constante ebulição e requer tecnologias que acompanhem esse momento. Embora algumas preocupações se repitam como redução de custo, melhoria da eficiência e escalabilidade, novas tendências começam a ressoar como Multi- Cloud e Hype: Containers e Kubernetes, novidades que concentram as principais oportunidades quando falamos de transformação digital. Escalar as iniciativas e gerar mais receita para o digital é uma das prioridades para 2018, principalmente pelo fato de que muitas empresas ainda estão descobrindo como alinhar suas estratégias. Embora seja fácil perceber como a tecnologia mudou a forma como trabalhamos, negociamos e entregamos serviços, encontrar o caminho é complexo e vai além do uso de novas ferramentas. Temos a necessidade de transformar cultura, processos e práticas. Habilidades e papel do CIO Estudos apontam que os CIOs – Chief Information Officer, com melhor performance no digital, são os que mais possuem responsabilidades fora da TI. No entanto, acredito que muitos perderam o contato com o lado técnico, logo estão com dificuldades de entender tecnologias emergentes e de que forma os benefícios se encaixam na estratégia. O CIO é o patrocinador mais forte dentro deste contexto, logo ter uma visão ampla das tecnologias emergentes, é essencial na hora de apoiar a decisão de projetos pilotos. Um conselho que dou é que participem mais de eventos de tecnologias emergentes que tragam cases de sucesso e incentivem o compartilhamento de experiências bem-sucedidas. Um bom exemplo é a KubeCon, conferência do Kubernetes, tecnologia que está transformando a forma como olhamos para infraestrutura e aplicações. Lá você terá acesso às pessoas que estão construindo a ferramenta, como também apresentações de empresas que vão desde Comcast, Ebay à brasileira varejista Magazine Luiza. Containers e Kubernetes São duas tecnologias que deixaram a zona do hype em 2017 e trazem casos reais de uso em produção em empresas como Goldman Sachs, SAP a SoundCloud e Pokemon GO. Os benefícios na utilização de containers para o desenvolvimento de aplicações são grandes demais para serem ignorados, oferecem ganhos extremos de produtividade, velocidade e consistência nas entregas, portabilidade e redução de custo. O Kubernetes, gerenciador de containers criado pelo Google e doado como projeto Open Source em 2015 para a CNCF (Cloud Native Computing Foundation), sem dúvida nenhuma está transformando a forma como rodamos software e olhamos para infraestrutura. Oferece eficiência ao estilo Google na hora de escalar, gerenciar e tratar de questões como disponibilidade das aplicações. O projeto conta com +1400 contribuidores de empresas como Google, Red Hat, Microsoft, além de patrocinadores de peso como AWS, Oracle, Cisco e SAP. De Cloud-First para Cloud-Only Que a Nuvem se tornou o padrão no deploy de novas aplicações, ninguém discute. A estratégia Cloud-First está bem estabelecida e é considerada fundamental para manter relevante em um mundo de transformação em ritmo acelerado. Começa a ser gradualmente ampliada e até mesmo substituída por Cloud-Only na hora de desenhar e planejar novas arquiteturas de software. Prova disso, são os números do Gartner, apontando que até 2019, mais de 30% dos investimentos de software das 100 maiores empresas terão sido substituídos de Cloud-First para Cloud-Only. De acordo com o levantamento, até 2020, terá sido vendido mais poder computacional para provedores IaaS e PaaS do que datacenters tradicionais das empresas. Outra sugestão que dou, baseada neste cenário, é que os profissionais desenhem suas novas aplicações considerando Cloud-Only, independentemente de onde for rodar. Recursos e tecnologias de ponta são cada vez mais disponibilizados apenas na Nuvem. O uso de containers aqui é estratégico, pois oferecem portabilidade entre ambientes, criando um caminho de migração com menor custo, risco e complexidade. Estudo do Gartner, empresa líder em pesquisa tecnológica global e consultoria de mercado, indica que as organizações estão migrando para a Nuvem. Cerca de 44,6% das pequenas empresas já passaram a adotar a tecnologia enquanto 37,7% reflete o percentual das empresas de médio porte que já fazem uso. Outro dado importante é a estimativa das despesas globais com os serviços de Nuvem pública que chegaram a U$ 246,8 bilhões registrados até o momento, o que significa um crescimento de 18% quando comparado aos US$ 209,2 bilhões computados em 2016. Multi-Cloud Quando a computação em Nuvem surgiu, a questão entre muitos CIOs era se iriam ou não adotar. Com o passar do tempo, a dúvida passou a ser quando. Hoje, com a forte adoção e diferentes ferramentas e plataformas oferecidas para cada provedor, a questão passa a ser como usar diferentes ambientes, ferramentas e garantir que irão trabalhar de forma integrada e com segurança. A boa notícia é que estamos entrando em um futuro marcado pela abertura e interoperabilidade. Arquiteturas Open Source protegem empresas de lock-in, permitindo que a TI possa explorar a melhor solução que atenda uma necessidade específica do seu negócio, sem as limitações arbitrárias impostas por soluções proprietárias. Para 2018, tenha na sua estratégia o uso de plataformas Open Source como (Kubernetes, TensorFlow, Hadoop) e diferentes provedores de Nuvem. Grandes empresas já possuem produtos que utilizam um mix de serviços em diferentes plataformas, integrações com serviços e sistemas On-Premise, já que flexibilidade e velocidade são os motores deste modelo. Bons negócios! (*) É CEO e fundador da Getup, startup residente no Cubo Itaú – um dos maiores epicentros de tecnologia e inovação do Brasil. A empresa foi reconhecida como Cool Vendor 2017 pelo Gartner. O executivo acumula mais de 20 anos de experiência na área de tecnologia. | Sete tipos de bancos na selva da revolução digitalSe os bancos fossem uma grande fauna, quais tipos de operações e marcas personificariam o instinto animal? Qual grife bancária seria um predador como os tubarões? Ou inerte feito um paquiderme? Quem seria o mais camaleônico? E a cobra por agir rápido e rasteiro nos negócios? Diante da selva disruptiva que se tornou o setor bancário, fruto da Transformação Digital, não se sabe atualmente o grau de maturidade de disrupção e inovação dos bancos. Todos se movimentam rumo à digitalização. Isso é fato. Mas quem dá passos mais largos e quem atua mais timidamente? Pensando nisso, após o desenvolvimento do estudo “Régua da Transformação Digital no Setor Financeiro”, eu tive a ideia de compartilhar as sete categorias “selvagens” de player existentes no mercado atualmente com o objetivo de materializar de maneira lúdica como o segmento bancário brasileiro se porta frente à jornada da transformação digital. Lembrando que tais categorias não estão ligadas à competividade geral dos bancos. O ponto de partida foi o darwinismo, que em linhas gerais afirma que os seres vivos evoluem de acordo com a necessidade de adaptação à natureza. A natureza, neste caso, é o meio digital e a adaptação reside na capacidade dos bancos em suportarem as mudanças. Tem Zumbi Digital, Presas Futuras, Sobrevivente Internos, dentre outros tipos de operações. Na sua opinião, o Itaú, considerado o maior banco privado do País, está enquadrado em qual categoria? Descubra abaixo. Zumbi Digitais – São operações que ainda vivem no mundo web, não entendendo a diferença entre web e digital porque estão mortos para a evolução. Os exemplos são Banco da Amazônia, Sicredi, BMG, Modal, Fibra, Tribanco, ABC Brasil e Rodobens. Inerciais –São organizações poderosas, porém lentas. Atuam em várias frentes da transformação digital, mas com fraca estratégia e modelo. Não transformam nada para a ótica de quem o interessa, o usuário final, e, em geral, são reféns dos modelos de negócios e mercados tradicionais. Neste modelo cabem Citi, Safra, Banrisul e Banco do Nordeste. Presas Futuras – São operações menores, rápidas em responder a ameaças, mas que no final costumam perder o jogo, sendo mortos ou adquiridos de forma subvalorizada pelos sobreviventes, especialmente pela categoria dos Inerciais. Nesta categoria enquadram-se Banco Votorantim, Banco Pan, Banco Alfa e Crefisa. Wannabes – São marcas relevantes do mercado que adotam evidências externas de transformação digital, como aplicativos, por exemplo. São motivadas pelo novo, mas preferem parecer a ser ou simular a fazer tudo por falta de coragem, recursos e competências. É sucumbida por perceberem que vivem de aparência. Vale citar Daycoval, Pine, BTG Pontual, Sofisa e Agiplan. Sobreviventes Eternos – Grupo formado por instituições líderes do setor bancário. Protagonistas, são os players sobreviventes a todas as transformações de era porque detêm ativos valiosos e são agressivos o suficiente para antecipar tendências. Em linhas gerais, não propõem a disrupção, mas são rápidos em reagir. Provavelmente estarão aí nos próximos 100 anos. Itaú, Bradesco, Santander, Banco do Brasil e Caixa são a personificação do grupo dos sobreviventes eternos. Bichos Diferentes – Nu Bank, Banco Original, Uno Bank, Neon e Inter fazem parte deste grupo híbrido. Adjetivados como estranhos, porém muito inovadores, difíceis de categorizar e imitar porque atuam em mercados diferentes, com lógicas e propostas de valor diferenciados. Ameaçam a todos os demais players e causam transformações definitivas nos mercados que atuam. É pura disrupção. Smart Killers – São pequenos e recentes, entretanto capazes de ameaçar grandes presas sem serem percebidos inicialmente. Por isso, são comprados a preço de ouro pelo nicho dos “Sobreviventes” e, principalmente, pelos “Inerciais”. O Next figura sozinho como exemplo de marca neste critério. Vimos que em meio às pegadas da revolução digital já deixadas pelo mundo, o setor financeiro sinaliza transformações intensas, puxadas por novos sistemas tecnológicos, físicos e por que não biológicos – como vimos acima- capazes de criar modelos inéditos nas suas estruturas corporativas globais. Basta saber quem sobreviverá à mudança de era se adaptando “darwinisticamente” ao seu hospedeiro maior, o cliente. (Fonte: Daniel Domeneghetti é especialista em inovação corporativa e CEO da e-Consulting, boutique de estratégia, líder em criação, desenvolvimento e implementação de serviços profissionais em TI, Telecom e Internet para empresas líderes em seus mercados). Por que você (não) deve investir em bitcoins?Pierre Schurmann (*) A primeira semana de dezembro de 2017 provavelmente será lembrada nos registros da História pós-Internet como o apogeu de outra corrida: a do Ouro Digital. Fonte: Folhapress Há 170 anos, em janeiro de 1848, a Califórnia começou a atrair uma legião de aventureiros vindos de outras regiões dos Estados Unidos e de todo mundo para disputar o início da frenética Corrida do Ouro. Centenas de milhares de pessoas se equiparam com pás e picaretas e colocaram o pé na estrada rumo ao sonho americano de ficar milionário. A primeira semana de dezembro de 2017, anotem, provavelmente será lembrada nos registros da História pós-Internet como o apogeu de outra corrida, a do Ouro Digital. Nos últimos dias o mercado financeiro mundial entrou em polvorosa com o disparo do valor da bitcoin, que no início da tarde de sexta-feira (8/12) estava sendo comercializada acima de US$ 15 mil depois de bater ontem quase US$ 17 mil, novo recorde histórico, registrando alta de mais de 70% em uma semana. No início de 2017, a cotação era de US$ 1 mil, ou seja, a moeda digital chegou a atingir um pico de ganhos acumulados de 1700% em um ano. Seu valor total de mercado é de mais de US$ 250 bilhões, uma capitalização acima de muitas gigantes multinacionais. O interesse dos investidores cresceu ainda mais depois que a Bolsa de Chicago CME passou a transacionar bitcoins como commodities, assim como o ouro. A outra bolsa de Chicago, Cboe, também iniciou sua oferta neste domingo (10/12) sob o símbolo “XBT”. Outras bolsas mundo afora também estudam lançar seus produtos. É um marco importante, já que coloca a moeda virtual na mesma categoria dos metais preciosos e a bitcoin passa a ser percebida como um ativo alternativo para armazenar valor. A explosão da demanda e a consequente alta repentina na valorização virou conversa de bar e a pergunta tem sido recorrente: devo investir em criptomoedas? Respondo sem pestanejar: Não! Assim como não é prudente comprar um barco e planejar atravessar o oceano sem nunca ter velejado antes ou saltar de paraquedas sem passar por um curso preparatório. Em ativos de alto risco a dica é sempre a mesma: invista na dose certa. Eu fiz isso. Coloquei apenas 1% do meu capital, o que não irá afetar minha vida financeira caso a bitcoin se pulverize. Até aqui não tenho motivos para me arrepender. Em 8 meses o valor que apliquei multiplicou por 7. Tive muita cautela e vendi 80%. Os 20% restantes continuam alocados e desde que comecei a escrever este artigo já valorizaram 46%. Minha primeira recomendação, portanto, é ter prudência, mas também deixo claro que vejo a área de blockchain como uma das mais promissoras do futuro; diria que já do presente. Aos que ainda não têm familiaridade com o tema, talvez a melhor definição seja que o blockchain é a tecnologia que está por trás da criptomoeda. Ela é suportada por grandes redes distribuídas de computadores que validam e certificam as transações em ambientes criptografados que, aí está a grande disrupção e também o maior fator de risco, não são controladas por um Banco Central. Com isso, a moeda pode ser negociada internacionalmente com facilidade e praticamente sem custos financeiros. A bitcoin foi desenvolvida em cima da camada do blockchain em 2009 pelo programador que se apresentou com o pseudônimo Satoshi Nakamoto. É como se fosse um app no seu celular. Não é complicado investir, bastando utilizar os serviços de uma corretora com acesso ao mercado das moedas virtuais. Com valor ainda bem abaixo da bitcoin, mas também com grande alta (valorização de 4.815,85% em um ano e cotada a US$ 438 no início da tarde da sexta, 8/12), a Ethereum é outra moeda digital que vem ganhando forte tração. Sustentada por uma plataforma blockchain open source, ela tem alta flexibilidade, permitindo a qualquer mortal emitir sua própria moeda. Derivada da bitcoin, a Ethereum está viabilizando a consolidação de uma nova forma de financiamento e captação de recursos, especialmente para startups – o ICO (Initial Coin Offering), ainda proibido no Brasil e na China, mas já regulamentado nos Estados Unidos, Canadá, Suíça e outros países. A substituição das ações por moedas digitais será uma revolução que poderá trazer um grande fôlego ao ecossistema global de startups, injetando “dinheiro novo” em negócios que disputam o capital de risco para sobreviver e escalar. Empresas nascentes que fizerem seus ICOs poderão receber o apoio de investidores acostumados a comprar papéis e que agora terão um novo veículo para arriscar suas fichas também no mercado de startups. Para quem tem estômago e disciplina pode ser uma oportunidade única. Já imaginou se você tivesse investido US$ 1000 no IPO da Amazon em 1997, há 20 anos, quando a empresa abriu o capital com a ação cotada a US$ 18? Sabe quanto teria no bolso? Quase US$ 634 mil! Não é preciso suar nas minas da Califórnia para minerar seu ouro digital. Mas lembre-se: no garimpo o maior risco era voltar para casa com a sacola vazia. Já no mercado de criptomoedas, quem for com muita sede ao pote pode morrer na praia. Nesta nova corrida, #ficadica, o melhor é não seguir a estratégia do tudo ou nada. Mas também não adianta ficar de fora e depois se lamentar por não ter tirado as pás e picaretas do porão. (*) Sócio da Bossa Nova Investimentos. |