Lucro ou prejuízo: quais foram os resultados da Black Friday?A crise econômica de 2016 não foi obstáculo e nem impediu que o consumidor brasileiro aproveitasse uma das principais datas do comércio eletrônico, e a Black Friday se mostrou um enorme sucesso: as transações realizadas nesta data foram quase 94% superiores em relação a um “dia comum” Tom Canabarro (*) Outra notícia bastante positiva para quem vende on-line foi o baixo índice de tentativas de fraude, que esteve 24% abaixo do que é esperado para o setor nos principais dias da campanha de vendas. Nossos estudos tomam como base mais de 6 milhões de transações analisadas pelos sistemas antifraude entre os meses de outubro e novembro. Concluímos alguns fatos interessantes que merecem o compartilhamento com todo o mercado. Início na quinta-feira Alguns estabelecimentos tentaram se antecipar à data e lançaram campanhas de descontos que duraram todo o mês de novembro. No entanto, pudemos perceber que o consumidor brasileiro passou a responder mais aos estímulos de marketing principalmente na véspera da Black Friday. Na quinta-feira, dia 24, os sistemas já monitoravam muitas lojas virtuais recebendo um pico de visitas e também de pedidos. O “boom” das vendas começou por volta das 18h da quinta-feira, quando os e-commerces registraram 40% mais pedidos em comparação à última quinta-feira de outubro (um mês antes), e essa agitação se manteve até 1h30 de sexta. O ritmo de transações desacelerou naturalmente durante a madrugada, mas o melhor para os lojistas ainda estava por vir. Pico de vendas O brasileiro acordou cedo na sexta-feira para realizar as compras, e as vendas on-line aumentaram de maneira considerável a partir das 7h da Black Friday. Depois de uma ligeira desaceleração na parte da tarde, o ritmo de transações teve uma nova disparada às 17h. O ápice de vendas foi atingido às 22h. Sábado: mais vendas A Black Friday não acabou na sexta-feira, pelo contrário – o brasileiro continuou efetuando compras em ritmo acelerado ao longo do final de semana, principalmente no sábado. O domingo também foi um dia com vendas acima da média, mas não de uma maneira tão expressiva como nos dias anteriores. Consumidor apertou o cinto na semana pré-Black Friday O brasileiro estava atento ao calendário e tratou de diminuir o ritmo das compras na semana anterior à Black Friday, deixando para gastar de verdade entre os dias 24 e 27. De acordo com nosso levantamento, o e-commerce vivenciou uma queda de 6% de pedidos entre os dias 16 e 20 de novembro, uma semana antes da Black Friday, em comparação com dias “comuns” do comércio eletrônico. Black Friday dia a dia A campanha proporcionou um aumento significativo nas vendas no comércio eletrônico brasileiro. Ao analisarmos dia por dia, o e-commerce registrou 33,99% mais vendas já na quinta-feira. Na sexta-feira, este índice cresceu para 93,95% e se manteve alto no sábado, com 71,47% mais transações realizadas em comparação a um dia normal. No domingo, os lojistas receberam 29,98% mais pedidos que o esperado. No consolidado dos quatro principais dias, houve um aumento de 69,54% nas vendas no comércio eletrônico brasileiro. Menos fraudes Mais um fator positivo para quem vende on-line: o índice de tentativa de fraudes (especialmente aquelas realizadas com cartões de crédito clonados) durante os quatro dias analisados foi de 2,92%. Este número é 23,75% menor em relação ao que é esperado para um dia comum no e-commerce brasileiro – a taxa atual é de 3,83%. Os dias com menos tentativas de golpes foram quinta e sexta-feira, com 2,07% e 2,52%, respectivamente. Isso não significa, na verdade, que o volume de fraudes diminuiu – apenas que houve um boom de vendas legítimas, e as compras ilegais não acompanharam o gráfico. Melhor para os lojistas, que puderam vender mais e tiveram um risco bem menor com a Black Friday. Público pesquisou antes de comprar Ao analisarmos os dados de navegação dos e-commerces, percebemos que o consumidor brasileiro pesquisou muito antes de efetuar as compras nessa data. Isso é possível notar porque, se o pico de vendas ocorreu na noite de sexta-feira, os dois momentos com mais navegações de usuários nos sites e aplicativos dos lojistas se deram na noite de quinta-feira (entre 20h e 0h) e no fim da manhã/início de tarde de sexta (entre 10 e 13h). No final de semana, em nenhum momento as navegações se aproximaram do volume do dia anterior. Ou seja, o consumidor já estava muito mais decidido dos itens que desejava comprar. Sucesso de vendas Apesar do ano turbulento economicamente que tivemos no Brasil, a Black Friday 2016 se mostrou, novamente, mais uma excelente campanha de vendas do comércio nacional, inclusive com muitas ações de varejistas e estabelecimentos offline que entraram no embalo e tentaram surfar esta onda. As lojas virtuais que experimentaram realizar promoções nesta última semana de novembro se deram muito bem e puderam experimentar um aumento de vendas de mais de 69% em relação a um período do ano sem grandes campanhas de marketing. (*) É co-fundador da Konduto, sistema antifraude inovador e inteligente para barrar fraudes na internet sem prejudicar a performance das lojas virtuais. | Como acelerar a transformação digital no setor públicoAssim como na iniciativa privada, os líderes governamentais precisam “vender” seus projetos para as autoridades, fazendo-as enxergar seus benefícios e sua urgência. Além das autoridades, os governos possuem um cliente muito mais exigente: o cidadão. Mas como os líderes responsáveis pela Tecnologia da Informação podem promover a transformação digital no setor público, enfatizando sua devida importância? Um exemplo típico é a adoção da computação em nuvem, a primeira ruptura a ser quebrada dentro das organizações. Os argumentos para que o projeto se torne realidade devem ir além da redução de custos e da eficiência operacional. A realidade é que há uma grande mudança em curso na sociedade e na vida digital dos cidadãos – e os governos que não acompanharem esta evolução serão impactados negativamente pela falta de maturidade tecnológica, o que pode, inclusive, colocar em risco a sobrevivência de alguns órgãos públicos. Ao considerarmos a inovação, o cenário – seja no setor privado ou na administração pública – é igual, já que ambos estão defasados em relação à oferta de serviços para o consumidor final. O principal ponto de vista a ser considerado ao estabelecer uma estratégia de cloud computing é enxergá-la como facilitadora de negócios – um meio da organização ser reconhecida como inovadora e ágil, gerando mais serviços para a sociedade e criando novos modelos de atendimento ao cidadão. Afinal, um modelo de gestão eficiente atrai instantaneamente a aprovação da população. Na era digital isso é imprescindível – com as redes sociais, a sobrevivência de uma marca pode ser definida em segundos. No caso de uma avaliação positiva, é possível aumentar exponencialmente o número de clientes. Do contrário, pode-se arruinar em segundos uma reputação que levou anos para ser construída. Para atender às expectativas do cidadão, que já está conectado e vive na era digital, o Estado precisa buscar agilidade e flexibilidade, rever seus modelos de negócios e melhorar sua eficiência operacional. E, para que isso seja possível, é fundamental desenvolver projetos abrangentes que busquem a adoção de cloud computing e de processos que permitam uma rápida adaptação às mudanças externas. Alguns desafios para a implementação de uma estratégia digital no setor público é a forma de contratação de serviços prevista na Lei de Licitações – são necessários novos modelos e indicadores que abordem a prática de contratação de tecnologias que surgiram nos últimos anos. Seja através da divulgação de melhores práticas entre as instituições públicas ou na elaboração de novos normativos é necessário que a contratação de serviços em nuvem ganhe o dia a dia destas instituições e somente com esta prática é que será possível atingir a oferta de serviços públicos com as plataformas digitais. Para alcançar o sucesso nesta jornada, também é preciso perceber o real valor de negócio das novas tecnologias – além da vantagem competitiva que podem promover. A chave para a adoção bem sucedida está na mudança cultural que deve ser conduzida pela alta administração para construir uma nova mentalidade em torno da experiência e da jornada do usuário final. As pessoas já vivem na era digital. E a sua organização? Está pronta para atender todas as demandas – e exigências – do cidadão conectado? (Fonte: Delfino Natal de Souza é vice-presidente de setor público da Capgemini no Brasil). Nem tudo é TI, e não, você não vai perder o seu empregoAnkur Prakash (*) Desde o início dos tempos, a humanidade investe tempo e esforço na criação e desenvolvimento de ferramentas que facilitem sua vida Essas ferramentas impulsionaram nosso aperfeiçoamento e evolução, e modificaram as formas de convivência, comunicação, hábitos, e até características de trabalho e consumo. O principal instrumento dessa jornada é a tecnologia, que não apenas impacta a vida humana, mas também reflete na maneira como as organizações têm buscado novas formas de conquistar mercado, automatizar processos, alavancar eficiência, reduzir custos e aprimorar a experiência dos usuários, enfim, se reinventar. A busca constante por mudança e avanço tecnológico é, hoje em dia, impulsionada pela chamada Era Digital. Nunca antes o conceito de experiência do consumidor, otimização de processos e ganho de vantagem competitiva estiveram tanto em evidência, e sendo impulsionados por tecnologias como big data, analytics, digitalização, internet das coisas, entre outras. Nesse contexto, um dos meios encontrados para a mudança e adequação à nova era foi o emprego de tecnologias inteligentes, conhecidas, pelo termo geral, como “Computação Cognitiva”, que nada mais são que interação e resposta – em tempo real – da tecnologia às necessidades humanas. Chegou a hora de nos acostumarmos com os termos machine learning, deep learning e inteligência artificial, e começar a emprega-los de forma real em projetos. Não que estejamos avançados na implementação de tais tecnologias, mesmo que a tendência mostre que caminhamos cada vez mais para seu uso. Vale ainda lembrar da Lei de Moore, que aponta que a evolução tecnológica dobra a cada 18 meses, ou seja, o mercado vai precisar correr. Quando consumidores e clientes notaram que o poder estava, na verdade, em suas mãos – escolha e influência – suas exigências passaram a ser maiores. Ou seja, conhecer hábitos e proporcionar experiências personalizadas a cada cliente tornou-se vital às empresas. E como fazer isso? Seria preciso analisar todos os dados compartilhados e gerados por cada consumidor. Eis que surgiu, então, um novo dilema. Reunir, analisar – as muitas – informações; gerar insights e aplicar estratégias frente aos novos cenários. De qualquer forma, falar só de Big Data já é quase obsoleto, visto a quantidade de dados e a velocidade com que as coisas acontecem. Agora imagine: uma simples informação postada no Facebook atinge o ‘global’ em minutos, e talvez esse post aponte também um importante dado sobre o seu consumidor. Onde você vai estar quando isso acontecer? Espero que não produzindo aquele antigo relatório de vendas. Essa mera postagem pode revolucionar os seus planos, além de mostrar se aquele cliente ainda pertence ao seu core, ou se está disponível para uma nova oferta. E é importante frisar; para que todo esse processo funcione, um toque de rapidez e automação são necessários, ou seja a utilização de computação cognitiva. Pense em um sistema de help desk; uma mesma reclamação leva exatamente sete dias úteis para se resolver. Com a implementação de uma solução cognitiva isso pode ser automatizado e o tempo de resposta diminuído consideravelmente. Depois de coletar e entender as informações, a máquina pode resolver e concluir os chamados de determinados problemas, ou seja, se for o caso, acionar um técnico humano para indicar a melhor solução. Agora pense no impacto percebido para os usuários desse sistema, suas solicitações serão respondidas mais rapidamente, com solução personalizada e efetiva, isso aumentará a satisfação e engajamento. Há área financeira, o que pode ser melhor do que saber a hora exata em que um correntista procura um financiamento imobiliário, já que vai se casar no próximo ano. Melhor que isso é surpreender o cliente com a oferta certa no momento mais oportuno. É conhecer de ponta a ponta a vida e a jornada do seu cliente. Note que a questão não é puramente TI, mas sim o modelo de negócio. Por que as fintechs fazem tanto sucesso? Mesmo com toda inovação que aplicam, seu modelo prioriza o cliente, o core de sua estratégia pode ser resumido em algumas palavras: usabilidade e experiência do cliente combinada com analytics, ou seja, inovação baseada em dados. Mas se é só isso, por que a solução cognitiva? Para que haja capacidade de processamento e análise de informações de forma mais precisa e inteligente. A tecnologia não vai tirar o seu emprego Não espere ver as estimativas de desemprego subindo com o uso de tecnologias cognitivas, ao contrário, aguarde por um mar de oportunidades. Projetos para conhecer a fundo e alavancar o ciclo de vida do cliente só estão em níveis insipientes por falta de recursos qualificados. Ou seja, a mão de obra do futuro. O cientista de dados, por exemplo, será, sem dúvida, um dos cargos – se já não o é – de maior necessidade nas empresas. Esse profissional é um estatístico que possui conhecimento de negócios, um ser humano que não vai apenas analisar dados, ele vai estudar e entender como pode gerar valor e receita para a organização. A computação cognitiva chegou para facilitar o nosso trabalho, seu uso é dedicado à realização de atividades repetitivas e com baixo conhecimento intelectual. E daqui para frente, ainda que essas máquinas estejam em um momento de aprendizado, até o instante em que imagens, sentimentos e ações puderem ser interpretadas, os seres humanos estarão em posições estratégicas. Soluções cognitivas existem para ocupar gaps e auxiliar o mercado a direcionar os talentos humanos para competências que requeiram altos níveis de conhecimento. Não se preocupe, as máquinas serão suas colegas de trabalho, mas não ocuparão a sua mesa. (*) É VP de New Growth e Emerging Markets da Wipro. |