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Tecnologia 02 a 04/09/2017

em Tecnologia
sexta-feira, 01 de setembro de 2017
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Como a transformação digital impactará a gestão de negócios e pessoas

Nas últimas décadas, a internet e a tecnologia transformaram radicalmente a sociedade – e, consequentemente, o mundo dos negócios. Em um primeiro momento, essa mudança afetou os veículos de mídia, que precisaram criar conteúdo on-line e modernizar as plataformas. Depois, foi a vez de o comércio entrar no mundo digital com as lojas virtuais, em busca de facilitar a vida das pessoas

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Claudia Santos (*)

Atualmente, com o alcance cada vez maior das redes sociais e de tecnologias como inteligência artificial, internet das coisas e big data analytics, as empresas de todos os setores precisam se reinventar para manter a sua competitividade no mercado. De acordo com a pesquisa Global Human Capital Trends, realizada pela Deloitte em 2017, quase 90% dos líderes empresariais e de Recursos Humanos consideram como a sua principal prioridade a construção da organização do futuro.

Esse avanço da tecnologia também afetou drasticamente os hábitos dos consumidores na sua forma de interagir, comprar e se relacionar. Isso exige das organizações uma resposta mais ágil e eficiente para essas novas necessidades, algo que as empresas do século 19 têm dificuldades para entender.

A migração para o mundo digital exigiu – e ainda exige – a digitalização das empresas por meio da automação dos seus processos de negócios. Com a chegada da chamada “indústria 4.0” e da internet das coisas, as atividades humanas precisam ser cada vez mais criativas e especializadas. Por isso, é imprescindível que as lideranças tenham clareza sobre o momento em que vivem e quais mudanças são necessárias no mundo corporativo. Elas precisam alinhar a tecnologia da informação aos seus modelos de negócios e, consequentemente, à gestão de pessoas.
Porém, as pessoas precisam ser o alvo preferencial desses novos modelos que acompanham as mudanças tecnológicas, o que garantirá a melhora dos processos corporativos. É preciso entender que a tecnologia, por si só, não trará mudanças de impacto, mas sim as estratégias utilizadas para implantá-la.

Neste cenário de transformação, surge a necessidade de um RH estratégico e digital dentro das companhias, capaz de estimular uma mudança cultural e de incentivar o uso da tecnologia de people analytics para identificar e gerir talentos. Se antes o foco do departamento de Recursos Humanos eram os processos, hoje está voltado para melhorar a proposta de valor da empresa e os níveis de performance, engajamento, espirito de colaboração e trabalho em equipe.

Na empresa do futuro, o aprendizado contínuo é fundamental para o sucesso dos negócios, e os gestores conseguem inspirar os colaboradores a inovar e a se reinventar. Por isso, as áreas de treinamento, desenvolvimento e gestão de pessoas devem atuar como parceiras de negócios. Utilizar ferramentas de gestão de talentos, performance, feedback e análise cruzada de dados se torna essencial para entender a relação entre as pessoas e o mercado, por meio de sistemas cognitivos e preditivos.

A maioria das empresas não estão prontas para esse novo cenário, mas entendem que precisam se modernizar para sobreviver. Em alguns anos, aqueles que não compreenderem o impacto da tecnologia no mercado ficarão para trás. Saber competir digitalmente será fundamental para as organizações que quiserem manter a competitividade e o crescimento no mercado.

(*) É especialista em gestão estratégica de pessoas, palestrante, coach executiva e diretora da Emovere You (www.emovereyou.com.br).

Denunciar agressões é a melhor maneira de acabar com o cyberbullying

Muito se fala há anos sobre cyberbullying, mas ainda não há uma resposta clara sobre a melhor forma de prevenir o problema. A série 13 Reasons Why, o jogo da Baleia Azul e, agora, o lançamento do aplicativo Sarahah mostram como o assunto continua sendo uma preocupação constante entre pais e educadores.
Um dos principais problemas desse tipo de agressão é a dificuldade de descobrir o autor das ofensas. Mas a advogada Gabriela Paiva, associada do escritório de advocacia Trench Rossi Watanabe, afirma que, apesar de alguns aplicativos e sites permitirem publicações anônimas ou por perfis falsos, é possível encontrar o agressor por meio de trâmites judiciais.
“Depois do Marco Civil da Internet, lei que regula o uso da Internet no Brasil, o anonimato absoluto ficou prejudicado. Com essa regulamentação, os aplicativos e sites são obrigados a guardar determinadas informações que permitem que o dispositivo usado para fazer a publicação seja identificado. Sabendo de qual dispositivo a publicação ocorreu, em alguns casos, é possível identificar o autor da ofensa e buscar medidas para impedir nova ocorrência de cyberbullying. Mas para ter acesso a essas informações, é necessário obter uma ordem judicial ”, explica.

E-Commerce sofre com cibercrimes, mas soluções prometem diminuir riscos

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Artigo publicado na semana passada na Stores Magazine, revista da National Retail Federation, maior associação de comércio varejista do mundo, traz dados sobre os cibercrimes que vem impactando fortemente o e-commerce: os bad bots representam cerca de 20% de todo o tráfego da internet e os cibercriminosos estão usando cada vez mais a deep web e a dark web para comprar e vender gift cards fraudulentos. Mas o mesmo comportamento de tráfego nocivo pode ser observado em lojas que não oferecem gift cards. Ou seja: todo o e-commerce deve ficar atento às fraudes.
O primeiro dado é da Distil Networks, empresa líder global na detecção de bots e mitigação de riscos, especializada em parar ataques automatizados para tornar a web mais segura. Os bad bots são capazes de dezenas de ameaças automáticas e, dependendo do negócio, podem impactar fatores como taxas de conversão e índice de satisfação do cliente, por exemplo. Já o segundo dado vem de pesquisas de rastreamento da Flashpoint, empresa também especializada em Business Risk Intelligence, que afirma que o crime envolvendo os gift carfs tem crescido substancialmente nos últimos anos porque traz recompensa financeira significativa x risco relativamente baixo para os cibercriminosos.
No Brasil, o estudo “Cenário do E-Commerce no Brasil” realizado pela Netrica, plataforma de digital analytics da Netquest, encomendado pela Braspag, com dados de junho de 2017 também aponta que as fraudes no e-commerce (envolvendo diferentes tipos de meio de pagamento) impactam negativamente nos resultados finais das vendas efetivas. Hoje, das 1,77 bilhão de visitas por mês aos sites de compras no país, apenas 1,61% (28,5 milhões) são vendas efetuadas nos carrinhos de compras nas lojas virtuais, ainda faltando a etapa de pagamento.â?¯Parte desta baixa efetivação vem das fraudes e as soluções antifraude aparecem como uma proteção que devem contribuir para o aumento da segurança e das taxas de conversão.¯
A Flashpoint, por exemplo, recomenda que os comerciantes apostem no sistema CAPTCHA para todas as compras on-line feitas com gift cards. O sistema protege os sites contra os bots, gerando e avaliando os testes que os seres humanos podem passar, mas os programas de computador atuais não podem. Porém, a ferramenta gera mais uma etapa durante a navegação no processo da compra, o que pode levar a uma perda na conversão.
Soluções transparentes e que atuam de forma “invisível” na filtragem de boas transações tendem a ser mais eficientes para o lojista, sem que o consumidor sofra o desgaste de mais uma fase no processo. A solução Velocity Check da Braspag é um exemplo disso. Integrada ao Pagador Braspag – gateway de pagamento que recebe da loja virtual os dados da transação em um único padrão e interliga os mais relevantes meios de pagamento eletrônicos disponíveis no mercado – a Velocity Check identifica procedimentos que se caracterizam como suspeitas de fraude, por meio de um padrão estabelecido, com o objetivo de evitá-las. Testes em diversos segmentos do comércio eletrônico constataram um incremento médio de 5% na conversão de vendas, podendo chegar a patamares maiores dependendo do tipo de ataque, uma vez que a sua eficiência e antecipação evita a chegada da compra na adquirente.
“Estamos sempre investindo em novas opções de segurança para nossos clientes”, destaca Gastão Mattos, CEO da Braspag. “Há muitas opções de solução antifraude no mercado e o lojista deve optar pela que se encaixe melhor em seu caso. O que não dá é ficar sem se precaver”, afirma Mattos.

Esta é a hora e a vez das práticas de compliance

Alexandre Magno Simoni (*)

Em um cenário em que a corrupção assumiu proporções preocupantes e que atrasam o desenvolvimento da economia do Brasil, a transparência é mais do que mandatória

A sociedade como um todo tem esse dever, mas o mundo corporativo tem uma parcela importante de responsabilidade no sentido de evitar atos ilícitos. E é dentro desse contexto que as práticas de compliance criam forma e ganham cada vez mais força. Isso está diretamente atrelado à ética e sustentabilidade das empresas. Mas, como?
Antes de tudo, é preciso contextualizar. Esses programas, de um modo geral, servem para designar os esforços adotados pela iniciativa privada para garantir o cumprimento de exigências legais e regulamentares relacionadas às suas atividades e observar princípios de ética e integridade corporativa. Além de detectar, evitar e tratar qualquer desvio ou inconformidade que possa ocorrer no âmbito da organização.
Os benefícios desse tipo de programas são inúmeros e impactam nas mais variadas esferas de uma empresa. Muito mais do que a mera observância às normas, o escopo do compliance está subordinado aos procedimentos de identificação, administração e mitigação dos riscos corporativos, objetivando que a organização seja mais eficiente e rentável de forma sustentável, atentando-se às regras e evitando condutas temerárias. Este tipo de programa agrega valor na medida em que maximiza resultados operacionais e econômicos, propósitos estes alcançados de acordo com o aprimoramento de procedimentos internos. Porém, as vantagens vão além e podem ser aferidas mediante a análise do custo que a não conformidade gera. Afinal, a instrumentalização de um programa de compliance dentro de uma organização minimiza também problemas jurídicos e de processos judiciais, reduzindo riscos legais e custos correlatos. Os ganhos ainda acabam sendo distribuídos entre todos, sobretudo, conselheiros, executivos e gestores que terão a suas responsabilidades civis e criminais protegidas.
Porém, embora o Brasil esteja alinhado às mais rigorosas e avançadas legislações do mundo no combate à corrupção, regulamentada pela Lei Anticorrupção (Lei 12.846/13) e seu decreto especificador, a prática de implementar um programa de compliance é ainda muito incipiente entre a iniciativa privada no Brasil, especialmente no setor industrial. Isso acontece prioritariamente por conta do custo da operação, que varia muito dependendo do porte, da estrutura, do setor e da atividade de cada empresa. Sem falar que a aplicação de um programa adequado é longa e complexa e inclui uma série de procedimentos. É preciso começar revisando o Código de Ética e conduta; as políticas e procedimentos institucionais e mapear os riscos. Somente depois dessas etapas, entra-se na fase de desenvolver métodos e soluções práticas de monitoramento e treinamento, o que inclui processos de comunicação efetivos direcionados aos empregados e parceiros da organização.
Embora não seja uma tarefa fácil, esse tipo de projeto é exequível, sim. A Termomecanica, por exemplo, uma das maiores indústrias privadas brasileiras e que atua no setor de cobre e suas ligas, venceu esse desafio e consolidou, em 2016, a seu Sistema de Compliance. Com base na Lei Anticorrupção, implementou uma série de medidas que ajudaram a cumprir políticas, normas, legislações, aprimorar os controles internos e a adotar práticas saudáveis para a gestão de riscos operacionais. Todos foram envolvidos e alguns empregados foram transformados em agentes multiplicadores, com a missão de despertar nos demais um maior entendimento de da importância desse programa, em curto e longo prazo. Paralelamente, a área de Auditoria Interna fez um trabalho preventivo nas operações financeiras e contábeis, validando os controles internos e sustentando os sistemas de Compliance e Governança Corporativa.
Fora isso, e o que não é de hoje, a Termomecanica dispõe de um Código de Ética e Conduta que normatiza sua postura de intolerância à fraude e à corrupção ativa ou passiva nas atividades e negócios realizados. O documento mostra, de forma clara e objetiva, que a organização não admite nenhum tipo de comportamento que configure desrespeito às Leis. Por isso, o SERASA e o Ministério do Trabalho e Emprego (“Lista Suja”) são consultados regularmente, com o objetivo de verificar se fornecedores e clientes estão em conformidade com o que determinam as legislações. Afinal, parcerias sólidas somente podem ser firmadas com organizações conscientes de suas responsabilidades. O Código também aborda a Política de Relacionamento com a Concorrência, direcionada especialmente para os empregados das áreas comerciais. Entre as orientações expressas no capítulo, estão aspectos que mostram os comportamentos esperados por parte daqueles que falam em seu nome no mercado. Para a Termomecanica, é inadmissível, por exemplo, comentários atribuindo defeitos em produtos ou serviços dos concorrentes, como forma de promoção da empresa.
Em suma, embora o caminho seja longo e complexo. Ao promover políticas de transparência, prestação de contas e desenvolvimento social e ambiental, as organizações ganham credibilidade e confiança interna e externa, tornam-se mais competitivas no seu segmento e mais atraentes para obter novos investimentos, garantindo assim a sustentabilidade dos negócios e a longevidade da corporação. Dispor de programa bem estruturado de compliance pode ser considerado como um importante diferencial.

(*) É coordenador de auditoria interna, riscos e compliance na Termomecanica.