Videocolaboração chega à PMEs como opção para aumento de produtividadeAs transformações geradas pela inovação tecnológica afetam diretamente as estratégias de negócios das empresas, facilitando e agilizando processos que se traduzem em benefícios de custos e produtividade Renato Batista (*) Uma prova disso é a velocidade com que as PMEs, antes conhecidamente resistentes à adoção de novas tecnologias, passaram a utilizá-las cada vez mais como aliadas dos seus negócios. Em momentos de maior dificuldade econômica devido à atual retração, fica evidente a corrida para soluções que contribuam de forma inquestionável para o crescimento econômico das empresas, além de reduzir custos. O modelo de videoconferência em nuvem é um grande exemplo disso. De acordo com a pesquisa Global View: Business Video Conferencing Usage and Trends, realizada com mais de 1.200 tomadores de decisões, conduzida pela Redshift Research, cerca de 96% das empresas acreditam que a videoconferência é a maneira ideal para vencer as barreiras da distância e melhorar a produtividade entre equipes em diferentes cidades e países. Eles indicam a comunicação por vídeo como uma ferramenta essencial para a realização de negócios. Para os pequenos negócios não é diferente. Ao contrário do que muitos ainda pensam, a videoconferência já ultrapassou as barreiras das salas físicas, super tecnológicas, e hoje podem ser feitas de qualquer lugar, de qualquer dispositivo com acesso à internet. E assim como muitas PMEs voltaram os olhos para soluções de compartilhamento de arquivos, softwares e tantas outras tecnologias que vem das nuvens, a videoconferência segue a mesma tendência. São três pilares básicos, comuns a qualquer negócio e que passam a fazer os olhos dos pequenos empresários brilharem: 1) Simplicidade Expandir seus negócios pode parecer um desafio assustador para muitas PMEs. Gestão de equipes, manutenção do padrão corporativo e gastos com transportes – todos estes fatores podem ser cruciais na hora de pensar em crescer. Porém com as tecnologias de videoconferência em nuvem, além de aproximar as equipes, é possível estar frente a frente, sem necessariamente estar presente. De qualquer lugar, a qualquer momento, de forma simples, rápida e segura. 2) Qualidade Com o avanço das telecomunicações e a simplificação da oferta de vídeo, a preocupação com a qualidade da imagem passa a dar lugar a reuniões produtivas, rápidas e efetivas. 3) Preço No passado, os investimentos em tecnologia muitas vezes significavam um comprometimento no orçamento geral das empresas. Para PMEs, era uma conta simples: ou invisto em tecnologia, ou em pessoas, ou em processos ou em maquinário. Hoje esta realidade mudou e estas empresas podem fazer uso dos recursos que já possuem (internet, notebooks, smartphones) para expandir os seus negócios. A partir do momento em que é possível popularizar o uso de videoconferências por meio de dispositivos móveis, como notebooks, tablets e smartphones a empresa oxigena seus grupos de trabalho e amplia o ganho. O grande cerne de tudo é a simplicidade de como chegar em um grupo maior de pessoas e expandir os negócios. Vale citar que o encontro por vídeo pode desempenhar um grande papel na conquista da confiança e na formação de uma sólida relação pessoal ao se realizar negócios no Brasil, onde, é importante lembrar, que as relações pessoais são de extrema importância. (*) É presidente da NetGlobe. | O Net Promoter Score a favor do seu negócioA ascensão da economia ocorrida no final da década de 2000 trouxe a tona um potencial consumidor informado e ávido por qualidade nos produtos, nos serviços e no atendimento. Por mais que a economia atual esteja em recesso, o aquecido cenário de outrora deixou como herança o poder nas mãos deste comprador. Com isso, é recorrente nas empresas a criação de estratégicas baseadas nas necessidades reais destes clientes e focadas sempre em todas as etapas que englobam uma boa experiência de compra e de atendimento ao consumidor. Entre as táticas modernas das empresas de avaliar como o cliente enxerga seus fornecedores, peço atenção à metodologia NPS (Net Promoter Score), uma vez que o índice tem o intuito de mensurar a satisfação e lealdade de clientes. Pouca difundida no Brasil, a pesquisa, no caso, torna o pós-venda protagonista quando o assunto é o contentamento da base, andando lado a lado com a venda de primeiro nível. O cenário atual cria uma conjuntura na qual boa parte das organizações possui uma falsa impressão sobre a satisfação de seus clientes, seja devido a um baixo índice de reclamação ou até mesmo por omissão por parte deles. Para que isso não aconteça, realizar uma pesquisa de satisfação ou uma pesquisa de NPS pode ajudar, e muito, a visualizar o verdadeiro panorama do negócio e, também, sinalizar o que é necessário fazer para cuidar cada vez melhor do bem mais precioso de um negócio, seus clientes. A importância do método é que ele aponta como os clientes são leais à empresa e, por se tratar de uma pesquisa extremamente simples ao consumidor (apenas uma pergunta definitiva), a resposta surge de forma espontânea. Sendo assim, é possível extrair, de modo verdadeiro, a real percepção do entrevistado. Gigantes como Google e Amazon aderiram ao método e esboçaram estratégias recentes com base no NPS graças aos resultados que comparavam o desempenho de uma empresa para com a outra. Na prática, a empresa usuária iniciante da metodologia NPS deve utilizar esse indicador da pesquisa para manter e incentivar a base de clientes promotores, de modo que efetuem recompras, realizem indicações e outras ações favoráveis ao crescimento da companhia. De nada adianta investir ou contratar um fornecedor especializado em realização de pesquisas se não houver uma tratativa ou um plano de ação posterior. Portanto, o primeiro passo é realizar uma análise de seus clientes e, como segundo e também importante passo, é fazer uso dessas informações a fim de manter seu desempenho e, mais do que isso, melhorar suas frentes de negócios. (Fonte: Válcio Leão é diretor comercial da Decisão Sistemas, companhia de TI desenvolvedora de softwares para os segmentos de factoring, cobrança extrajudicial, FIDC e securitizadoras há 27 anos). Fomento à inovação – uma visão do Brasil e da AustráliaJamile Sabatini Marques (*) O impacto da inovação em um país pode ser demonstrado de diversas maneiras, desde sua capacidade de movimentar a economia com a geração de novos empregos ou até pela sua habilidade de estimular o mercado a criar negócios inéditos Mas como o apoio financeiro concedido às empresas de tecnologia pode contribuir para o desenvolvimento econômico baseado no conhecimento? Foi com essa dúvida que, em 2015, embarquei em um voo para o outro lado do mundo, mais precisamente, em Brisbane, Austrália, para ter o privilégio de ser orientada pelo acadêmico Dr. Tan Yigitcanlar, autor do conceito KBUD (Knowledge-Based Urban Development – Desenvolvimento Urbano Baseado no Conhecimento), em minha tese de doutorado na Queensland University of Technology (QUT), por meio de uma cooperação com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Como pode observar, o foco da viagem estava no especialista e não somente no país em que ele está baseado. Estar em outro país me permitiu realizar comparativos com as duas economias sobre as visões das empresas de tecnologia brasileiras e australianas em relação ao fomento à inovação. Mas antes de chegar aos resultados do estudo, quero voltar a 2013, no meu primeiro ano na diretoria de Inovação e Fomento da Associação Brasileira das Empresas de Software (ABES), quando formulamos uma pesquisa para medir o quanto as empresas de tecnologia conheciam sobre os recursos para fomento direcionados à inovação existentes no mercado. Para espanto de investidores como governo e bancos, quase a metade, cerca de 44% das empresas associadas à entidade não conhecem o suficiente as fontes para Inovação e Fomento disponíveis para o setor no país. Em minha pesquisa desenvolvida na Austrália, parti do ponto de que, dentro do framework de KBUD criado pelo Dr. Tan Yigitcanlar, no segmento econômico, ele considerava quatro importantes pilares: Conhecimento, Criatividade, Inovação e Competitividade, mas ainda não incluía o Fomento/Incentivo como base para que haja desenvolvimento econômico baseado no conhecimento. Para contextualizar a importância de inserir o Fomento neste framework e propor um modelo de fomento às empresas de base tecnológica como estratégia para a promoção do desenvolvimento urbano baseado no conhecimento, submeti algumas empresas australianas – associadas a uma entidade que tem um papel similar ao da ABES no Brasil, a AIIA (Australian Information Industry Association) – ao mesmo questionário feito em 2013 no Brasil. No total, 75 empresas australianas responderam ao questionário. Dentre essas, 36,5% afirmaram não ter conhecimento dos recursos de fomento para inovação disponíveis no mercado. A maioria, 54,4%, disse nunca ter se beneficiado desse tipo de recurso. Entre as empresas que tentaram pedir o recurso, mas não conseguiram, a maioria entre as australianas e brasileiras aponta o mesmo motivo: processo complexo/burocracia, 47,1% e 40,45%, respectivamente. Preferencialmente, as empresas no Brasil e Austrália buscam incentivos à inovação para aplicação em Pesquisa e Desenvolvimento 77% e 62,7%, respectivamente. Em segundo lugar, para utilização na força do Marketing/Vendas/Feiras: 46,4 (BR) e 46,3% (AU). Entre as linhas de fomento que as australianas gostariam de ter mais informações e se manter atualizadas encontram-se as voltadas a Incentivos Fiscais para Pesquisa e Desenvolvimento (56,5%); Programas para Empreendedores (54,8%) e Fundos de Capacitação (25,8%). Entre as empresas brasileiras de tecnologia, o interesse maior ficou no BNDES (72%); FINEP (66,8%) e Fundos para Pesquisa (44,9%). Dentro desta pesquisa também tive a oportunidade de entrevistar representantes do governo e de entidades representativas do setor de tecnologia nos dois países. No caso da Austrália, a principal questão está na necessidade de promover uma cultura de incentivo à inovação. O país voltou a desenvolver programas de fomento à inovação em 2009, depois de 15 anos sem uma política específica voltada ao tema. A transparência também foi uma necessidade apresentada, pois não estão claros os critérios para participar de certos programas. Das 400 melhores universidades do mundo, 20 estão na Austrália. O compartilhamento dos espaços físicos e laboratórios das universidades com as empresas foi apontado como um fator relevante para incentivar a inovação no país. Também citaram a necessidade de criação de mais parques tecnológicos e incubadoras, apontando este problema como a razão pela qual o país vem perdendo empreendedores para outros países como EUA, Canadá e Inglaterra. No Brasil, pouco se mede sobre o impacto do fomento à inovação, porém em pesquisas anteriores realizadas junto às empresas que receberam recurso público para inovar, o governo obteve o retorno deste incentivo no primeiro ano de programa. As empresas cresceram e algumas passaram a exportar, geraram empregos e melhoraram os benefícios oferecidos para os seus funcionários, tendo como resultado o desenvolvimento econômico baseado no conhecimento. A falta de conhecimento das empresas sobre os benefícios disponíveis demonstra, claramente, a necessidade de divulgação das gestoras de recursos financeiros para estimular e atrair as empresas para adoção desses instrumentos de apoio que poderão ajudar o Brasil a se tornar mais competitivo e deslumbrar novos mercados por meio da inovação e, consequentemente, gerar desenvolvimento econômico. Respondendo à pergunta acima, há uma tendência de países membros da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) de fomentar a inovação por meio de incentivos fiscais, o qual acaba sendo mais rápido, menos burocrático e mais democrático. Essa seria uma aposta bem acertada do governo brasileiro para elevar os resultados quando tratamos de apoio à inovação, mas o Brasil ainda precisa melhorar neste quesito, trazendo uma legislação mais clara e simples para que as empresas se beneficiem destes instrumentos. (*) É diretora de Inovação e Fomento da ABES. |